quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Chamada Missionária CM 2017


SUPERIOR GERAL

Roma, 22 de outubro de 2017
Dia Mundial de Missões

Chamada Missionária 2017
400º Aniversário do Carisma Vicentino
Uma chamada a renovar ao zelo, a paixão e o fogo pelas Missões “Ad Gentes”


A todos os membros da Congregação da Missão

Queridos irmãos,

Que a graça e a paz esteja sempre conosco!


Meu coração transborda de alegria, entusiasmo e esperança ao escrever esta carta de Chamada à Missão a todos os missionários do mundo no 400º Aniversário do Carisma Vicentino. A Providência nos trouxe até este ponto da história. A Providência nos guiará rumo ao futuro.

Permitam-me expressar-lhes em primeiro lugar meu cordial agradecimento pelo enorme testemunho de amor dos membros da Congregação da Missão que se afinam às missões Ad Gentes. Este amor, compromisso e dedicação se manifestam de diferentes maneiras:
  • Indo pessoalmente às missões Ad Gentes;
  • Comprometendo-se profundamente com a oração para acompanhar os missionários que trabalham nas missões;
  • Mediante a abertura das províncias, vice-províncias e regiões que permitem aos missionários servir nas missões Ad Gentes;
  • Com a determinação de apoiar financeiramente a fundação de novas missões no mundo, assim como ajudar a desenvolver e acompanhar as Missões Internacionais já existentes em seu processo de chegar a ser autossuficientes.

“Se uma pessoa sonha só, o sonho permanece um sonho. Se sonhamos juntos, o sonho tornar-se-á realidade”! Meus queridos missionários, neste ano de 2017, ano do 400º Aniversário do Carisma Vicentino, gostaria de lançar uma chamada missionária concreta a todos os missionários do mundo como um sinal palpável e fruto deste “ano de graça” para toda a Congregação da Missão, para toda a Família Vicentina.

Minha chamada concreta, chamamento e convite é, como um sinal de profunda ação de graças por todas as graças recebidas nos 400 anos de história de nosso carisma, enviar a um 1% dos membros da Congregação da Missão às missões Ad Gentes. Um por cento do total do número de missionários na Congregação da Missão hoje implica em torno de 30 missionários. Para responder a esta chamada, chamamento, convite, necessitamos uma resposta positiva de 30 missionários que tenham o desejo de ir a alguma da Missões Internacionais já existentes ou a uma nova Missão Internacional.

Constantemente recebemos convites de bispos de diferentes países missionários de todo o mundo, manifestando urgentes necessidades nos distintos campos de serviço que abraça o nosso carisma: serviço direto aos pobres, formação, etc. Dependendo do número de respostas, seremos capazes de aceitar alguns pedidos e responder às tremendas necessidades de tantos recantos do mundo. Recebendo 30 respostas positivas neste 400º Aniversário, seremos capazes de:
Reforçar as Missões Internacionais existentes e
Abrir novas Missões Internacionais.

Ainda que as respostas possam vir neste ano, a realização atual de ir a uma das missões Ad Gentes se materializará em um, dois, ou talvez em três anos. Isto permitirá ao missionário dispor de tempo suficiente para se preparar para sua nova missão e ceder seu atual destino ao missionário que vai lhe substituir. Também dará tempo ao líder provincial, vice-províncial ou regional, para planejar e ajustar as mudanças que necessitem ser feitas.

Depois de um período de sério discernimento, caso se sinta motivado a se apresentar como voluntário para as missões Ad Gentes, envie, por favor, sua carta ou correio eletrônico à Roma até o dia 30 de novembro, do corrente, ou até o dia 20 de fevereiro de 2018, para que possamos revisar os pedidos em nossos encontros de Tempo Forte de dezembro de 2017 ou de março de 2018.
Os missionários que se ofereçam como voluntários devem informar a seu Visitador que atuaram assim. Mais tarde, o Superior Geral dialogará com o Visitador sobre o assunto.
Sua carta deve conter referências sobre sua pessoa, sua experiência ministerial, seus idiomas e sua formação. Também deve expressar qualquer interesse particular que tenha, bem como a missão na qual gostaria de participar.
Inclusive, mesmo que tenha escrito no passado, por favor, contate-nos novamente.

Pensando em nossas atuais Missões Internacionais, assim como nas futuras novas Missões Internacionais, gostaríamos de perguntar aos missionários sobre sua disponibilidade:
Imediatamente em 2018;
  • Em 2018, mais tarde durante o ano (por favor, especifique o mês); ou
  • Em 2019 (por favor, especifique o mês).

A Providência nos trouxe até este ponto da história. A Providência nos guiará rumo ao futuro.

Apresentação de nossas atuais Missões Internacionais

 Neste ponto, gostaria de apresentar nossas atuais Missões Internacionais, duas das quais, pela tamanha generosidade de províncias concretas, agora estão sobre seu acompanhamento direto. Estas duas são as Missões Internacionais de Benim e Ilhas Salomão. A Província da Polônia acompanhará Benim. A Província de Oceania e Indonésia acompanharão a Ilhas Salomão. As outras Missões Internacionais são: Alasca-EEUU, Alto-Bolívia. Cochabamba-Bolívia, Beni-Bolívia, Punta Arenas-Chile, Tefé-Brasil, Angola, Chad, Tunísia e Papua-Nova Guiné.

Angola
A Missão Internacional de Angola em Lombe faz parte da Arquidiocese de Malanje, que só tem dez sacerdotes diocesanos. De suas 24 paróquias e missões, só 10 tem um sacerdote. Nas outras, há uma comunidade religiosa, ou só algum leigo. A missão está em um lugar muito pobre (90% da população vive em zonas rurais). O analfabetismo chega a quase 90% da população adulta. Há pouca participação dos homens e dos jovens na vida das comunidades e baixa perseverança. Há uma alta porcentagem de gravidez entre as meninas jovens. Enfermidades como a malária, ceifa muitas vidas anualmente, especialmente entre as crianças.

Ali colaboramos de diferentes maneiras. Nosso principal interesse é incluir e formar os leigos e os religiosos que residem em nossa missão. Nosso ministério implica visitas às comunidades, formação dos leigos, trabalho pastoral com crianças, colaboração na Comissão Bíblica da Arquidiocese, direção espiritual do Seminário Arquidiocesano, retiros aos religiosos, aulas aos aspirantes das diferentes congregações de mulheres, aulas para as Irmãs Missionárias de São João Batista, acompanhamento dos ramos da Família Vicentina (especialmente às Filhas da Caridade, SSVP, MISEVI, AMM e JMV).

O superior atual regressa a sua província em janeiro e o outro missionário permanecerá só. Logo, há uma necessidade urgente de um ou dois missionários. Há vocações, mas é preciso trabalhar nas vocações vicentinas, assim que o terceiro missionário poderia acompanhar as vocações e apoiar outras obras.

Benim
A Missão Internacional se estabeleceu em 2012 como missão unida ao Conselho Geral e à Província da Polônia. Começou em uma zona rural muito remota de Benim, quase no centro do país. Até pouco tempo, haviam três missionários, mas agora, há apenas dois, de forma que estão esperando, urgentemente, ao menos mais um missionário. Seu ministério principal é o trabalho pastoral, formação do clero e assistência de todas os ramos da Família Vicentina.

Além do grande crescimento do trabalho pastoral desta missão, os missionários foram capazes de estabelecer um bom número de Comunidades Cristãs de Base. A maioria dessas incluem estruturas educativas, escolas e dispensários. Alguns dos ramos da Família Vicentina estão crescendo em Benim e há também algumas congregações religiosas que compartilham nossa herança espiritual e fazem parte de nossa Família. Os missionários fazem tudo o que podem para fortalecer os ramos de nossa Família já existentes, bem como para fundar aqueles que ainda não estão presentes. Há necessidade de mais missionários. A Missão de Benim ficará sobre a responsabilidade da Província polonesa, a partir de 2018.

Chad
Chad é um dos países mais pobres da África e do mundo. Nossa missão começou ali em 2011, com uma aventura conjunta entre a Cúria e COVIAM. Começou em uma zona remota do Chad, na igreja paroquial de Babalem, onde as celebrações eram realizadas debaixo de uma enorme árvore. Graças aos esforços realizados pelos missionários, foi construída uma igreja grande. Em Bebalem, as Filhas da Caridade trabalham fielmente com nossos missionários pelo bem dos pobres. No ano passado, a missão do Chad começou a se expandir e a crescer com uma nova presencia missionária em Moundou.

Estamos assistindo a pessoas extremadamente pobres em Babalem, é uma paróquia grande, com aproximadamente 38 capelas. Em Moundou, somos responsáveis pela formação dos jovens do seminário menor.

Há uma grande necessidade de mais missionários para o Chad. Recentemente, outras duas dioceses, N´Djaména e Doba, pediram nossa presença, principalmente para a formação de seu clero.

Tunísia
A missão Internacional de Tunísia começou oficialmente em setembro de 2012. A missão começou em “La Goullette,” muito próximo de Túnis. Esta missão conheceu muitos missionários. Alguns não duraram muito, porque a missão é completamente diferente. Tunísia é um país mulçumano. Os cristãos são muito poucos e vivem sua fé as escondidas.

Tanto em La Goullette como em Sousse têm paróquias confiadas a nós, mas nossos fiéis são maioritariamente estrangeiros, mais de 98% são estudantes vindos do resto da África, trabalhadores de diferentes agências, ou turistas. Há outros ministérios como o serviço direto aos pobres através da Cáritas ou capelania aos prisioneiros católicos, sempre estrangeiros. Dessa forma, os ministérios da missão de Tunísia são paróquias, capelania de prisões, coordenação de Cáritas Diocesana, capelanias a várias congregações religiosas femininas.

A Missão de Tunísia é uma Missão Internacional em dois lugares: La Goullette e Sousse, com dois missionários em cada lugar. Há uma casa canônica com um só superior.

Bolívia
A Missão do Alto: Italaque e Moco-moco.
Em 2018, celebraremos 25 anos de trabalho entre os povos indígenas Aimaras e algumas comunidades Quéchua. A missão está situada em um terreno montanhoso árido e frio, compreende 56 comunidades em Moco-moco, e 31 em Italaque. Todas elas estão dispersas e têm difícil acesso. Em muitas destas comunidades, os jovens deixam as comunidades, permanecendo apenas os idosos. Vale salientar que a população de Moco-moco e algumas de suas comunidades estão experimentando uma recuperação graças ao comércio que vem para eles.

Construir comunidades de fé tem sido sempre o principal desafio pastoral identificados nas visitas às comunidades, bem como, o trabalho com os catequistas. É imperativo celebrar a Eucaristia e formar às pessoas para os sacramentos. O trabalho pastoral está muito diversificado: círculos bíblicos, cursos pré-sacramentais, formação de catequistas, trabalho pastoral com famílias, preparação para as festas, formação das crianças e dos jovens em grupos. Há também programas que proporcionam a educação, a nutrição, a saúde e os serviços sociais.

O que ocorrerá no futuro? Dois missionários estiveram trabalhando ali durante quase dez anos. Ninguém mais se apresentou para esta missão, talvez por medo da altura e das condições geográficas. A missão ali requer boa saúde e preparo físico, mas, sobretudo, um forte espírito missionário, cujo testemunho moral e espiritual lhes comprometa a continuar todo o já empreendido. A diocese não tem sacerdotes suficientes para assumir esta região.

A Missão de Cochabamba
Em 2009, a diocese nos confiou uma paróquia na periferia da cidade de Cochabamba. Os atuais superior e pároco estiveram ali, desde a fundação. Quase todos os missionários que estiveram servido nesta missão eram da Província de Chile, porque a missão tinha sido confiada àquela Província. A comunidade necessita de ao menos mais um missionário.

A paróquia estava em uma situação lamentável. Um trabalho constante e dedicado transformou o rosto desta missão. Tem duas áreas distintas. Uma é a zona rural alta com populações na mesma situação que as de Moco-moco e Missões Italaque. Os sacerdotes visitam e evangelizam a 22 comunidades. Em muitas destas, uma pequena comunidade cristã está começando a se estabelecer. O trabalho é árduo. A população de 5000 a 6000 pessoas é do grupo étnico Quéchua. Muitos já entendem o espanhol, mas ainda é necessário conhecer e falar o Quéchua para alimentar a fé das pessoas. A outra é uma “cidade marginal,” ou seja, assentamentos de colônias de trabalhadores, que chegam à região porque a empresa para que trabalhavam ou o governo lhes deram terra e casa. Há sete capelas e se necessitam mais para atender a 8000 ou 8500 habitantes que falam Quéchua e Castelhano.

Estão sendo promovidas algumas associações existentes e alguns ramos da Família Vicentina. É um ministério pastoral típico em uma paróquia missionária. Os sacerdotes pensam que podem devolvê-la ao bispo - para alguns sacerdotes diocesanos, mas o bispo pensa que se perderia o que já se conseguiu, e que se corre o perigo de que a paróquia se transforme em um mercado sacramental. As pessoas são muito pobres e com uma necessidade grande de formação religiosa, mas se desconhece onde irá parar o intenso crescimento da população. Essa missão poderia ser utilizada como centro vocacional e de acolhida dos sacerdotes das outras duas missões em Bolívia.

A Missão de Beni
As Filhas da Caridade permanecem nesta missão há 68 anos. A Província do Peru enviou um missionário para estudar suas possibilidades e condições. Agora tem dois missionários vicentinos, que esperam mais um ou dois missionários vicentinos, para que esta comunidade seja estabelecida completamente. O bispo pediu aos sacerdotes que se encarregassem de “Kateri,” parte de um projeto mais amplo, EPARU (Equipe Pastoral Rural), dirigido durante uns 30 anos pelas Filhas da Caridade. Hoje está dirigido por um “Conselho de Professores” treinados para formar líderes cristãos que sirvam às comunidades indígenas ao longo da diocese.

Kateri é uma “escola de meia pensão” para crianças da escola secundária. É um centro educativo no coração da selva. O clima é quente e úmido, tipicamente tropical. A missão visita as comunidades que vivem as margens dos rios, já que todos são navegáveis. A viagem desde a sede episcopal à Kateri dura três dias no barco adquirido pelas Filhas da Caridade para o trabalho pastoral. A lancha motorizada pode encurtar a viagem a oito ou nove horas. A maior parte dos grupos indígenas são seminômades. Esta é uma missão difícil, mesmo que todas as comunidades falem ou entendam o espanhol. Os missionários colaboram também com a diocese e na formação e ministério pastoral de EPARU em boa harmonia com a Equipe Leiga e as Filhas da Caridade.

Esta missão está começando e se espera muito dela. Os dois bispos da região e alguns dos sacerdotes expressam sua esperança de que os missionários animem não só aos nativos, mas também os próprios sacerdotes locais, com sua espiritualidade e força missionária tão necessária para ajudar no crescimento inicial da Diocese de Beni.

Brasil
A Prelazia de Tefé está situada no coração da selva chuvosa da região amazônica, com 264.669 quilômetros quadrados e 197.000 habitantes. A sede da Prelazia está a 36 horas, de barco, da capital do Estado. É uma imensa região com muitos desafios de locomoção e comunicação.

Somos responsáveis por uma paróquia na periferia de Tefé que tem três comunidades. Uma delas já é o resultado de nossa presença. É uma região de invasão urbana com aproximadamente 930 famílias. Esta nova comunidade se chama São Vicente de Paulo para marcar o 400º aniversário de seu carisma. Em breve, o bispo confiará aos nossos cuidados uma nova região de missão com 30 comunidades ribeirinhas e três povoados indígenas. A sede da missão não tem uma presença sacerdotal. Uma comunidade de Irmãs vive ali há nove anos, mas vão embora em janeiro de 2018. Na missão há muitas igrejas evangélicas, mas as pessoas vivem quase que abandonadas eclesiasticamente.

Sonhamos e desejamos: treinar lideranças, implantar novos ramos da Família Vicentina (JMV, SSVP, AIC), fazer desenvolver novas comunidades eclesiais, promover grupos vocacionais emergentes, pastorear povos indígenas e priorizar a juventude.

Chile
Punta Arenas se estabeleceu como uma Missão Internacional em 2013, confiada aos cuidados da Província do Chile. Está constituída de dois centros: a paróquia de São Miguel, que tem três missionários e está esperando um quarto; e a distante “Ilha Porvenir” com duas paróquias que são grandes em extensão, mas pequenas em população. O que mais dificulta a missão são as condições do tempo. O frio e o vento significam que nos “meses difíceis” é quase impossível a ação pastoral normal, deixando apenas três ou quatro meses disponíveis. O trabalho pastoral é lento, de pessoa a pessoa, reduzido a colaborar em distintos campos com a diocese: cuidado dos enfermos, ministério vocacional, associações e movimentos na paróquia e ajuda aos párocos idosos.

O trabalho na Ilha é árduo, não só por sua precariedade, mas também pela necessidade de viajar a lugares bastante remotos (alguns ficam a 400 quilómetros de distância). Alguns escândalos na igreja local criaram uma forte desconfiança nos sacerdotes. Por isso, se requer muito cuidado, especialmente, no trato com crianças e jovens. A missão é jovem e difícil. Ela necessita se fortalecer e se consolidar.

Estados Unidos
A missão no Alasca atende a hispano-falantes na Diocese de Anchorage e, se os recursos permitirem, chegará até aos que falam espanhol na Diocese de Fairbanks e Juneau. A missão está radicada na paróquia da Com-Catedral em Anchorage, onde os missionários são párocos e vigários, servindo a ambas as populações: espanhola e inglesa. A missão necessita homens bilíngues (espanhol e inglês) que tenham permissão de dirigir, saúde robusta, bom perfil pessoal e profissional, e que estejam dispostos a sofrer a um clima severo para servir aos pobres.

A com-Catedral é a igreja lar da comunidade hispana mais numerosa em Alasca. Fora de Anchorage, um missionário viaja todo mês à Ilha de Kodiak, para atender às necessidades espirituais dos fiéis hispanos. Na Diocese de Fairbanks, a missão proporciona um sacerdote por 12 dias consecutivos. Este sacerdote trabalha em colaboração com o pároco da catedral para tentar suprir as necessidades da comunidade hispana. A nomeação do Pe. Bellisario a bispo de Juneau nos reduziu a dois missionários, o que faz mais difícil chegar a todo, o alcance ministerial que iniciamos. A missão em Fairbanks está a 643 km de distância da comunidade e no inverno apenas é acessível de avião. A Ilha de Kodiak tem acesso exclusivo por avião e as vezes o tempo desmonta os planos de viagem.

A medida que venham mais missionários de língua espanhola e inglesa para a missão, o alcance se estenderá às comunidades hispanas em lugares como Dutch Harbor e Juneau, ambos os lugares são acessíveis apenas em aeroplano.

Papua-Nova Guiné
A Missão Internacional em Papua-Nova Guiné começou em 2001. A população de PNG é em torno de oito milhões. Considerada uma nação cristã, os católicos somam aproximadamente dois milhões. A Igreja em PNG é eminentemente jovem, enfrentando muitos desafios. Necessita a ajuda dos missionários para crescer e se desenvolver.

Os Vicentinos estão comprometidos em dois ministérios importantes: a formação espiritual dos seminaristas diocesanos no Seminário Espírito Santo, ao que contribuímos substancialmente desde 2001, e o cuidado pastoral dos fiéis na paróquia São Miguel desde 2006. Ambas estão localizadas em Bomana. Nós assumiremos também a responsabilidade de paróquias/missões em outras dioceses.

Os missionários que trabalham em PNG desejam ter mais membros. Há muitas possibilidades para a evangelização e para se desenvolver socialmente. Qualquer um com pleno compromisso e vontade de enfrentar desafios é bem-vindo a unir-se a nossos esforços em PNG.

Ilhas Salomão
A missão de Ilhas Salomão começou em 1992. A população está em torno de 700.000. É um país predominantemente cristão, a população católica constitui, aproximadamente, 23% de sua totalidade. A Igreja das Ilhas Salomão é essencialmente jovem, e enfrenta muitos desafios. A ajuda de missionários se faz necessária para que o crescimento e o desenvolvimento seja constate.

Os Vicentinos ocupam dois ministérios importantes nas Ilhas Salomão: formação espiritual e intelectual dos seminaristas diocesanos no Seminário Santo Nome de Maria em Tenaru, Honiara, e cuidado pastoral dos fiéis na paróquia de “Praia Vermelha”. Durante muitos anos, os Vicentinos contribuíram substancialmente com a formação de bons sacerdotes para as três dioceses das Ilhas Salomão. Além de munir de pessoal e administrar o seminário que abastece de seminaristas as dioceses, começamos também um programa de formação para candidatos à Congregação. Já temos quatro sacerdotes ordenados como Vicentinos nas Ilhas Salomão pertencentes a Província da Oceania.

A missão está celebrando seus 25 anos da fundação neste 2017. O Conselho Geral decidiu pôr no local um novo conserto administrativo. Chegou-se a um acordo com as Províncias da Indonésia e Oceania, que entrará em vigor no final deste ano. A Província da Indonésia entrará com o pessoal para o Seminário Santo Nome de Maria e, associada à Província de Oceania, assumirá a paróquia Bom Pastor. No entanto, a missão permanece aberta a missionários de outras províncias que se ofereçam como voluntários para realizar, aqui, seus serviços.

Quando falamos das Missões Internacionais, conhecemos muito bem os grandes desafios que apresentam as missões Ad Gentes no âmbito das necessidades materiais. Ao longo dos anos, o Escritório de Solidariedade Vicentina (OSV – sigla em espanhol) recebeu colaborações de missionários particulares, casas da comunidade e províncias. Muitas províncias contribuíram com dinheiro para mini-projetos, assim como, com fundos para outros projetos, todos ligados ao Fundo de Solidariedade Vicentina. Há uma urgência para ajudar as novas missões que se esforçam em obter infraestruturas, ou seja, casas para a comunidade, casas de formação, veículos e equipamentos para levar adiante seus ministérios.

Permitam-me, a este respeito, compartilhar um projeto que vem se desenvolvendo durante os últimos 20 anos, e que recentemente, chegou a sua fase final: construir um teologado comum para a Congregação da Missão da África em Enugu, Nigéria. COVIAM, acompanhada pela Cúria Geral, decidiu construir o novo Seminário de Teologia até o mês de julho de 2019. A atual casa/seminário está “super-povoada”, ou seja, ficou pequena para alojar todos os estudantes que as províncias e as missões querem enviar ao programa. As províncias e as missões projetam construir outra residência junto à casa/seminário em Enugu. A nova residência terá quatro andares compreendendo 50 dormitórios, um amplo salão multiusos, três salas de estudos, quatro quartos da comunidade e uma lavanderia.

O custo de todo o edifício é de 630.000 dólares americanos. Até agora, temos 200.000 dólares, ou seja, necessitamos ainda de 430.000 dólares. Este projeto poderá se tornar realidade até julho de 2019 como fruto tangível do 400º Aniversário do Carisma Vicentino?

Com toda simplicidade, inclusive quando expresso minha profunda gratidão pela ajuda material e financeira que missionários individuais, casas da comunidade e províncias estão demostrando de forma muito concreta, gostaria de animar-lhes a aumentar suas colaborações anteriores. Inclusive, espero que aqueles que, no passado, não ajudaram, possam pensar em alguma colaboração. Por favor, façam-no agora para o novo Seminário de Teologia da Congregação da Missão em Enugu, Nigéria. A medida que forem chegando as doações, vamos lhes informando dos resultados. Se Deus quiser, o seminário chegará a ser uma realidade em julho de 2019.

Como contribuir com o Fundo de Solidariedade Vicentina

Colaborações de indivíduos e casas provinciais

Apenas em cheques, e esses cheques devem ser feitos à Congregação da Missão.
O banco não aceitará cheques com qualquer outro nome.

Os cheques devem ser enviados a:

Economato Geral
Congregazione della Missione
Via dei Capasso, 30
00164 Roma
Itália


As possibilidades para transferências bancárias podem ser dialogadas com o Ecônomo Geral

Indiquem com clareza que os fundos são para o Escritório de Solidariedade Vicentina (VSO)

Em qualquer caso:

Todos as doações recebidas, receberão, por sua vez, notificação de recebimento (se suas colaborações não receberam a notificação de recebimento em um período de tempo razoável, por favor, contate-nos para esclarecimentos).   
Por favor, informe-nos se fez, como se descreve acima, qualquer transferência em dinheiro.

Que Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, São Vicente de Paulo, e todo os demais Beatos e Santos da Família Vicentina intercedam por nós!

Seu irmão em São Vicente,

Tomaz Mavric, CM
Superior Geral




sábado, 21 de outubro de 2017

Simpósio da Família Vicentina com o Papa Francisco no 400º Aniversário do Carisma


Dos dias 12 a 15 de outubro, a Família Vicentina se reuniu em Roma para disfrutar de um Simpósio com o Papa Francisco no marco do 400º Aniversario do Carisma Vicentino com a participação de mais de 10.000 vicentinos.

Foram aproximadamente 10.000 vicentinos os que puderam vivenciar este Simpósio, evento mais que especial que congregou uma nutrida representação de cada Ramo da Família Vicentina proveniente de mais de 150 países onde está instaurada. 

Na quinta, 12 de outubro, depois do credenciamento, os participantes do Simpósio se dirigiram a São João de Letrão para ter um momento de oração em honra a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. 

Sexta, 13 de outubro, foi o dia dedicado à formação, e se deu com distintas conferências que objetivaram ao aprofundamento na particularidade do carisma vicentino. As conferências foram ministradas nos mais distintos idiomas e tinham como título: “Espiritualidade vicentina e desafio profético”, “Formação vicentina e a comunicação na era da informação” e “Os serviços vicentinos: a partir daqui… até onde? O tempo formativo foi concluído com uma Eucaristia, enquanto que a jornada da tarde esteve dedicada aos jovens consagrados e aos jovens adultos. (Resumo das conferências)

No sábado, 14 de outubro, os participantes viveram o momento mais emocionante do Simpósio, com a celebração da Eucaristia na Praça de São Pedro, presidida pelo Papa Francisco. Na mesma, o Papa se dirigiu a todos os vicentinos para alentar-nos em nosso especial carisma de ajuda ao próximo, que se alimenta e tira sua força da adoração al Senhor, animando-nos a seguir o exemplo de São Vicente de Paulo. “O que ama”, disse o Papa Francisco, “não fica numa poltrona olhando, esperando o advento de um mundo melhor, senão que com entusiasmo e simplicidade se levanta e vai”, “tirando cada dia da adoração o amor de Deus, difundindo-o por todo o mundo através do bom contágio da caridade, da disponibilidade e da concórdia”. (Ver aqui discurso do Papa na íntegra)

Neste mesmo momento e como exemplo prático de um Carisma vivo, abriu-se oficialmente o Projeto “Aliança vicentina rumo às pessoas sem lar” - Famvin Alhiance; que pretende globalizar a ajuda a este coletivo melhorando, e na medida do possível erradicando, a situação de milhões de personas que, nos dias de hoje, continuam vivendo na rua.

Em seguida, e com o coração cheio das palavras do Santo Padre, os vicentinos congregados em Roma se reuniram de novo, esta vez na Basílica de São Paulo Extramuros para viver uma Vigília de Oração. Ali repousaram as mensagens do Papa Francisco no espírito dos vicentinos, bem como, continuou batendo o coração vicentino por este carisma que se dá ao próximo, e ao pobre com especial devoção.

Esta mesma Basílica de São Paulo foi o lugar escolhido para encerrar este Simpósio, no dia 15 de outubro, através de uma solene Eucaristia presidida pelo Superior Geral da Congregação da Missão, Pe. Tomaž Mavrič, CM, coroamento de um encontro que acredita 400 anos de história do Carisma, mas também, que deixa patente o futuro de uma vocação de serviço que está muito viva e que tem a mensagem das bem-aventuranças em seu interior. 

Fonte: SSVP Espanha



Discurso do Papa Francisco durante o Simpósio da Família Vicentina, Roma 2017



Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Obrigado pela sua calorosa recepção e agradeço ao Superior Geral pela abertura de nosso encontro.

Saúdo-os e me uno a vocês para render graças ao Senhor pelos 400 anos de vosso carisma. São Vicente gerou um impulso de caridade que dura séculos: um impulso que brotou de seu coração. Por isso, hoje temos aqui a relíquia: o coração de São Vicente. Hoje, gostaria de incentivá-los a seguir este caminho, propondo três verbos simples que acredito ser muito importantes para o espírito vicentino, mas também, para a vida cristã em geral: adorar, acolher e ir.

Adorar.  São inúmeros os convites de São Vicente a cultivar a vida interior e a dedicar-se a oração que purifica e abre o coração. A oração é especial para ele. É a bússola de todos os dias, é como um manual da vida, é – escrevia – “o grande livro do pregador”: Somente rezando se consegue de Deus o amor que deve ser derramado no mundo; somente rezando se consegue tocar os corações das pessoas ao anunciar-lhes o Evangelho (ver Carta a A. Durand, 1658). Mas para São Vicente a oração não é apenas um dever, e menos ainda um conjunto de fórmulas. A oração é parar diante de Deus para estar com Ele, para dedicar simplesmente a Ele. Está é a oração mais pura, a que deixa espaço para o Senhor e ao seu louvor, e nada mais: a adoração. 

Uma vez descoberta, a adoração se faz indispensável, porque é pura intimidade com o Senhor, que dá paz e alegria, e derrete as banalidades da vida. Por isso, São Vicente aconselhava a quem estivesse sob uma pressão particular, que permanecesse em oração “sem tensão, lançando-se em Deus com olhar simples, sem tentar ter sua presença com um esforço considerável, mas se abandonando n’Ele” (Carta a G. Pesnelle, 1659).

Esta é a adoração: colocar-se diante o Senhor, com respeito, com calma e em silêncio, dando-lhe o primeiro lugar, abandonando-se com confiança. Para pedir depois que seu Espírito venha a nós e deixar que nossas coisas irem a Ele. Assim, também as pessoas necessitadas, os problemas urgentes, as situações difíceis e pesadas entram na adoração, tanto é que São Vicente pedia que se “adorassem em Deus, inclusive as razões que são difíceis de compreender e aceitar” (ver Carta a F. Get, 1659). Aquele que adora, aquele que vai à fonte viva do amor, não pode pelo menos, por assim dizer “contaminar-se”. E começa a se comportar com os outros como o Senhor se comporta com ele: ele se torna mais misericordioso, mais compreensivo, mais disponível, supera sua dureza e rigidez e se abre aos outros. 

Chegamos ao segundo verbo: acolher. Quando escutamos essa palavra, imediatamente pensamos em algo que fazer. Mas, na realidade, acolher é uma disposição mais profunda: não se trata somente de abrir espaço a alguém, mas sim de ser pessoas acolhedoras, disponíveis acostumadas a se dar aos outros. Como Deus para nós, assim nós aos outros. Acolher significa redimensionar o próprio eu, endireitar a forma de pensar, entender que a vida não é minha propriedade privada e que o tempo não me pertence. É um desapego lento de tudo o que é meu: meu tempo, meu descanso, meus direitos, meus programas, minha agenda. Aquele que acolhe renuncia ao eu e faz entrar em sua vida o tu e o nós. 

O cristão acolhedor é um verdadeiro homem e mulher da Igreja, porque a Igreja é Mãe e uma mãe acolhe e acompanha a vida. E como um filho que se parece com a sua mãe, nos traços, assim o cristão tem estes traços da Igreja. Então é um filho verdadeiramente fiel à Igreja, que é acolhedora, que, sem reclamar, cria concórdia e comunhão e semeia, generosidade, a paz, mesmo que não seja correspondida. Que São Vicente nos ajude a promover este “DNA” eclesial de acolhida, da disponibilidade e da comunhão, para que desapareçam de nossas vidas “qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade.” (Efésios 4,31).

O último verbo: ir. O amor é dinâmico, sai de si mesmo. Aquele que ama não fica numa poltrona olhando, esperando pelo advento de um mundo melhor, mas com entusiasmo e simplicidade se levanta e vai. São Vicente dizia muito: “Portanto, nossa vocação é ir, não a uma paróquia, nem apenas a uma diocese, mas a toda a terra. E para fazer o que? Para inflamar os corações dos homens, fazendo o que fez o Filho de Deus, Ele, que veio trazer fogo ao mundo, para inflamá-lo com seu amor” (Conferência de 30 de maio, 1659). Essa vocação é sempre válida para todos. Faça essas perguntas a você mesmo: Saio ao encontro dos outros, como quer o Senhor? Levo onde vou este fogo de caridade ou me fecho para me aquecer diante da minha lareira? 

Queridos irmãos e irmãs, obrigado porque estão em movimento pelos caminhos do mundo, como São Vicente lhes pediria hoje também. Desejo que vocês não parem, mas que prossigam tirando da adoração de cada dia, o amor de Deus e que espalhem por todo o mundo através do bom contágio da caridade, da disponibilidade, da concórdia. Abençoo a todos vocês e aos pobres que encontrem. E, por favor, os peço a caridade de que não se esqueçam de rezar por mim.

Papa Francisco  

Mensagem do Papa Francisco à Família Vicentina por ocasião dos 400 anos do Carisma Vicentino


Queridos irmãos e irmãs,
Na ocasião do 4º centenário do carisma que deu origem à vossa Família, gostaria de unir-me a vós com palavras de gratidão e incentivo e, ressaltar o valor e a atualidade de São Vicente de Paulo.
Ele esteve sempre a caminho, aberto ao conhecimento de Deus e de si mesmo. A esta busca constante se implantou a ação da graça: enquanto pastor, ele teve um encontro fulgurante com Jesus Bom Pastor, na pessoa dos pobres. O que pode ser constatado especialmente quando ele se deixou sensibilizar pelo olhar de um homem sedento de misericórdia e pela situação de uma família em extrema precariedade. Neste momento, ele percebeu o olhar de Jesus que o desnorteou e o convidou a não mais viver para si mesmo, mas para servi-Lo sem reservas nos pobres, os quais, mais tarde, Vicente de Paulo chamaria: “nossos senhores e mestres” (Correspondência, conferências, documentos, XI, pág. 402). Então, sua vida se transformou em um serviço constante até seu último suspiro. Uma Palavra da Escritura deu sentido para sua missão: “O Senhor me enviou para evangelizar os pobres” (cf. Lc 4,18).
Com o desejo ardente de tornar Jesus conhecido aos pobres, ele se consagrou intensamente ao anúncio, sobretudo através das missões populares, e prestou especial atenção à formação dos Padres. Utilizava de forma natural um “método simples”: falar, primeiramente por sua própria vida e, em seguida com uma grande simplicidade, de modo familiar e direto. O Espírito fez dele um instrumento que suscitou um impulso de generosidade na Igreja. Inspirado pelos primeiros cristãos que tinham “um só coração e uma só alma” (At 4,32), São Vicente fundou as “Caridades”, a fim de cuidar dos mais necessitados, viver em comunhão e colocar à disposição seus próprios bens, na alegria, com a certeza de que Jesus e os pobres são os tesouros mais preciosos e que, como gostava de repetir, “quando vais aos pobres, encontras Jesus”.
Este pequeno “grão de mostarda”, semeado em 1617, fez germinar a Congregação da Missão e a Companhia das Filhas da Caridade, ramificou-se em outros Institutos e Associações, tornou-se uma grande árvore (cf. Mc 4,31-32): vossa Família. Mas tudo começou por este pequeno grão de mostarda: São Vicente jamais quis ser um protagonista ou um líder, mas um “pequeno grão”. Ele estava convencido de que a humildade, a doçura e a simplicidade são condições essenciais para encarnar a lei da semente que morrendo gera vida (cf. Jo 12, 20-26), esta lei que, somente ela, torna a vida cristã fecunda, esta lei pela qual é dando que se recebe, encontra-se perdendo e irradia escondendo-se. Igualmente, ele tinha a convicção de que não era possível fazer tudo sozinho, mas juntos, enquanto Igreja e Povo de Deus. Gosto muito de lembrar a este respeito a sua intuição profética da valorização das qualidades excepcionais femininas que se manifestaram na fineza espiritual e sensibilidade humana de Santa Luísa de Marillac.
“Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40) diz o Senhor. No centro da Família Vicentina, há a busca pelos “mais pobres e abandonados”, com a consciência profunda de ser “indignos de lhes prestar nossos pequenos serviços” (Correspondência, conferências, documentos, XI, pág. 402). Desejo que este ano de ação de graça ao Senhor e de aprofundamento do carisma seja a ocasião de beber na fonte, de restaurar-se no manancial do espírito das origens. Não esqueçais que das fontes de graças nas quais bebeis, brotaram corações sólidos e firmes no amor, “modelos insignes de caridade” (Bento XVI, Carta Encíclica Deus caritas est, 40). Levareis o mesmo vigor, tão somente voltando o olhar ao rochedo de onde tudo brotou. Esta rocha é Jesus pobre, que pede para ser reconhecido naquele que é pobre e sem voz. Pois ele está aqui. E vós, quando encontrardes existências frágeis, despedaçadas por passados difíceis, por vossa vez, sois chamados a ser rochas: não a parecer duros e inabaláveis, nem a mostrardes insensíveis aos sofrimentos, mas a tornardes pontos seguros de apoio, sólidos diante das contingências do tempo, resistentes às adversidades, porque “olhais para a rocha da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos” (Is 51,1). Assim, sois chamados a ir às periferias da condição humana para aí levar, não vossas capacidades, mas o Espírito do Senhor, “Pai dos pobres”. Ele vos dissemina amplamente no mundo como sementes que crescem em uma terra árida, como um bálsamo de consolação para aquele que está ferido, como uma flama de caridade para aquecer tantos corações frios pelo abandono e endurecidos pela rejeição.
Em verdade, todos nós, somos chamados a saciar nossa sede no rochedo que é o Senhor e a saciar o mundo com a caridade que vem dele. A caridade está no coração da Igreja, ela é a razão de sua ação, a alma de sua missão. “A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja. As diversas responsabilidades e compromissos por ela delineados derivam da caridade, que é – como ensinou Jesus – a síntese de toda a Lei” (Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in veritate, 2). É a via a seguir, a fim de que a Igreja seja sempre mais, mãe e mestra da caridade, com um amor cada vez mais intenso e transbordante entre vós e para com todos os homens (cf. 1Ts 3,12): concórdia e comunhão no interior da Igreja, abertura e acolhimento no exterior, com a coragem de renunciar o que pode ser uma vantagem, a fim de imitar em tudo seu Senhor e de encontrar plenamente a si mesmo, fazendo da aparente fraqueza da caridade a única razão de seu orgulho (cf. 2Cor 12,9). De uma grande atualidade, as palavras do Concílio ressoam em nós: “Cristo Jesus [...] ‘sendo rico, fez-se pobre’. Assim também a Igreja, embora necessite dos meios humanos para o prosseguimento da sua missão, não foi constituída para alcançar a glória terrestre, mas para divulgar a humildade e abnegação, também com o seu exemplo. Cristo foi enviado pelo Pai ‘a evangelizar os pobres’ [...]. De igual modo, a Igreja abraça com amor todos os afligidos pela enfermidade humana; mais ainda, reconhece nos pobres e nos que sofrem a imagem do seu fundador pobre e sofredor, procura aliviar as suas necessidades, e intenta servir neles a Cristo. (Concílio Ecumênico Vaticano II, Cost. Dogm. Lumen gentium, 8).
Foi o que São Vicente realizou durante toda a sua vida e ele fala ainda hoje a cada um e a todos nós, enquanto Igreja. Seu testemunho nos convida a estar sempre a caminho, prontos a nos deixar surpreender pelo olhar do Senhor e por sua Palavra. Ele nos pede a pobreza de coração, uma total disponibilidade e uma dócil humildade. Ele nos impulsiona à comunhão fraterna entre nós e à missão corajosa no mundo. Ele nos pede para nos libertar das linguagens complicadas, dos discursos egocêntricos centrados sobre nós mesmos e de apegos aos bens materiais que podem nos tranquilizar de imediato, mas não nos dão a paz de Deus e, muitas vezes, são um obstáculo na missão. Ele nos exorta a investir na criatividade do amor, com autenticidade de um “coração que vê” (cf. Bento XVI, Carta Encíclica Deus Caritas est, 31). De fato, a caridade não se contenta com os bons costumes do passado, mas sabe transformar o presente. Ela é cada vez mais necessária hoje, na complexa mudança de nossa sociedade globalizada onde certas formas de auxílio e de ajuda, mesmo que justificados por intenções generosas, podem alimentar formas de exploração e de ilegalidade e, não produzir progressos reais e sustentáveis. Por esta razão, imaginar a caridade, organizar a proximidade e investir na formação são os ensinamentos atuais que nos vêm de São Vicente. Mas seu exemplo nos encoraja ao mesmo tempo a dar espaço e tempo aos pobres, aos novos pobres do nosso tempo, aos demasiados pobres de hoje, a fazer nossos seus pensamentos e suas dificuldades. O cristianismo sem contato com aquele que sofre se torna um cristianismo desencarnado, incapaz de tocar a carne de Cristo. Encontrar os pobres, preferir os pobres, dar voz aos pobres a fim de que sua presença não seja reduzida ao silêncio pela cultura do transitório. Espero sinceramente que a celebração do Dia mundial dos Pobres de 19 de novembro próximo nos ajude em nossa “vocação a seguir Jesus pobre”, tornando “cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados” e reagindo “à cultura do descarte e do desperdício” (Mensagem para o 1º Dia Mundial dos Pobres “Não amemos com palavras, mas com obras”, 13 de junho de 2017).
Peço para a Igreja e para vós a graça de encontrar no irmão faminto, sedento, estrangeiro, despojado de suas vestes e de sua dignidade, doente e preso, ou ainda, indeciso, ignorante, obstinado no pecado, afligido, grosseiro, mal-humorado e importuno, o Senhor Jesus; de encontrar nas feridas gloriosas de Jesus, a força da caridade, a felicidade do grão que, morrendo, gera vida, a fecundidade da rocha de onde jorra a água, a alegria de sair de si e de ir ao mundo, sem nostalgia do passado, mas com a confiança em Deus, criativos diante dos desafios de hoje e do amanhã, pois, como dizia São Vicente, “o amor é inventivo ao infinito”.

Do Vaticano, 27 de setembro de 2017
Memória de São Vicente de Paulo

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

PROJETO MAKON - Seminário Vicentino de Curitiba



O Projeto Makon é uma iniciativa do Seminário Vicentino Nossa Senhora das Graças que há mais de 10 anos vem sendo desenvolvido junto aos moradores de rua de Curitiba – PR, cujo objetivo primeiro é matar a fome imediata dos moradores de rua, bem como aludir para a ideia da existência de um Deus que não os abandona, buscando assim resgatar a dignidade de ser pessoa de cada um deles.

Inicialmente as atividades se davam com entrega de sopa, informalmente na Praça Tiradentes, no centro da Cidade. Ali também iam outros grupos de denominações religiosas diversas, bem como ateus, organizações não governamentais, etc. Observando aquela realidade, Arli Brasil, uma das pessoas que com seus amigos também fazia esse tipo de atividade, reuniu representantes de todas as entidades que entregavam sopa naquele local e traçaram uma proposta de ação coletiva de distribuir alimentos em um local fixo, onde cada morador de rua pudesse comer sossegado e não jogasse os restos de comida na rua, como alguns faziam. A Prefeitura Municipal de Curitiba também ajudou nesse processo. Antes de que se chegasse no atual prédio já se havia passado por dois outros. Esse é denominado Centro Pop: João Dorvalino Barbosa, cujo nome é uma homenagem a um empresário, amigo falecido de Arli, que não media esforços em ajudar os mais pobres.

A atividade principal dos seminaristas no projeto se dá nas segundas-feiras, onde um grupo de até cinco deles, acompanhados de um ou mais leigos, dentre eles a senhora Liduina, levam até o Centro Pop – localizado à Av. Visconde de Guarapuava, 2674, Centro Curitiba, utensílios de cozinha e alimentos. Ali preparam o jantar do dia, para os assistidos durante toda a tarde. Antes de distribuir a comida, para os aproximadamente 250 moradores de rua, faz-se com eles, uma pequena oração de agradecimento pelo alimento que será tomado.

Nos demais dias da semana outras instituições são responsáveis de fazer atividade semelhante a que fazem os seminaristas. Noutros momentos do dia, os moradores de rua são atendidos pelos profissionais da FAS – Fundação de Assistência Social, que conta com uma dezena de Educadores Sociais, Pedagoga e Assistente Social. Ali os moradores de rua podem participar de oficinas e mini-cursos diversos, bem como são encaminhados para mercado de trabalho, retirada de documentos, ingresso em escolas regulares, ou a outros benefícios sociais do governo. 

Por dia, jantam aproximadamente 250 moradores de rua, muitos também pedem, no final, “taps”, para levar comida a amigos ou familiares. A experiência de servir os nossos amos e senhores é realizada de forma rotativa pelos seminaristas da Filosofia e da Teologia. “É um trabalho gratificante oferecer para aqueles pobres homens e mulheres um pouco de nossa atenção presença e alimento. Para alguns, como nos orientou nosso fundador, temos que virar a medalha e descobrir o que de bom e humano se esconde naqueles homens ásperos, intimidados e coagidos dentre outras por ser um morador de rua; outros, saciados pelo que oferecemos, se despedem agradecidos, como aquele um dos dez curados por Jesus no texto sagrado. Não estamos ali pelas “gracias”, mas o prazer de ver aquele sorriso discreto de um estomago saciado, nos faz voltar para casa satisfeitos, sabendo que muito ainda se tem por fazer, mas feliz, porque naquele dia, o Senhor nos ajudou mover nosso ser para fazer algo”. Relata, emocionado, um seminarista.  

A poesia de uma resposta...



Partilho com vocês algo que brotou de meu coração. Não sou poeta, e longe de ser... mas me senti motivado a uma poesia fazer...

A poesia de uma resposta...

Ouvi que Deus havia me chamado.
Aliás, escuto sua voz ressoando em meu coração:
VEM E SEGUE-ME.

Resolvi a Ele me entregar,
deixei-me seduzir,
permiti-me podar,
deixei- me modelar...

Nesse processo,
algumas feridas se abriram,
mas Ele sempre me curou,
me tocou,
se fez próximo a mim
e me carregou.

Tornamo-nos grandes amigos,
Ele tornou- se meu amor,
meu primeiro amor,
meu único amor...

Ele me amou primeiro,
mas o seu amor me faz amar
aqueles que pelos caminhos se encontram,
caídos,
feridos,
sofridos

Aos que às margens são colocados
e tem suas vidas ameaçadas,
são neles, que continuo a lhe encontrar,
a eles que quero servir,
para Eles, digo:
EIS ME AQUI!