Beata Lindalva Justo de Oliveira
Mártir da Castidade e Testemunho da Caridade
“Felizes os puros de coração, porque verão
a Deus” (Mt 5,8)
A Bem-aventurada do Coração:
Quem vive em Deus e experimenta sua ternura
em cada acontecimento de sua vida, ao final, sente-se fisgado por uma clara e simples
transparência de sua misericórdia e fidelidade que faz a vida muito mais
humilde, entranhável, acolhedora e com uma pertença absoluta aos desígnios de Deus
em sua própria vida e na vida dos Pobres, a partir da gratuidade.
Lindalva Justo de Oliveira, uma jovem sociável,
prudente e generosa, nasceu em 20 de outubro de 1953 no sítio Malhada da Areia,
uma zona muito pobre do Estado de Rio Grande do Norte (Brasil). Era a sexta de treze
irmãos. Foi batizada em 07 de janeiro de 1954. Em sua família aprendeu as primeiras
noções da fé e as orações cristãs. Lindalva teve como primeiros orientadores
espirituais os seus padres, desde menina era muito piedosa, engraçada e alegre,
ao mesmo tempo que se mostrava muito sensível com os Pobres.
Percebe-se nestes traços, que é uma pessoa
BEM-AVENTURADA, feliz, porque abriu sua vida e seu coração aos fracos, aos mais
pequenos, vai desaparecendo nela todo afã de posse e egoísmo, é feliz porque vai
descobrindo a Deus em seu caminho e começa a descobrir o sentido de sua vida e de
seu caminhar.
“Que alegria poder seguir a Jesus! Que privilégio!
Que felicidade! É impossível resistir a tanto amor”
(Ir. Lindalva)
Vocação e seguimento a Jesus Cristo:
Depois do falecimento de seu pai, Lindalva,
que sempre desejou se consagrar a Deus, ingressou em um grupo de jovens
vocacionados de sua paróquia. Deus começa a se manifestar em sua vida, começa a
falar-lhe ao coração e ela se deixa guiar por essa voz. Em 1986, começa a frequentar
o movimento vocacional das Filhas da Caridade, participando regularmente em encontros
formativos e amadurecendo sua ideia de servir aos Pobres.
Com um imenso desejo de perfeição
espiritual recebeu o Sacramento do Crisma em 1987. Nesse mesmo ano pediu para ser
admitida na Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, querendo
dedicar sua vida ao serviço de Cristo na pessoa dos Pobres. Seu pedido foi aceito
e é assim como inicia a etapa do Postulantado em Olinda – PE (Brasil). A partir
desse momento o Senhor será seu único Senhor, o que enche seu coração, o único para
quem volta todo o seu olhar.
Humilde, obediente e muito serviçal para
com todos, tem que vencer o apego a sua família, e com o acompanhamento recebido,
pouco a pouco dirá: “amo mais a Cristo que a minha família!” Nesta etapa de postulantado
vai se deixando modelar por Deus, procura que sua vida esteja preenchida
somente por Deus, distanciando-se do egoísmo e orgulho e fazendo de sua vida
uma doação completa aos mais Pobres.
Em sua formação no Seminário, distinguia-se
por seu sorriso, sua humildade e seu amor
aos mais Pobres. Era fiel à oração, obediente e tinha grande espírito
de sacrifício, bem como, empenhava-se no crescimento de sua perfeição. Neste
tempo de formação se enche do espírito da Companhia, das virtudes próprias da vocação
e sobretudo, deixa-se seduzir pelo Senhor. É Ele quem toma sua vida por dentro
e a vai preparando para a maior entrega, que não é outra, senão que dar a vida
por amor. É um impulso do Espírito que ela generosamente aceita como dom de Deus.
Sente-se impulsionada a viver cada dia na vontade de Deus, acolhendo seus desígnios,
fiel à Divina Vontade e entregando-se generosamente.
Missão e Martírio:
Em janeiro de 1993, chegou ao asilo um homem
de 46 anos, Augusto da Silva Peixoto. Ainda que não tivesse direito ao asilo
por sua idade, tinha conseguido uma recomendação para ser acolhido ali. Ir. Lindalva
o tratava com a mesma cortesia que aos demais hóspedes, mas este homem, de caráter
difícil, enamorou-se da jovem irmã. Assim começou para ela um período de provas
muito pesadas. Compreendendo as intenções de Augusto, ela tentou fazer-lhe entender
que ela estava totalmente consagrada a Deus. Ainda que tivesse medo desse homem,
não quis distanciar-se do asilo para não abandonar seu serviço aos idosos. "Prefiro
derramar meu sangre, que ir embora", confessou ela a uma de suas irmãs.
Diante do comportamento de Augusto, avisou
ao Diretor do Serviço Social do Asilo; este chamou a atenção do homem, o qual
prometeu se corrigir. Mas nos dias anteriores à Semana Santa aumentou nele a raiva
e o ódio, assim como o desejo de vingança, chegando a elaborar um plano fatal.
Na Segunda-feira Santa, 05 de abril, Augusto
comprou uma faca de pescador numa feira. Na noite de Quinta-feira Santa esteve caminhando
todo o tempo entre o dormitório e o banheiro, e a seus companheiros que lhe
interpelavam, respondia que estava com insônia.
Na Sexta-feira Santa, 09 de abril, às 4h30
da manhã, Ir. Lindalva participou da Via-Sacra da Paróquia. Ao retornar ao Asilo,
foi como de costume ao pavilhão São Francisco para servir o café da manhã aos idosos.
Ela ficou, como sempre, detrás da mesa onde as refeições eram servidas aos hóspedes.
Atrás da mesa havia uma portinha, com uma escada externa que dava para o jardim.
Augusto esperou a que Ir. Lindalva servisse
o café da manhã; chegou pela escada externa, abriu a porta e esfaqueou-a por
detrás, encima da clavícula. A faca, atravessou a veia jugular, penetrando profundamente
no pulmão. O homem, tomado por um êxtase incontrolável, continuou ferindo-a em vários
pontos do corpo, enquanto os hóspedes, depois de um primeiro momento de surpresa,
tentavam intervir. Augusto, segurando com firmeza a faca, detrás da mesa, ameaçava
matar a quem se aproximasse. Diante dos tribunais, o assassino declarou que tinha
matado a Irmã, precisamente, porque o havia rejeitado.
No dia seguinte, o Sábado Santo, pela manhã
o arcebispo cardeal Lucas Moreira Neves, ao celebrar a cerimônia fúnebre, destacou
a coincidência da morte violenta da mártir Ir. Lindalva, que deu sua vida pelo serviço
aos pobres, a Paixão e Morte de Cristo.
Ján Havlík
Mártir por fidelidade a sua vocação
“Felizes
vocês, se forem insultados e perseguidos...” (Mt 5,11)
No
período da perseguição comunista na Europa Leste que durou quase 45 anos (1945
– 1990) destaca-se entre muitos exemplos de pessoas valentes um homem chamado Ján Havlík, mártir vicentino do século
XX. Homem de palavra que levou uma vida de santo, com uma profunda piedade
mariana, perseverante em sua vocação missionária e amante da oração.
Ján
Havlík, seminarista da Congregação da Missão, nasceu em Dubovce, Eslováquia, em
12 de fevereiro de 1928. Influenciado
por sua tia que era Filha da Caridade, entrou na Congregação da Missão em Banska
Bystrica em 1943 e ali terminou a escola secundária em 1949. Quando os comunistas,
em conjunto com a polícia secreta, invadiram a casa dos Padres Vicentinos, na noite
de 03 para 04 de maio de 1950, parecia que todo estava perdido. Janko, junto a
outros seminaristas, não se rendeu, e com a ajuda dos sacerdotes vicentinos
continuou sua formação em um seminário clandestino até 29 de outubro de 1951, quando
foi preso junto com outros seminaristas da Congregação da Missão na cidade de
Nitra. Durante os seguintes 16 meses, foi torturado pela Polícia Federal. Num processo
fingido, foi acusado de ser espião do Vaticano para preparar um Golpe de Estado.
Durante este processo declarou toda sua motivação: “Minha meta principal foi o desejo
de ser sacerdote. Segui minha consciência e não tenho nada mais que acrescentar”.
Foi
condenado a catorze anos de prisão. Na cadeia foi interrogado, torturado e deixado
sem comida e sem abrigo, e mesmo com esse profundo sofrimento sempre se comportou
valentemente. Confessou a um de seus amigos: “Sinto-me como se estivesse nas missões,
porque é o lugar mais apropriado e mais exigente, nenhum missionário tem um lugar
como este.” Além disso,
prolongaram sua condenação, sem julgamento, por mais um ano... por haver
tentado contagiar aos demais condenados com suas crenças... Foi levado
ao campo de trabalhos forçados de Rovno Jáchymov, onde trabalhou em minas de urânio.
Este trabalho deteriorou muito sua saúde. Cumpriu o último período como preso
na cadeia de Valdice. Em outubro de 1962, foi finalmente liberado, depois de onze
anos na prisão, mas com uma saúde frágil devido ao sofrimento físico e ao estresse
psíquico vividos. Durante este tempo da liberação condicional esteve sobre
vigilância, porque como dizem os prontuários da polícia secreta sobre ele: “continua
sendo um feroz inimigo do regime socialista, vive em suas convicções..., e parece
que os resultados da condenação não correspondem as expetativas...” sua saúde se deteriorava com rapidez neste
tempo. Ainda conseguiu celebrar o natal do ano 1965 com sua família, mas quando
se dirigia a uma cidade próxima, para resolver alguns assuntos, em 27 de dezembro
de 1965, morreu ali, sem testemunhas, em uma rua, apoiando-se em uma lata de lixo.
Mártir
em fidelidade a sua vocação, foi fiel, ainda que diante dos olhos do mundo não conseguiu
chegar a sua meta de ser sacerdote missionário. No entanto, deixou-nos um exemplo
extraordinário de fidelidade, sendo um jovem sem se desviar, um seminarista
vicentino que apesar das circunstâncias, não deixou
de evangelizar “proclame a Palavra, insista no tempo
oportuno e inoportuno...” (2Tim 4,2). Como descreveram os que conviveram
com ele: ele foi a luz nas profudezas
das minas de urânio de Jachymov.
Em
09 de junho de 2013 começou a investigação diocesana sobre seu martírio. Depois
de quatro anos e oito meses deu-se a conhecer a investigação sobre o martírio
de Ján Havlík e o Tribunal Diocesano deu por terminada tal fase diocesana em 24
de fevereiro de 2018, na paróquia de São Vicente de Paulo em Bratislava. Todos
os documentos que contém os testemunhos sobre sua vida, informes históricos e avaliações
médicas foram enviados à Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano. Esperemos
que logo tenhamos um novo beato.
A
Congregação da Missão vive com alegria esta grade notícia, já que o seminarista
Ján se transforma em um exemplo
vocacional e testemunho para muitos jovens que desejam viver sua vocação missionária
no serviço aos pobres, seguindo os passos de São Vicente de Paulo.
Maria
Vitória Cikes
Testemunho
de fé, alegria e serviço
(1975-2002)
“Felizes os pobres em
espírito, porque deles é o Reino do Céu.” (Mt5,3)
Maria Vitória foi uma jovem de
nosso tempo, como você e como eu, que decide seguir a Jesus Cristo e encontra esse
caminho na Família Vicentina.
Chega a JMV na semana santa de
1997, convidada por um dos padres vicentinos que na época, era o assessor do grupo
de adultos. O Padre Wilfredo Aguilera a convidou a conhecer o bairro onde estava
trabalhando com as crianças da catequese. Entusiasma-se nesta tarefa e começa a
assisti-los mais assiduamente, bem como a participar das reuniões de formação. Como
em todos nossos países, preparam-se encontros, na Argentina organiza-se o Encontro
Provincial em Luján, onde ela participa dos preparativos; também o faz com a Assembleia
Provincial e com o festejo dos 150 anos da Associação.
Em 1998 participa da Missão
Provincial em Laureles, Paraguai. Esta tarefa muda completamente sua vida e sua
visão de mundo. Participa do Encontro Regional de Paraguai e da jornada de
Espiritualidade Vicentina em Luján, bem como do III Encontro Latino Americano da
JMV em Colômbia. Ao se formar o Conselho Latino Americano da JMV, é-lhe
proposto que ela fizesse parte do mesmo representando a região do Cone Sul. Em novembro,
participa da Assembleia Provincial em Florida (Uruguai), onde assume a pasta da
comunicação e passa a se ocupar da edição da revista Provincial: Medalha
Milagrosa.
Em janeiro de 1999, pela
última vez, participa da Missão Provincial em Paraguai. Participa também da primeira
Escola de Catequese na Argentina. Em agosto, reúne-se com o Conselho Latino
Americano, em Venezuela, e participa do VII Encontro Nacional desse país. Realiza-se
uma votação e Vitória é eleita Coordenadora do Conselho.
Em fevereiro de 2000, depois
de ter participado da II Escola de Catequese, recebe diagnóstico de sua doença.
Estas foram suas palavras: “Tal vez tivesse sido melhor delegar minhas
tarefas a outra pessoa, mas diante de Deus acreditei que não devia fazê-lo e que
podia seguir acompanhando-os... Graças a Deus e às orações de muitos de vocês
pude fazê-lo, e me recordaram que não estou só, que a comunhão dos Santos é real
e poderosíssima e que o amor de Deus se manifestou no amor deles, e isso é o mais
bonito que experimentei...”
Ainda em meio a sua dor,
preocupava-se por seus companheiros de grupo, pelos jovens do bairro, a quem animava
através de sua família.
Depois de uns meses de tratamento
regressava a sua casa e continuava suas tarefas. Preparou junto a sua comunidade
de JMV, o Rosário da Aurora desse ano, e cansada, mas feliz, chegava ao
destino, caminhando pelas ruas da cidade, rezando com toda as pessoas. Ajudou a
organizar a Missão Provincial do 2001 em Paraguai e junto a sua mãe despediu-se
dos jovens na porta da Basílica.
Esse mesmo ano, depois de
alguns tratamentos, anunciam que deveria esperar por um transplante de medula. Como
sua enfermidade estava estável, ela decide participar do IV EMLA em Venezuela,
nada a deixa mais feliz. E, a partir dali, ainda continuou animando os jovens com
estas palavras. “O importante agora é compreender que em nossas mãos temos a possibilidade
de demonstrar a Maria que mesmo depois de 171 anos continuamos respondendo ao pedido
que ela fez à Catarina. Decidamos então que atitude tomar. Deixarei passar outra
vez o trenzinho do compromisso verdadeiro ou me subirei de uma vez e aceitarei
o desafio de protagonizar esta grande aventura que Jesus e Maria me convidam a
partir da JMV?”.
Quando regressa recebe a grande
notícia de que tinha aparecido um doador compatível para ela. Todo se encaminha
para o grande momento e é operada. Foi no mês de outubro de 2001. Todo sai melhor
do que esperado, e colabora uma vez mais na preparação da Missão que esta vez
seria na Argentina. Saiu com sua comunidade a realizar os últimos ajustes para
a missão e uma vez mais os animou para que dessem tudo de si mesmos naquela tarefa
que Deus lhes tinha encomendado. É memorável sua cara de felicidade pelo que
estavam por viver, seu entusiasmo por cada detalhe da missão marcou a sua comunidade.
Sua enfermidade não atrapalhou sua entrega e sua serviço na missão.
Lamentavelmente depois de tudo
ter saído tão bem, houve complicações. As últimas palavras que disse por telefone,
já que não nos permitiam vê-la, foram para dar alento e para dizer que ela
rezaria por nós da Associação.
E foi em um 07 de maio, pela manhã,
quando se despediu desta vida. Pessoas que a conheciam de muito tempo, companheiros
da escola, da universidade, e até gente que só havia escutado falar dela, vieram
para dizer-lhe um “até logo”.
No dia seguinte rezou-se a Missa
na Basílica, estava cheia de gente já que coincidia com o dia 08 de maio - Dia
de Nossa Senhora de Luján. Ninguém podia acreditar
no que estava acontecendo, as pessoas que se encontravam ali perguntavam de quem
se tratava, quem era a jovem por quem todos choravam. Só pude responder que não
existiam palavras naquele momento, além de um canto a Maria que uma de sus
amigas tocava no violão enquanto nos dirigíamos ao cemitério.
O Sacerdote ao descobri-la falou
sobre ela como: uma pessoa simples que tinha pensado ir a África, dedicar sua vida
ao serviço de Deus na missão. E uma frase de São Vicente: “a caridade é como um
espelho, só produz caridade.” E nada melhor para descrever seu trabalho, sua vida.
Hoje vem a nossa mente com as palavras que estavam escritas em seu santinho no dia
do velório: Recordem-me feliz como foi minha
vida. Vitória foi e continua sendo um exemplo de fortaleza e alegria, mas
sobretudo seu amor a Deus continua sendo um exemplo para todos.
Nícolas Van Kleef, CM
“Quero ser sempre uma boa
notícia”
“Felizes
os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5,9)
Sua vida
Nícolas Johannes Van Kleef nasceu
em Holanda, em 18 de abril de 1937.
Uma curiosidade pelos estudos
e um imenso desejo de servir marcaram sua juventude. Tinha um tio sacerdote que
era missionário em Guatemala, escrevia a seu tio para conhecer mais sobre a missão
que desempenhava ali. Motivado por essa inquietação decide entrar ao seminário.
Foi ordenado sacerdote em 19 de março de 1963 na comunidade dos Padres Vicentinos.
Saiu de sua terra para trabalhar em terras Centro-Americanas.
Sua pessoalidade e sua juventude
chamavam a atenção, em uma de suas primeiras colocações em janeiro de 1965, a visita
do Pe. Nico despertou alegria na comunidade, especialmente nas crianças e nos
jovens, pois por primeira vez um padre visitava a comunidade e ficava ali por
oito dias.
Com pouco tempo de chegada
à província de Veraguas sofre um acidente que o deixa prostrado em uma cadeira
de rodas. Pela gravidade das feridas é transladado à Holanda, onde permaneceu muito
tempo em um hospital, recebendo atenção médica especializada, que lhe ajudou a
recuperar os movimentos dos braços e com sua inteligência pode seguir adiante,
a ponto que dirigia seu próprio carro, o qual foi adaptado para ser manejado, por
pessoa com deficiência física.
O fato de estar em cadeira
de rodas não era um problema para o Pe. Nico, que fazia tudo que estivesse
a seu alcance, celebrava todas suas missas, pregava a Palavra de Deus, aconselhava
as pessoas que assim o pedisse, não era um homem que ficava “deitado” esperando
que os outros o servissem, tudo o que ele podia fazer, ele o fazia já que não gostava
que ninguém fizesse as coisas por ele.
Este tulipa holandês que
viveu por 24 anos em Panamá, aprendeu a cultura local e partilhou com os panamenhos
momentos bons e ruins, partindo sempre do levar a palavra de Deus a seus semelhantes.
Assim mesmo, dava conselhos aos jovens e nunca era visto de mal humor apesar de
estar em uma cadeira de roda. Pe. Nico, além do mais, foi um defensor e promotor
da dignidade da mulher.
Sua morte
Em 07 de maio de 1989, aconteceram
eleições presidenciais e legislativas no Panamá. Todo o país estava tenso e ansioso.
O Governo Militar estava sendo liderado pelo General Manuel Antônio Noriega, que
como um monstro ferido, lançava mordidas e garras até em sua própria sombra.
Eram previsíveis uma contundente derrota eleitoral e uma eventual fraude.
Esse domingo, como de
costume, o padre Nícolas Vam Kleef percorria as ruas do povoado de Santa Marta
anunciando “em 15 minutos será a missa”. O convite à missa era tarefa quase rotineira
do sacerdote e seus ajudantes paroquiais. E vale lembrar que um dia antes do ocorrido,
outro padre tinha ido ao quartel onde obteve a autorização para chamar as
pessoas ao templo.
Pe. Nico foi detido por
um membro das forças de defensa, esse subiu no carro e se sentou detrás do padre,
indicando-lhe que se dirigisse rumo ao posto da polícia local. O soldado discordava
com o sacerdote sobre a rota que tomava para chegar ao quartel, carregou seu fuzil,
tirou o dispositivo de segurança e o apontou ao padre. Há poucos metros do quartel
disparou no lado direito da cara de seu alvo. Pe. Nico morreu no dia seguinte
no hospital, depois de horas de agonia.
Sua ressurreição
Pe. Nico tinha uma especial
atenção pelos jovens e crianças. Todo ano os jovens, paroquiano e os sacerdotes
realizam uma caminhada saindo da Igreja da Imaculada Conceição em Bugaba até a comunidade
de Santa Marta aproximadamente a 9,9km, onde jazem os restos mortais do Padre;
que, com sua genuína forma de ser, cativou o coração de muitas pessoas, que viam
nele um homem que honrava sua frase preferida “quero ser boa não uma má notícia”.
Sem dúvida alguma que Pe.
Nico ainda continua presente no coração de cada um dos jovens de nossas paróquias
e comunidades, que são chamados a construir a civilização do amor.
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