sexta-feira, 26 de junho de 2020

O amor é inventivo até o infinito


Além disso, como o amor é inventivo até o infinito, deixou-se pregar no patíbulo infame da cruz, para conquistar as almas e os corações daqueles por quem quer ser amado. 

Não falamos de outros e ao mesmo tempo inumeráveis recursos de que ele se serviu para este fim, durante sua permanência entre nós. 

Prevendo que sua ausência poderia ocasionar algum esquecimento ou resfriamento em nossos corações, quis obviar a este inconveniente, instituindo o Santíssimo Sacramento, no qual está real e substancialmente presente, como está no céu. 

Ainda mais, viu que, se ele se rebaixasse e se aniquilasse mais do que o fizera em sua Encarnação, poderia de algum modo tornar-se mais semelhante a nós, ou ao menos tornar-nos mais semelhantes a Ele. 

Sendo assim, fez com que este venerável Sacramento fosse para nós como carne e bebida, pretendendo, por este meio, que a mesma união e semelhança efetuada entre a sua natureza divina e a sua carne mortal acontecesse espiritualmente em cada um de nós. 

Como o amor tudo pode e tudo quer, Ele o quis assim. 

E, temendo que os homens, não entendendo bem este inaudito mistério e estratégia de amor, viessem a negligenciar em se aproximarem desse Sacramento, a isso os obrigou, sob pena de incorrerem a sua eterna desgraça: Nisi manducaveritis carnem Filii hominis, non habebitis vitam. (Se não comerdes a carne do Filho do Homem, não tereis a vida em vós) (cf. João 6,53) 

SV, volume XI, conferência 102, Exortação a um Irmão na iminência da morte, 1645, p.150.


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