terça-feira, 30 de setembro de 2014

O TERÇO MISSIONÁRIO - A CM no mundo hoje.




Todos os dias do ano são bons para rezar o Rosário e fazer Missão, apesar da Igreja Católica nos convidar a intensificar as nossas orações nos meses de Maio e de Outubro. Hoje é uma boa oportunidade para aprofundarmos, com a ajuda de Maria, a dimensão missionária da nossa fé. Uma maneira muito simples de fazer isso é através da oração, pessoal e comunitária de Rosário. Dele, o Papa Paulo VI dizia: "é uma síntese do Evangelho, é uma das orações mais lindas do cristão ... é provavelmente a mais importante forma de oração dedicada à Virgem Maria, uma escola de vida espiritual centrada no Evangelho" (Marialis Cultus, 44). São Vicente de Paulo tinha um carinho especial pelo Rosário. Em 26 de janeiro de 1645 evoca o exemplo de São Francisco de Sales - SFS: "O nosso bem-aventurado pai (FSS), dizia: ‘se eu não tivesse a obrigação do santo ofício, só teria dito a oração do rosário.’ O recomendou muito, ele mesmo rezou-o durante 30 anos seguidos, para alcançar a pureza de Deus que lhe deu a sua Mãe Santíssima e também para morrer bem. Portanto, minhas filhas rezem o rosário, que é uma devoção muito bela, especialmente para Filhas da Caridade, que têm tanta necessidade da assistência de Deus para ter esta pureza, que lhes é tão necessária. "(IX, 212-213).

Na realidade, o Rosário não se opõe à meditação da Palavra de Deus ou a oração litúrgica, mas é um complemento natural e ideal, em particular como preparação e agradecimento à celebração eucarística. Se a Eucaristia é para o cristão o centro da vida, o rosário contribui para alargar a comunhão privilegiada com Cristo e para a educação de viver com os olhos postos n´ Ele, para irradiar a todos especialmente, o seu amor misericordioso.
Para enfatizar a dimensão universal e missionário desta oração mariana popular, o Bispo Fulton Sheen, arcebispo norte-americano, teve a ideia de um Rosário Missionário. O rosário é uma oração que por intercessão de Maria, pede-se ao Pai pelas intenções e necessidades do mundo inteiro. A cada cor corresponde um mistério e em cada mistério tem uma intenção sobre cada continente.
1º Mistério - Cor verde representa África. A cor verde, lembra as florestas verdes habitadas pelos nossos irmãos africanos.
2º Mistério - Cor vermelho, representa a América. A cor vermelha simboliza o sangue derramado pelos mártires que deram as suas vidas para a evangelização do continente.
3º Mistério - Cor branco, reza-se pela Europa. O branco, que lembra a raça ariana, nativa do continente e da cor das vestes do Papa, que também tem a sua na Europa.
4º Mistério - Cor azul, reza-se pela Oceania. A cor azul relembra as milhares de ilhas espalhadas nas águas azuis do Oceano Pacífico.
5º Mistério - Cor amarelo, reza-se pela Ásia. A cor amarela lembra-nos este continente, em grande parte, porque está povoado por pessoas desta cor.
               
Deste modo, ao terminar o Rosário, ter-se-á abraçado com a oração toda à humanidade. Assim, dia a dia, a nossa oração vai deixando de ser egoísta e mesquinha, tornar-se-á aberta a todas as necessidades e todos os sofrimentos do mundo. Porque, como João Paulo II ensinava: "A oração do Rosário é uma oração do homem e para o homem: é a oração da solidariedade humana, que reflete o espírito e a intenção da primeira redimida: Maria". Ela, a grande missionária, quer chegar primeiro àqueles que ainda não receberam a semente da fé. Ela, a Senhora do Globo, quer agir onde Cristo não está presente, onde ainda não é visível o seu Corpo Místico. Ela quer ser o Advento, onde ainda não há Natal. Por isso, como apareceu a Santa Catarina Labouré, ela apresenta ao Senhor o mundo inteiro, suplicando para que os frutos da sua Redenção cheguem a toda à humanidade.

Forma prática de rezar o terço:
- Começa-se com o Sinal da Cruz e Credo dos Apóstolos,
- Reza-se um Pai Nosso, três Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória,

Ø Primeiro mistério: Neste primeiro mistério, vamos recordar o continente Africano, com mais de 900 milhões de pessoas, para que o seu profundo sentimento religioso possa facilitar a plenitude da revelação de Cristo.

- Informação sobre o continente: África é um continente que vive punido pela violência. Muitos dos povos e grupos étnicos do continente confrontam-se em guerras sangrentas tornando a vida muito difícil para todos. A aids e as doenças endêmicas são guerras silenciosas que matam um milhão de africanos. Muitos países africanos recentemente conseguiram a independência, durante séculos foram reféns do colonialismo europeu e consequência disso houve pouco desenvolvimento econômico e cultural. A pobreza é bastante acentuada neste continente. Dos 47 países menos desenvolvidos do mundo, 31 são Africanos. A Igreja Católica é uma minoria na África. Dos 993 milhões de habitantes do continente, apenas 179 milhões são católicos (18%). É o continente que tem a menor percentagem de sacerdotes: há um sacerdote para cada 4.881 católicos. A Congregação da Missão - CM está presente na África com 06 províncias (Republica Democrática do Congo, Etiópia, Madagascar, Moçambique, Nigéria e Eritreia), com 359 membros. Os esforços e sacrifícios dos missionários conseguiram que África seja, hoje uma Igreja viva e jovem, com um número de vocações crescente e comunidades cristãs muito promissoras. A CM tem 141 estudantes admitidos no continente.
Em nossa humilde súplica e oração por intercessão da Virgem Maria, Rainha de África, concede Senhor, aos nossos irmãos africanos o dom da fé.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Segundo mistério: Lembremo-nos especialmente neste segundo mistério do continente Americano, o "continente da esperança", que registra a maior percentagem de católicos, mas sofre com a pobreza de seus mártires e uma escassez de agentes pastorais.

- Informação sobre o continente: Na América vive-se uma grande contradição: algumas pessoas são muito ricas e muitas outras são extremamente pobres. 11% da população é composta por minorias indígenas, que tentam manter a sua identidade e reivindicar seus direitos, o que lhes têm sido negado durante séculos. A Igreja Católica americana é a maior do mundo. Metade dos católicos do mundo vive nas Américas (mais especificamente na América Latina). Num total de 921 milhões de pessoas, 582 milhões são católicos (63%). É por isso que o Papa disse que a América é "a grande esperança da Igreja, que deverá tornar-se missionária para o resto do mundo." Apesar disso, depois de África, é o continente com a menor representação pastoral: há um sacerdote para cada 4.778 católicos. No entanto, a ameaça mais grave para a Igreja americana é o rápido crescimento das seitas evangélicas, todos os dias desaparecem muitos grupos católicos. A Congregação da Missão está presente na América com 17 províncias (Argentina(APU), Brasil (Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro), Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos (Este, Nova Inglaterra e Oeste), México, Peru, Porto Rico, Venezuela e América Central) com 1096 membros, e 103 estudantes admitidos. Apesar do cristianismo ter chegado há 500 anos, ainda hoje, em muitas partes da América há necessidade de missionários para uma primeira evangelização, enquanto em outras partes é urgente recristianizar a população.
A Virgem de Guadalupe, Imperatriz da América, concede que os nossos irmãos americanos sejam discípulos e missionários dos seus povos e para que estes tenham a vida em Cristo.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Terceiro mistério: Oferecemos este terceiro mistério pela Europa, para que possa voltar às fontes da sua fé, que se esfriaram ao longo dos séculos e reforçar o seu dinamismo missionário.

- Informação sobre o continente: Os países mais desenvolvidos estão na Europa, embora haja focos de pobreza neste continente. Historicamente, a Europa foi o continente Católico, por excelência. Decisivamente influenciado pelo fato de que a Igreja, desde o início teve a sua sede em Roma (agora na Cidade do Vaticano), e que a maioria dos reinos que se formaram na Europa tiveram o catolicismo como religião oficial. No entanto, nos últimos séculos, a situação mudou bastante. Dois fatores influenciaram essa mudança. Primeiro, o surgimento do Protestantismo no século XVI, que dividiu os cristãos, de modo que países inteiros se voltaram para o protestantismo. Em segundo lugar, a Revolução Francesa e o Racionalismo fizeram surgir as repúblicas que agora compõem a Europa, a fé foi apagando-se gradualmente em todo o continente e as pessoas começaram a abandonar a fé, de tal modo que já nem se fala de Deus (isto é, o que é conhecido como "secularismo": um mundo sem Deus). Hoje, os católicos já não são uma maioria na Europa. Dos 710 milhões de pessoas, apenas 284 milhões são católicos (40%). É o continente com a maior porcentagem de sacerdotes (há um sacerdote para cada 1.486 católicos), mas com uma grande crise de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. A Congregação da Missão está presente na Europa com 19 províncias (Alemanha, Áustria, Eslováquia, Eslovênia, Espanha (Barcelona, Madrid, Salamanca e Zaragoza), França (Paris e Tolusa), Holanda, Hungria, Irlanda, Itália (Nápoles, Roma e Turín), Polônia, Portugal e SS Cirílio e Metódio), com 1172 membros, e 73 estudantes admitidos.
Virgem Maria, mãe da Europa, dá a este continente que se converteu em terra de missão, o poder de se reencontrar nas suas raízes cristãs, de modo que ao redescobrir a beleza do Evangelho, continue a dar muitas vocações missionárias para a Igreja.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Quarto Mistério: Oferecemos este mistério pelo longínquo e pequeno conjunto de ilhas chamado Oceania, de modo que os seus numerosos habitantes possam ser iluminados e guiados pela luz do Evangelho.

- Informação sobre o continente: A Oceania é o menor continente do mundo. Caracteriza-se pela diversidade de muitas culturas. Durante séculos foi povoada por um grande número de tribos nativas (5.000) com culturas, dialetos e várias religiões indígenas diferentes. A Oceania pertenceu ao Império Britânico por muitos anos pelo que não era permitida a entrada de missionários católicos até 1845. Por isso a evangelização sistemática na Oceania começou há menos de 200 anos (muito pouco tempo) a um total de 35 milhões de pessoas, apenas 9 milhões são católicos (26%). Os outros 58% pertencem às igrejas protestantes e o resto é dividido por muitas pequenas religiões indígenas. Embora seja o continente menos populoso do mundo, tem a maior percentagem de sacerdotes, há um sacerdote para cada 1.984 católicos. A Congregação da Missão na Oceania marca presença com uma província (Austrália) com 45 membros e 19 estudantes admitidos. Mas a Igreja na Oceania está ainda no seu início, ainda há muito que fazer.
Nossa Senhora dos Oceanos, confiamos-Te os irmãos deste continente, para que os guies até o teu Filho, de modo que encontrem n´Ele a salvação e a verdadeira alegria. A nós, que concede-nos a força para sacrificarmo-nos a fim de alcançar a fecundidade apostólica da ação missionária nestas ilhas distantes e ainda tão desconhecidas.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Quinto Mistério: Oremos pela Ásia neste quinto mistério, que a Virgem Maria volte os seus olhos para o continente mais populoso do mundo, onde os católicos representam apenas 2% da população e a Igreja é perseguida e maltratada.

- Informação sobre o continente: A Ásia é o continente mais populoso do mundo, tem 4.115.000 habitantes, a maioria são crianças e jovens. 80% da sua população vive abaixo da linha da pobreza. Na Ásia muitas pessoas morrem de fome. Outro problema que caracteriza este continente é a discriminação da mulher, um fato insustentável e que se estende a todos os níveis da sociedade. A Igreja Católica da Ásia é a menor do mundo e onde há maior potencial de crescimento, quer pela ignorância cristã, quer pelo grande espaço físico em si. De um total de 4.115.586 mil milhões de pessoas, apenas 126 milhões são católicos (nada mais que 3% da população). Poderíamos dizer que "este é o continente onde Cristo está mais ausente", onde é mais desconhecido e perseguido. Não só por causa da diversidade de antigas tradições religiosas (Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, etc.), mas também porque muitos católicos asiáticos são perseguidos pelas igrejas oficiais, e veem-se obrigados a viver a sua fé na clandestinidade. Nos últimos anos, têm-se assistido a uma aproximação significativa entre a Santa Sé e a Igreja na China. Neste continente a Igreja precisa redobrar os seus esforços para continuar o trabalho de muitos missionários e mártires da fé. A Congregação da Missão está presente na Ásia com 07 províncias (China, Filipinas, Índia (Norte e Sul), Indonésia, Oriente e Vietnã), com 580 membros, e 201 estudantes admitidos.
Virgem Imaculada, Mãe do sol nascente que é Cristo, olha com bondade para estes irmãos tão desejosos de Deus e suscita novos evangelizadores nesta terra imensa.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

- O terço é concluído com um agradecimento e uma Salve Rainha
- Rezar um Pai Nosso pela Igreja Universal e três Ave-Marias, seguidas da jaculatória:

"Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!" para que em nossa Congregação aumente o amor, o espírito missionário e o seguimento de Jesus, Evangelizador dos pobres, além-fronteiras. 

Fontes: 
secretariadojmv.org
Revista Vicentiana año 58. Nº2, abril-junio 2014. Estatística do ano 2013

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

VOCAÇÃO: CHAMADO E RESPOSTA


“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constitui,
para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça.”
(Jo 15, 16)

Mesmo não estando no mês vocacional, ou em alguma campanha do tipo, jamais devemos nos cansar de falar de vocação. Não sou nenhum teólogo ou estudioso graduado nesse tema, apenas um simples “propedêuta” da Congregação da Missão, que decidiu se colocar a serviço, arriscar, apostar. E que vem, por meio dessas modestas e humides palavras, tentar, ao menos de forma superficial, colocar no papel parte de seu simplório trajeto. Sei que os testemunhos além de ajudar, arrastam (cf 1Cor 11,1). Quero deixar claro que não tenho a mínima intenção de me colocar como exemplo de vivência perfeita, também nem teria como, pois, não tive e nem o sou, mas, como já disse sabiamente São João Crisóstomo: “Os que ardem de amor espiritual, nunca se cansam de o declarar”, e é esse o meu ideal.

Conformando-nos com definições cabais, nos autointitulamos preguiçoso, sendo assim, tentarei, de forma básica, dar pistas do que seja vocação. Um termo derivado do latim "vocare" que significa chamamento, ato de chamar. Tem também o significado de tendência, pendor ou disposição.

Seja para viver o matrimônio, constituindo assim uma família, ou para se consagrar inteiramente a Deus e aos irmãos, se doando por uma missão, o certo é que todos possuimos uma vocação e esta é sempre para uma missão, portanto tem uma finalidade, idependente da função ou do ministério exercido.  Escreveu o Papa Francisco: “A vocação é fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns aos outros, que se faz serviço recíproco, no contexto de uma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si”.

Num lar, convento, seminário, paróquia ou em outra linha de atuação específica, a nossa vida deve refletir, inteiramente, o Deus Amor, Esperança e Salvação, em suas Três Divinas Pessoas, visando sempre o Reino dos Céus, para todos preparados. Em seus dois eixos, falamos de vocação fundamental quando nos referimos ao chamado de cada pessoa à vida, a ser cristão, filho de Deus, na Igreja. Já a vocação específica é a forma que cada pessoa realiza a sua vocação fundamental de forma leiga, religiosa ou sacerdotal. Nos fixaremos de forma mais intensa na vocação sacerdotal/religiosa.

Normalmente a vocação é inquietante, e gera certo “formigamento” no coração e na alma, às vezes paralisantes para muitos jovens. Conheci de perto, senti e vivi na pele, cada uma dessas experiências. Essa inquietação, na verdade, é um desejo de buscar respostas, ou melhor, de dar uma resposta, já que vocação é chamado; é aquela voz interior que fica ressoando em nossos ouvidos de forma incessante e insistente. E se alguém chama é necessário que outro responda.

Comparemos essas características com o início de uma paixão ardente, em que nos tornamos “enamorados da santidade, do brilho, do encanto e da formosura da alma” (São João Crisóstomo). Lembro-me claramente disso a partir do momento em que me considerei e me aceitei como vocacionado ao sacerdócio. Era uma verdadeira confusão, um emaranhado de sentimentos, uma saudade por algo ainda desconhecido. Não me cabia mais em nenhum lugar, nem mesmo na minha própria casa, no meu próprio quarto. Sentia-me submerso por uma expessa mistura de confiança desconfiante, medo seguido de coragem. Meio paradoxal, confuso, mas próprio do momento, do novo horizonte que surgia; quem passou e passa sabe bem como é.

Dei o primeiro e decisivo passo. Procurei dicernir tudo isso. Logo pensei: “Vou em quem entende do assunto”. Procurei a minha Arquidiocese, algumas Congregações e me submeti ao processo proposto. Mas sinceramente, até hoje não tenho todas as respostas, ou certeza plena de nada. Creio que nunca as terei, pois essa plenitude só cabe ao Deus Altíssimo. Quem sabe um dia, face a face com Ele... Mas lá no fundo, hoje, um pouco mais maduro, sinto que estou na direção certa, que devo continuar, persistir, e perseguir essa promessa (cf 2 Cor 1, 19-20, Sl 89,34, Js 23,14).

Infelizmente, muitos, se deixam dominar pela sensação de medo, permancem paralizados. Mas tenhamos a certeza que o tempo passa, porém o desejo segue e continuará até que tenhamos isso resolvido conosco mesmo. Tive a honra de conhecer, neste ano, um noviço, de aproximadamente 54 anos, que me contou parte de sua história e o quanto se arrepende por ter “perdido” tanto tempo, não tendo saído antes a procura desse entendimento. É a chamada Vocação Tardia, ou segundo o novo termo, Vocação Madura.

É necessário que busquemos, incansavelmente, entender e decifrar esse mistério com que nos deparamos vez ou outra. Ora adormecem, ora acordam e nos incendeiam. Clamemos sempre ao Senhor pela graça de um saudável discernimento. Se sentirmos o chamado, coragem, vamos a luta! Não esperemos proclamações sobrenaturais, como a decida dos céus à terra do Anjo Gabriel ou da Leigião do Santos Anjos para nos dizer qual a vontade de Deus para conosco. Deus se comunica de diversas formas, mais ordinariamente do que extraordinariamente. Bastar pararmos e observarmos o mundo à nossa volta, os simples acontecimentos. As ovelhas do Bom Pastor clamam por bons ministros e Cristo nos chama: “Vede, visitai e trabalhai na Minha vinha!”

Não nos deixemos contaminar pelos ruins testemunhos, pelos maus ministros, por aqueles que não deram um “sim” de forma sincera. Os tenhamos em vista para saber o que NÃO deveremos fazer caso persistamos na graça e sejamos, um dia, ordenados Sacerdotes. A “fumaça de satanás no templo de Deus” (Paulo VI) está aí, não tem como negá-la. Aprendamos a conviver sem nos tornarmos como um deles. Para isso nos protejamos com a armadura do cristão (cf Ef 6, 10-20). Sejamos diferentes. Não mais um! Procuremos viver em santidade, a exemplo dos santos, da Sempre Virgem Maria Santíssima, imitando o mestre Jesus. Ele deve ser nossa meta, nosso principal modelo.
               
Não queiramos ser ministros que preguem “achiologias”. Que façam aquilo que lhes convém. Devemos aceitar a proposta do Mestre como um todo. Com todas as exigências pedidas e reveladas. Sendo como Ele pobre, casto e obediente aos legítimos superiores por Ele constituídos. Nunca perder de vista os ensinamento da Santa Mãe Igreja é essencial, e isso exige de nós um comprometimento verdadeiro, ainda mais radical. Toda escolha exige de nós renúncias e toda decisão gera consequências. Arquemos com elas. “Por sua fé supera esse espetáculo desanimador, levanta seus olhos para o Rei dos Céus, enconraja a sí prórprio.” (São João Crisóstomo).

O nosso Deus é o único que não nos decepciona (cf Dt 7,9 / 32,4). É um Deus pessoal, presente, que escuta, caminha e luta com e por seu povo. Mas é uma luta diferente, em que a arma principal é sua Augusta Palavra. Cientes disso, abramo-nos profundamente a obra de Deus. Sejamos terreno fértil para uma semente de vida que salva almas. Vivamos e transmitamos o amor, a base de nossa Santa Religião.

Despeço-me, rogando que recebamos as bençãos celestiais de Deus pela graça e amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem sejam dadas glória, poder e honra, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, agora e para todo sempre. Amém!

Thiago Henrique Vieira de Oliveira.