terça-feira, 2 de junho de 2020

Decálogo Missionário Vicentino


1. PROVOCADOS PELOS POBRES. Só em 1617, depois de dezessete anos de ordenado, São Vicente muda radicalmente sua maneira de viver o ministério sacerdotal, graças aos pobres (XII, 7-8, 208-210). Ser Padre e Irmão da Missão é primeiramente participar nesta experiência de 1617, aceitando que os pobres de hoje nos questionem nossa vida, ministério e Instituto, construindo em nós uma conversão permanente. 


2. MISSIONÁRIOS EM SEGUIMENTO DE JESUS CRISTO. Desde 1617, Jesus Cristo é, para São Vicente, “o enviado do Pai”, “o missionário dos pobres” (XI, 109). Ler, compreender e viver o Evangelho à luz de Lc 4,18. Ser Padre e Irmão da Missão é adotar este tipo de relação com Jesus Cristo e esta chave da leitura do Evangelho. 


3. MISSIONÁRIOS SEGUNDO AS CINCO VIRTUDES. Para o Senhor Vicente, o Cristo a seguir e imitar é o “Jesus Cristo enviado para evangelizar a os pobres”, de onde se originam as cinco virtudes missionárias de Jesus Cristo: simplicidade, humildade, mansidão, mortificação e zelo (XII, 298). São Vicente as elegeu como “mais apropriadas aos missionários” (XII, 302). Ser Padre e Irmão da Missão exige uma santidade indissociável de sua “qualidade apostólica” no sentido das cinco virtudes fundamentais. 


4. MISSIONÁRIOS NA IGLEJA. O Pai envia ao Filho para que evangelize aos pobres. O Filho envia à Igreja. Para seguir, pois, a Jesus Cristo na Missão, faz falta ser enviado pela Igreja e trabalhar na Igreja. Ser Padre e Irmão da Missão é responder ao chamamento do Papa e dos bispos que nos enviam aos pobres (III, 154; I, 309). E trabalhar na evangelização dos pobres com os demais sacerdotes e religiosos e com os leigos (VIII, 238-239). 


5. MISSIONÁRIOS EM COMUNIDADE. Estas são as exigências da Missão que, entre 1617 e 1625, levam São Vicente a se dar conta da necessidade da Comunidade (XII, 8). Em todos os textos oficiais (XIII) se define a Comunidade da Missão. Ser Padre e Irmão da Missão é comprometer-se comunitariamente para melhor evangelizar aos pobres, pois a Comunidade tem sempre que definir-se e estruturar-se em função desta evangelização. 


6. MISSIONÁRIOS PARA OS POBRES. Aí se fixa o projeto de São Vicente e o fim da Companhia. É evidente no contrato de fundação (XIII, 197-202) e se reafirma constantemente até 1660. Ser Padre e Irmão da Missão é aderir este fim. Segundo expressão de São Vicente, “isso é o capital de nossa vocação” (XI, 133). Aceitar este fim e que ele justifique cada uma de nossas ações: esse é o critério rigoroso de nossas atividades apostólicas. 


7. SANTOS PARA OS POBRES. A santidade que São Vicente propõe aos sacerdotes e irmãos da Missão é a santidade do “missionário enviado aos pobres em seguimento de Jesus Cristo”. Ser Padre e Irmão da Missão é aceitar uma santidade que se define pela Missão e se nutre da Missão (XII, 138). 


8. CONSAGRADOS A DEUS PARA OS POBRES. Segundo São Vicente, os votos nos unem a Deus para os pobres. Não podem definir-se nem se viver mais que por referência à Missão. Ser Padre e Irmão da Missão é consagrar-se a Deus para o serviço dos pobres utilizando “as mesmas armas” que o Filho de Deus: Pobreza, Castidade, Obediência (XII, 366-367). 


9. ATENTOS AOS ACONTECIMENTOS. Para São Vicente, o acontecimento é sinal de Deus, e se converte em sinal privilegiado quando concerne diretamente aos pobres. Ser Padre e Irmão da Missão é aceitar que se verifiquem em nossa vida os acontecimentos concernentes, sobretudo, aos pobres, “o guia do Espírito Santo” (XI, 37), o que exige sempre uma revisão de vida a partir da prática vicentina. 


10. ATENTOS À VOLUNTAD DE DEUS. A prática da vontade de Deus é, para São Vicente, a aproximação a Deus melhor encarnada no hoje e a que mais alude à ação. Ser Padre e Irmão da Missão é tentar viver a vontade de Deus, “alma da Companhia e uma das práticas que mais deve se ter dentro do coração…” (XII, 183). 

[(Março 1977). A experiência espiritual do Senhor Vicente e a nossa, nos Anais da Congregação da Missão e das Filhas da Caridade, Tomo 85 (No. 3), p. 283-285]

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