segunda-feira, 11 de maio de 2020

Com Maria, rezemos a Vocação Vicentina - II Semana



Com Maria, rezemos a Vocação Vicentina
Uma proposta para o Mês mariano – 2020 – 2ª Semana
Pe. Denilson Mathias, CM
Orientações:
  • Você poderá escolher um dia da semana para fazer essa oração sozinho ou em comunidade.
  • Ela pode ser adaptada para qualquer Ramo da Família.
  • Rezemos pelas vocações geradas em nosso tempo e por aquelas que já fizeram a sua adesão definitiva à Vida Consagrada Vicentina.
  • Este é o segundo encontro, serão quatro para o mês de maio.
  • Prepare um ambiente agradável e favorável para um momento tranquilo de oração.


“E Maria Visita Sua Prima Isabel”!
Comentarista: No nosso segundo encontro, queremos rever o sentido da Visitação de Maria. Depois de dizer sim a Deus, estando grávida, Maria se alegra com a boa notícia de que sua prima, já idosa, seria Mãe. Maria se coloca a caminho, não para uma visita de cortesia, ela sai para ajudar. Ela vai para estar junto. O “eis aqui” de Maria desemboca numa tarefa, numa missão: estar a caminho para servir. Fazer a vontade de Deus é colocar-se na estrada, é disponibilizar-se para o caminho do serviço.
Cantemos a alegria de servir, cantemos a disponibilidade amorosa que nos leva ao próximo:
Eis-me aqui Senhor, eis-me aqui Senhor, pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor, pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor, eis-me aqui Senhor!

Dizer sim a Deus é estar em estado de prontidão para ajudar!
Leitor 1: Maria, muito mais jovem que sua prima Isabel, sabe o que fazer. Diante da gravidez daquela que já era uma senhora, Maria reconhece a sua necessidade e vai ao seu encontro. Vai caminhando, vai para ajudar. O chamado vocacional nos ajuda a reconhecer a situação do outro, os seus limites e as suas necessidades, além de nos ensinar que o objetivo único da nossa entrega é o serviço gratuito. Este, não espera recompensas, nasce de um amor profundo, que nos identifica com Aquele que nos chamou.

Nasceu o sol, lindo arrebol,
manhã de luz, porque Jesus venceu a morte, nos deu uma nova vida, Jesus ressuscitou!
Vê o jardim como floriu, aquela flor desabrochou e nos olhares brotou a esperança, Jesus ressuscitou!
Aleluia! Aleluia!
Aleluia! Aleluia!
Nós temos vida nova no amor. (Bis)

Leitor 2: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 1, 39-45):
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!"– Palavra da Salvação!

Meditando no coração:
(Momento silencioso para refletir)
  1. É fácil falar de amor e de caridade, mas é difícil vivê-los, porque amar significa servir, e servir exige renunciar a si mesmo. A nossa vocação pode ser relida na linha do serviço ou tendemos mais a respondê-la na linha da comodidade?
  2. No ato da sua entrega total a Deus, Maria muda os planos e os projetos que tinha para a vida, esquece-se completamente de seus próprios assuntos. Temos caminhado na direção do abrir mão dos meus projetos, dos meus assuntos, para entregar-se aos projetos e aos assuntos de Deus?
  3. Maria não se imagina superior em nenhum momento, não busca pretextos por não poder se arriscar numa viagem tão longa pelo fato de estar grávida. Quais são os pretextos que utilizamos ao não desejarmos assumir esta ou aquela missão? Tem sido mais fácil dizer sim ou não àquilo que nos é proposto?
  4. Maria nunca atua sozinha, mas sempre numa união perfeita entre Mãe e Filho. Onde está Maria, ali está também Jesus. No encontro entre Maria e Isabel, essa união entre Mãe e Filho se manifesta. No nosso contato com os pobres, com os necessitados, temos manifestado a eles a presença do Cristo que habita em nós ou somente levamos a eles a nossa presença assistencial?

Cantemos ao Senhor
Vem Maria, vem, vem nos ajudar neste caminhar
Tão difícil, rumo ao Pai. (BIS)
Vem, querida Mãe, nos ensinar
A ser testemunhas do amor
Que fez do teu Corpo sua morada
Que se abriu pra receber o Salvador.
Nós queremos, ó Mãe, responder
Ao amor do Cristo Salvador Cheios de ternura
colocamos confiantes em tuas mãos esta oração.

Comentarista: Tendo meditado, no silêncio dos nossos corações, quais são as experiências que podemos compartilhar? O que nos disse o Senhor? É hora de falar daquilo que o coração está cheio.

Iluminados por São Vicente
Comentarista: Vamos ler algumas frases de São Vicente, de depois de cada uma delas cantaremos o seguinte refrão alternando os dizeres:
Quero amar Jesus, como tu, Maria, como tu, um dia, como tu, Maria (seguir, servir, levar, viver).

  1. “Acolhia em seu coração as palavras de seu Filho; enchia-se delas e as meditava logo, de forma que não perdia nada de tudo quanto Ele dizia… Sim, a Santíssima Virgem… Não deixava de acolher com esmero as sagradas palavras de seu Filho; o quê devemos fazer para tentar conservar em nossos corações a unção destas santas palavras”? (IX, 370).
  2. Maria é discreta: “...é manter-se retirada (o), como fazia a santíssima Virgem, sem fazer nenhuma visita inútil e falando pouco” (IX, 315).
  3. Maria é perseverante: “Perseverou em meio a todas as dificuldades que se apresentaram durante a vida e até a morte de Nosso Senhor” (X, 937).
  4. Sobre a visita aos pobres: “Há que fazê-la pensando somente em Deus e como a fez a Santíssima Virgem, quando foi visitar a Santa Isabel, isto é, com toda mansidão, com amor, com caridade” (IX, 246).

Consagrados em saída, um convite para levar Jesus!
Comentarista: Maria é a terra de encontro com Cristo e ela nos conduz até Ele, nos guia, nos cuida e nos acompanha em nosso caminhar rumo a Ele. Maria não apenas nos conduz para Cristo, mas traz, primeiramente, Jesus ao mundo e aos homens. É sua grande tarefa de Mãe de Deus. E em sua visita, a casa de Isabel realiza, por primeira vez, esta sua grande missão: leva a ela seu Filho. Rezemos juntos:
“Deus eterno e todo poderoso, em vosso imenso amor inspirastes Maria a visitar sua prima Isabel, quando trazia em si o Vosso Filho, concedei-nos por sua intercessão que, respondendo fielmente aos apelos de Vosso Espírito, procuremos amar eficazmente o próximo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém. Nossa Senhora da Visitação, Rogai por nós”! 
Canto: “Maria de Nazaré”
Maria de Nazaré, Maria me cativou
Fez mais forte a minha fé
E por filho me adotou
Às vezes eu paro e fico a pensar
E sem perceber, me vejo a rezar
E meu coração se põe a cantar
Pra Virgem de Nazaré
Menina que Deus amou e escolheu
Pra mãe de Jesus, o Filho de Deus
Maria que o povo inteiro elegeu
Senhora e Mãe do Céu
Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Mãe de Jesus!
Maria que eu quero bem, Maria do puro amor
Igual a você, ninguém
Mãe pura do meu Senhor
Em cada mulher que a terra criou
Um traço de Deus Maria deixou
Um sonho de Mãe Maria plantou
Pro mundo encontrar a paz
Maria que fez o Cristo falar
Maria que fez Jesus caminhar
Maria que só viveu pra seu Deus
Maria do povo meu

Comentarista: Finalizemos a nossa oração rezando juntos a oração pelas vocações vicentinas:
Esperança de Israel.
Esperança de Israel, seu Salvador no tempo da
tribulação, do alto do céu, dignai-vos lançar sobre nós um olhar propício. Vede e visitai esta vinha; inundai de águas fecundas todos os seus sulcos; multiplicai seus rebentos e tornai-a perfeita. Foi a vossa mão direita que a plantou.

A seara é verdadeiramente abundante, mas os operários são poucos. Nós vos pedimos, pois, a vós que sois o Dono da seara, que envieis operários para a vossa messe.

Multiplicai a família e enchei-a de alegria, a fim de que sejam edificadas as muralhas de Jerusalém.

É vossa esta casa, ó meu Deus! É vossa esta casa! Nela não haja, eu vos suplico, nenhuma pedra que não tenha sido colocada pela vossa santa mão.
E aqueles a quem vós chamastes conservai-os em vosso nome e santificai-os na verdade.

Amém!

Com Maria, rezemos a Vocação Vicentina. I Semana



Com Maria, rezemos a vocação vicentina!
Uma proposta para o Mês mariano – 2020 – 1ª Semana
Pe. Denilson Mathias, CM

Orientações:
·         Você poderá escolher um dia da semana para fazer essa oração sozinho ou em comunidade.
·         Ela pode ser adaptada para qualquer Ramo da Família.
·         Rezemos pelas vocações geradas em nosso tempo e por aquelas que já fizeram a sua adesão definitiva à Vida Consagrada Vicentina.
·         Este é o primeiro encontro, serão quatro para o mês de maio.
·         Prepare um ambiente agradável e favorável para um momento tranquilo de oração.

“Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim tua palavra”!

  • Comentarista: Neste primeiro encontro, no mês de maio, mês de Maria, queremos rezar a disponibilidade para o serviço e a fidelidade a Deus, que é fiel a nós. Assim como Maria, queremos renovar o nosso sim. Assim como Maria, queremos estar dispostos a ir e vir aonde Deus nos enviar. Como dizia São Vicente: “Não sou daqui nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus quer que esteja”.
  • Cantemos a fidelidade daquele que nos quis chamar: Aquele que vos chamou aquele que vos chamou.  É fiel, é fiel. Fiel é aquele que vos chamou!
Rezemos o coração aberto e sempre disponível de Maria!

Leitor 1: Maria, tão jovem e tão sensível aos apelos do Senhor. A jovenzinha de Nazaré ainda não sabia o que a esperava mais adiante, na sua jornada tipicamente vocacional. Apenas não teve medo, não titubeou e disse sim  quando a voz do Senhor lhe caiu bem clara ao coração. Maria é o protótipo para a nossa oração confiante: “Senhor, aquilo que tu queres e como queres, eu quero também”. Ouçamos com alegria a passagem da Anunciação.
Aleluia, aleluia / Aleluia, aleluia. Aleluia, aleluia / aleluia, aleluia (Bis)
No evangelho da vida / que nos traz a salvação, Jesus Cristo nos convida / e nos guia na missão.

Leitor 2: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 1, 26-38):
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!" Ela ficou intrigada com essa palavra e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação. O Anjo, porém, acrescentou: "Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim". Maria, porém, disse ao Anjo: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?“ O anjo lhe respondeu: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. Para Deus, com efeito, nada é impossível." Disse, então, Maria: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!" E o Anjo a deixou. – Palavra da Salvação!

Meditando no coração:
(Momento silencioso para refletir)
  1. O chamado de Deus é precedido pelo espírito da alegria: “alegra-te”. Alegro-me por ser chamado? Alegro-me pelos frutos da minha vocação? Ou, ao contrário disto, penso somente nas pedras do caminho?
  2. “Não temas”! O Espírito de Deus é capaz de tirar todo medo. Andamos carregando medo, na mochila da vida, ao longo do caminho? De que poderíamos ter medo? Quais são as coisas que tiram o foco da nossa resposta positiva a Deus?
  3. Para além das nossas situações pessoais, abrimo-nos à ação do Espírito do Altíssimo, que vem sobre nós, nos cobre com sua sombra e nos enche de Jesus Cristo? Temos confiado?
  4. Rememore a sua vocação. Lembre-se do sim livre e espontâneo dado no dia da sua partida para viver mais plenamente a sua vocação. Você pode rezar como na primeira vez, renovando a fidelidade no seu chamado pessoal: Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim tua palavra.
Cantemos ao Senhor
Senhor, chamaste-me, aqui estou! Chamaste-me, aqui estou! Ô, ô, ô! Ô, ô, ô! Chamaste-me, aqui estou!
·       
        Comentarista: Tendo meditado, no silêncio dos nossos corações, quais são as experiências que podemos compartilhar, desta escuta de nós mesmos e daquilo que o Espírito de Deus nos comunicou, neste momento? É hora de falar daquilo que o coração está cheio.

Iluminados por São Vicente
·       Comentarista: Vamos ler algumas frases vocacionais, de São Vicente, de depois de cada uma delas cantaremos o seguinte refrão:
 Ensina-nos a amar, Vicente de Paulo, ao pobre nosso irmão, como o amaste tu! (bis)
1.       Amar a Deus sobrenaturalmente: é amá-lo mais que todas as coisas, mais que pai, mãe, parentes, amigos, ou criatura qualquer; é amá-lo mais do que a si mesmo...” (IX,19)
2.       “Nossa vocação é ir não a uma paróquia e nem só a uma diocese, mas por toda a Terra; e para fazer o quê? Para inflamar o coração dos homens, para fazer o que fez o Filho de Deus, que veio para trazer o fogo ao mundo, para inflamá-lo com seu amor.”
3.       “Nesta vocação, vivemos em conformidade com Nosso Senhor, cujo fim principal ao vir ao mundo foi assistir aos pobres e cuidar deles; Misit me evangelizare pauperibus” (XI 108; XI, 33-34). 
4.       "Deus se serve de diferentes maneiras para chamar alguém a seu serviço; às vezes, as próprias aflições e cansaço do mundo dão vontade de deixá-lo. E quando a isso se soma as devidas disposições, é bom sinal de verdadeira vocação”. (XII, 737)

Encher-se de Deus é a melhor resposta.
·       Comentarista: Maria foi uma mulher vazia de si mesma e cheia de Deus. São Vicente aprendeu a esvaziar-se de si mesmo para se encher de Jesus, o evangelizador dos pobres. Somente quando nos esvaziarmos de nós, seremos cheios da graça de Deus e, assim, poderemos dizer constantemente SIM, como resposta fiel e duradoura. Rezemos juntos:
“Porque, quanto mais uma pessoa for humilde, tanto mais será caridosa com o próximo. O paraíso das comunidades é a caridade; a caridade é a alma das virtudes e é a humildade que as atrai e as conserva. Acontece com as Companhias humildes como com os vales, que atraem para eles toda a umidade das montanhas: logo que nos esvaziarmos de nós mesmos, Deus nos encherá de si, porque não tolera o vazio”. (SV XI,2) 

Canto: “Maria de Nazaré”
Maria de Nazaré, Maria me cativou
Fez mais forte a minha fé
E por filho me adotou
Às vezes eu paro e fico a pensar
E sem perceber, me vejo a rezar
E meu coração se põe a cantar
Pra Virgem de Nazaré
Menina que Deus amou e escolheu
Pra mãe de Jesus, o Filho de Deus
Maria que o povo inteiro elegeu
Senhora e Mãe do Céu

Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria, Mãe de Jesus!

Maria que eu quero bem, Maria do puro amor
Igual a você, ninguém
Mãe pura do meu Senhor
Em cada mulher que a terra criou
Um traço de Deus Maria deixou
Um sonho de Mãe Maria plantou
Pro mundo encontrar a paz
Maria que fez o Cristo falar
Maria que fez Jesus caminhar
Maria que só viveu pra seu Deus
Maria do povo meu
·     
         Comentarista: Finalizemos a nossa oração rezando juntos a oração pelas vocações vicentinas:
Esperança de Israel.

Esperança de Israel, seu Salvador no tempo da
tribulação, do alto do céu, dignai-vos lançar sobre nós um olhar propício. Vede e visitai esta vinha; inundai de águas fecundas todos os seus sulcos; multiplicai seus rebentos e tornai-a perfeita. Foi a vossa mão direita que a plantou.

A seara é verdadeiramente abundante, mas os operários são poucos. Nós vos pedimos, pois, a vós que sois o Dono da seara, que envieis operários para a vossa messe.
Multiplicai a família e enchei-a de alegria, a fim de que sejam edificadas as muralhas de Jerusalém.

É vossa esta casa, ó meu Deus! É vossa esta casa! Nela não haja, eu vos suplico, nenhuma pedra que não tenha sido colocada pela vossa santa mão.

E aqueles a quem vós chamastes conservai-os em vosso nome e santificai-os na verdade.

Amém!


terça-feira, 5 de maio de 2020

Cinco Rostos de Maria


Pe. Robert Maloney, CM


         1. Cinco rostos de Maria

         Sabemos poucas coisas sobre a Santíssima Virgem, porém é certo que esse pouco que sabemos nos abre muitas perspectivas. Evidentemente, Maria desempenhou uma função primordial na história de Jesus e teve uma enorme influência na história do cristianismo. O Credo proclama que “Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu de Santa Maria Virgem”. Seguramente, depois de Jesus, Maria é o personagem bíblico com mais influência sociocultural em nossos dias. Maria exerceu uma grande influência na piedade cristã. É a primeira entre os santos a quem dirigimos nossas vozes em orações de louvores e de súplica. Há alguma oração que se reze com mais frequência que a Avé Maria?

         No plano afetivo, Maria simboliza a escuta maternal para um número incalculável de pessoas, para as que, segundo expressão de um escritor moderno, é “ícone da ternura de Deus”.(1) A nível de atitude moral, os cristãos, ao refletir sobre o Novo Testamento, veem em Maria, o discípulo ideal, a primeira entre todos os santos.

         Sua influência deixou uma marca profunda na arte, na música e na poesia. Basta que lembremos alguns quadros célebres da Virgem, como as “Madonas” de Botticelli, Filippo Lippi e Murillo. E, seguro que todos já escutaram alguma vez magníficas Avé Marias como as de Schubert e Gounod, assim como inumeráveis hinos marianos. Dante, Shakespeare e Peguy colaboraram com um belo tributo poético à Virgem Maria.

         Mas sem dúvida, em nenhuma parte, a imagem de Maria floresceu tanto, como na imaginação popular. Um autor atual fala dos mil rostos da Virgem Maria(2). Neste breve texto apresentaremos cinco desses rostos. Convidamos-lhes, não só a refletir sobre o que exporemos, mas também a meditar conosco sobre esses rostos. Pinturas, ícones, mosaicos e imagens criadas em nossas mentes e em nossos corações tem um modo de falar que vai mais além das palavras.



         1.1. Myriam de Nazareth

          Elegemos para representar a Myriam de Nazareth, a maravilhosa “Virgem com o Menino” de Murillo (1617-1682). Mas ainda que seja tão bonita e a gostemos muito, reconhecemos que esta Virgem é mais europeia que a histórica Myriam de Nazareth. Ainda que não sabemos como era realmente Myriam, o quadro de Murillo nos apresenta a união com seu filho, algo central nos textos bíblicos que a descrevem e a profunda serenidade que emana dele.

         Com esta primeira imagem, refletiremos na Maria da história da que conhecemos tão somente um pouco. Permitam-nos tentar expressar o pouco do que podemos dizer historicamente da Virgem Maria.

         Na realidade, Maria se chamava Myriam, como a irmã de Moisés. Provavelmente nasceu em Nazareth, pequena aldeia de uns 1.600 habitantes, dos quais quase todos eram judeus. Se não nasceu ali, ao menos ali viveu uma grande parte de sua vida. A seu Filho, lhe chamaram “O Nazareno”, como aponta a inscrição colocada no alto da Cruz. O nascimento de Maria aconteceu, provavelmente, entre os anos 20 e 15 antes de Cristo. Ela, José e Jesus viviam em território ocupado por uma potência estrangeira: os romanos, conquistadores muito odiados pelos judeus. Com frequência, a atmosfera era tensa.

         Seu esposo José, e seu Filho Jesus, eram carpinteiros (3). A língua que falavam com eles, em casa, era o arameu, ainda que, cremos, que compreendesse também, um pouco do hebreu, que ouviam ler nos ofícios da sinagoga local. Há a possibilidade de também haverem chegando a entender algumas expressões gregas, coisa que devia ser útil no ofício de carpinteiro, porque muitos comerciantes daquela época, e naquela região do Império Romano, fala-se o grego.

         Como as mães da época, e das demais, teve que amamentar a seu Filho, cozinhar regularmente, fazer trabalhos domésticos. Teve que ir buscar água no poço ou nos lagos próximos. E claro, Maria como a maioria das mães, ensinou a seu Filho a andar e a falar, a orar e a fazer muitas outras coisas.

         Naquela época não era comum que as mulheres da Palestina estudassem; por isso, é provável que Maria não soubesse ler nem escrever. Seus conhecimentos eram orais, adquiridos através das tradições familiares, das que se vivia em casa, e através da leitura das Escrituras, assim como dos sermões que ouvia na sinagoga.

         Maria, José e Jesus eram pobres, mas como José tinha um ofício, sem dúvida não eram os mais pobres dos moradores da Galileia de sua época.

         Parece que José morreu antes do começo do ministério público de Jesus. Maria, no entanto, viveu durante dito ministério (4). A separação de Jesus, quando este empreendeu sua missão, foi dolorosa para ela. Marcos nos diz que a família de Jesus o tinha por louco (5), e que Jesus se negou a uma petição de sua família que queria lhe ver (6). Maria esteve presente na crucificação. Na época tinha provavelmente uns cinquenta anos. Ela viveu pelo menos os primeiros anos da lgreja (7).

         O que nos diz este primeiro rosto? Diz-nos que Maria esteve enraizada na vida real. Que foi uma de nossa raça. Como a maioria das mulheres de sua época, era muito trabalhadora, tinha pouca instrução e era bastante pobre. Era uma judia profundamente crente, cuja fé se alimentava da Palavra de Deus que escutava na sinagoga. Amava e cuidava a seu Filho e a seu marido. Conservava a casa em ordem. Provavelmente ela ajudaria de vez em quando na carpintaria. Seguro que foi doloroso para Ela quando seu Filho deixou o domicílio e empreendeu um ministério extraordinário. Indubitavelmente, teve alegrias com seus êxitos e experimentou angustia e sofrimento quando lhe condenaram como a um criminoso e lhe mataram. Todos podemos nos reconhecer nessa forma de vida. Que não foi fácil. Muito menos tão gloriosa. No entanto, há nela uma nobre beleza (8). Maria foi tão real que as pessoas de todos os tempos têm a certeza de que ela compreende suas alegrias, suas necessidades e suas tristezas.



         1.2. A discípula que escuta

          Aqui elegemos um ícone de Moscou do século XV chamado “A Mãe do Deus da Ternura”. Neste tipo de ícone, do que há muitos exemplos, a Mãe escuta atenta e tristemente enquanto o Filho lhe revela sua paixão e morte. O ícone alude a um assunto importante do Novo Testamento.

         O mundo moderno tem grande curiosidade pela história, mas os escritores do Novo Testamento concedem uma maior importância ao sentido de seus escritos.

         Com frequência, as Escrituras narram alguns fatos históricos fundamentais com relação a uma pessoa, não o bastante como para satisfazer nossa curiosidade moderna, e depois se centram no sentido que tem a vida da dita pessoa para nós, os crentes. Nas Escrituras, Maria é “o discípulo ideal, o ouvinte modelo”. Ela escuta a Palavra de Deus e a põe em prática. Este assunto é mais explícito no evangelho de Lucas. Nos dois primeiros capítulos de Lucas, Maria é evangelizada por Gabriel, Isabel, os pastores, Simeão, Ana e pelo próprio Jesus. Todos eles proclamam a Boa Notícia da presença de Deus e cantam os louvores da Bondade Divina. Lucas nos diz que Maria guardava todas estas coisas em seu coração e as meditava sem cessar (9).

         A resposta de Maria ao Gabriel é significativa: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (10).

         Lucas resume todo em uma bela e breve história: (11)

A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver.” Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.”

         O título, Maria como discípula que escuta, foi vista eclipsado, muitas vezes, por outros mais deslumbrantes atributos a Maria. Mas este é extraordinariamente importante. Na realidade, se encontra no centro da espiritualidade do Novo Testamento: todos os discípulos, como Maria, estão chamados a escutar atentamente a Palavra de Deus e a pôr em prática.

         O que podemos aprender deste segundo rosto de Maria? Podemos aprender a escutar. Além disso, pouco mais, Maria pode nos ensinar. Em sua raiz, ser discípulo significa ser “ouvinte da Palavra”. O conjunto da vida cristã pode resumir-se na frase de Lucas ao descrever Maria: “Ela escutava a Palavra de Deus e a colocava em prática”.



1.3. A Mãe de Deus

          Esta “Cena de Natal” de grande altura teológica, com sua motivação trinitária, procede de um artista da Escola de Bolônia, séc. XVII e XVIII. O quadro, cujo título: “Adoração do Menino com São Bernardo” reflete muitos assuntos das narrações da infância de Mateus e Lucas: a Providência de Deus, o Espírito, os Anjos, os sonhos de José a paz de Maria.

         A mariologia teve seus altos e baixos. O Evangelho de Marcos e alguns dos Padres da Igreja se interessam pouco por ela. Lucas e João, ao contrário, põem de relevo o papel que Maria desempenhou na história da salvação. Mas a mariologia teve um importante impulso quando, no ano 431 no Concílio de Éfeso, Maria foi proclamada “Mãe de Deus”. É este, certamente, o mais glorioso dos títulos de Maria.

         Porém, não é simplesmente um título Mariano, seu fim foi reafirmar a divindade de Jesus. Este título foi uma reação ao arianismo dos séculos IV e V que negavam a divindade de Cristo. A Igreja respondeu declarando claramente: Maria não é simplesmente quem deu a luz a um ser humano, profundamente espiritual, Jesus, senão que o Concílio de Éfeso afirmou: Maria deu a luz ao próprio Deus encarnado, o Cristo!

         Repetimos sem cessar este título na Ave Maria. Os ícones da Igreja do Oriente, onde este título nasceu e onde foi proclamado em Éfeso, representam Maria com o Menino Deus em seu seio ou junto a Ela, abençoando ao mundo e com frequência a vemos nos mosaicos, ao lado do Senhor ressuscitado e glorioso. Pela importância que tem este título, é fácil interpretá-lo mal. Tem uma longa história de controvérsias. Na idade ecumênica em que agora nos encontramos, é essencial lembrar que proclamar Maria como Mãe de Deus, é professar nossa fé na divindade de Jesus. Neste sentido, este título mariológico é profundamente cristológico.

         O que podemos aprender deste terceiro rosto de Maria? Podemos aprender que sua função foi singular. Maria foi, por assim dizer, a Arca da Aliança, a morada de Deus. Sua relação com a pessoa de Jesus é irrepetível: Ela foi sua Mãe; Ele é carne de sua carne. No entanto, os pobres sempre observaram, como Maria mesma canta no Evangelho de Lucas, que Deus a escolheu dentre eles (12). O Novo Testamento e a longa tradição da Igreja nos ensinam, que a relação única de Maria com Deus, em seu Filho, não procede só de sua relação física com Ele, senão de sua concepção prévia na fé. Escolhida entre os pobres, a união íntima de Maria com Deus procede de sua resposta: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Para os pobres, Maria é sinal de esperança. Nela, os humildes se veem exaltados e estão seguros de que, com sua ajuda, suas dores podem transformar-se em alegria e até a morte pode mudar-se em vida com a do Senhor Ressuscitado. Em Maria reconhecem que o abandonar-se em Deus, permite que Deus nasça de novo neles e em seu mundo.



         1.4. Nossa Senhora da Medalha Milagrosa
          Esta estatua de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa do século XIX está no altar maior do santuário da rue du Bac em Paris.

         Talvez vocês possam perguntar por quê damos um salto de catorze séculos desde o Concílio de Éfeso em 431, às aparições da rue du Bac em 1830. Elegemos a rue du Bac por duas razões: primeiro, porque é representativa de outras aparições, já que compartilha muitos elementos comuns com elas; segundo, a Medalha Milagrosa tem milhões de devotos em todo o mundo; terceiro teve um lugar muito importante na herança de nossa Família Vicentina.

         Claro, devemos ser muito prudentes com relação às aparições. Destas temos relatos abundantes. Só na França, se dizem que entre 1803 e 1899 Maria apareceu em vinte e um lugares. Muitas destas aparições já foram esquecidas há tempos. Entre 1928 e 1971 se falou de 210 aparições em diferentes lugares do mundo. A experiência da Igreja nos ensinou a ser muito prudente em conceder atenção excessiva a tais acontecimentos. Mas algumas delas, como a devoção em relação com a rue du Bac, Lourdes e Fátima, (13) receberam certa aprovação e alento oficiais.

         Com relação a todas estas aparições, os crentes tem que recordar dos princípios fundamentais:

1.      Só as Sagradas Escrituras, interpretadas segundo a tradição da Igreja, são revelações públicas de Deus; as aparições não adicionam uma nova revelação necessária para nossa salvação. O centro da fé cristã reside sempre em escutar a Palavra de Deus, como a revelam as Sagradas Escrituras, e pô-la em prática, como fez a Santíssima Virgem.

2.      As aparições, as mensagens que levam e as preces que propõem, pertencem ao terreno da devoção privada. São um modo de concretizar e expressar nossa fé. Em sua condição de devoções privadas, quanto mais relacionadas estão aos mistérios centrais de nossa fé, quanto mais podem servir-nos de ajuda.

As aparições transmitem, popularmente, uma mensagem que concreta a fé ou a moral cristãs, cujas raízes se acham nas Escrituras. Repetem com força: "Convertam-se, buscai a paz, contemplai o amor Jesus que sofre, rezai fiel e insistentemente, imitai a Maria Mãe de Jesus." Naturalmente, todas essas mensagens já se encontram explicitamente nas Escrituras. Nesse sentido, as aparições não são necessárias para nossa salvação. Ninguém está obrigado a crê-las. Sua popularidade cresce e decresce. Mas se produzem repetidamente, porque a imaginação popular necessita ver-se cativada, e todos necessitamos recordações.

A visão de Santa Catarina Labouré, em 1830, ofereceu uma expressão popular e um impulso potente ao dogma da Imaculada Conceição, que Pio IX proclamou vinte anos mais tarde, em 1854. Certamente sem Catarina Labouré, os cristãos de todo o mundo nunca haveriam rezado tantas vezes: “Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!”. Rue du Bac segue atraindo fiéis (na realidade, a milhões anualmente), para meditar na Imaculada Conceição da Virgem Maria, em sua união a graça do Senhor e para pedir a Maria, a primeira entre todos os santos, que rogue por nós e por nossas necessidades.

Além disso, a medalha sempre atraiu de maneira especial aos pobres, aos humildes. Nos tempos de Santa Catarina foram cunhadas e distribuídas, até as regiões mais distantes do mundo, mais de mil milhões de medalhas. Foi o povo quem lhe deu o nome de “Medalha Milagrosa”. Nascida em uma época de racionalismo, a medalha proclamou a necessidade de símbolos para expressar a fé, o amor, o compromisso. Cunhada em um tempo que pretendia encontrar explicações científicas para tudo, a medalha proclamava o cuidado amoroso e providente de Deus por todo ser humano (14). De um modo especial, é um símbolo para os pobres, que evocam sua confiança no Deus que os escuta (15). As aparições como as de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa nos recordam que o cuidado amoroso de Deus necessitou, e continua necessitando, encontrar uma expressão humana no mundo, especialmente por meio dos místicos e dos santos.



1.5.   A Madona Negra e de todas as cores
         O famoso ícone, que chegou a Czestokowa em 1832, tem uma longa e importante história na piedade da Polônia.

         Alguns poderão se perguntar por quê, entre os mil rostos de Maria, escolhemos este para o final.

         A razão é muito simples. Hoje os documentos da Igreja falam sem cessar de enculturação. Este foi tema das assembleias generais de muitas comunidades missionárias. A fé cristã é muito maleável e a imaginação cristã muito criativa. Por isso, a devoção mariana se enculturou inumeráveis vezes em muitas culturas. Recentemente, no Seminário da CM, em Java, se ver uma pintura que representa a uma Virgem Maria de Indonésia. E há também Virgens chinesas, filipinas, africanas, etc. Todos vimos Nossa Senhora de Guadalupe e talvez outras muitas Virgens Latino-americanas.

         Em tudo isso há algo assombrosamente paradoxo. Em nível intelectual sabemos que Maria era uma mulher pobre judia. Não era negra, nem tinha aspectos chineses ou indígenas. Também sabemos que não usava as magníficas roupas europeias com que Murillo ou Filippo Lippi a representaram. Seus traços eram muito semelhantes aos das mulheres judias ou palestinas que vivem hoje nessas regiões. Seus vestidos eram os dos pobres. Tudo isso o sabemos. Mas a imaginação popular sempre quis fazer Maria mais e mais próxima de nós; e deu-lhe as características da comunidade crente. Ela é nossa Mãe, por isso o negro gosta de vê-la negra; o índio, índia; o europeu, europeia; o chinês, chinesa; o mexicano, mexicana. Octavio Paz, em uma ocasião, se expressou assim: “Nossa Senhora de Guadalupe é sinal no qual cada época e cada mexicano leu seu destino” (16). Os mexicanos a chamam “A moreninha”, um termo afetuoso à Virgem Morena, a quem tanto amam (17).

         Esta “Maria multicultural” se inspira especialmente nas palavras da Esposa do Cântico dos Cântaticos: “Sou morena, mas formosa" (18). Esse assunto floresceu na África do Norte e na Etiópia, assim como na Ásia Menor; também há Madonas negras na França, no Brasil e em outros muitos países. A mais famosa “Madona Negra”, é o célebre ícone de Jasna Gora, em Czestochowa, que se converteu em símbolo central da devoção popular da Polônia. Curiosamente, o rosto enegrecido da Virgem, neste ícone foi resultado da fumaça, e não da cor da pele em si, mais para os poloneses esta cor é o símbolo dos sofrimentos que Maria suportou de maneira heroica, esperando contra toda desesperança. A causa do atrativo universal que Maria suscita, converteu-se em uma potente força de enculturação (19) litúrgica e artística, ao adotar de maneira natural os vestidos e a cor da pele dos povos.

         O que poderíamos aprender deste quinto rosto da Virgem? Podemos aprender a ser criativos e sensíveis ante as diferencias cultuais. São Vicente de Paulo escreveu em uma ocasião “É nessas pobres pessoas que se conserva a verdadeira religião” (20). A forma de sua religião é muito menos cerebral que a dos teólogos. Claro, a religião popular tem o perigo dos abusos, mas também podemos fazê-la nossa teologia. Os pobres sentem espontaneamente o importante que é a enculturação. Reconhecem que o essencial não é que Maria tenha vivido no território de Israel moderno e que a cor de sua pele seja semelhante ao das pessoas do Oriente Médio atual. O essencial é que Ela foi uma de nós (e este “nós”, significa europeu, africano, americano, oceânico e asiático); que respondeu afirmativamente e com todo seu coração ao chamado de Deus; que Deus acolheu sua vida fazendo nascer-Se de sua carne, e que ela permaneceu firme na fé através das alegrias e das tristezas da vida. A Madona Negra (e de todas as cores) facilitam a muitos ver a história de Maria como aplicável a qualquer tempo, a qualquer lugar ou a qualquer cultura.

         Oferecemos esses cinco rostos de Maria como um modo de refletir sobre a riqueza e variada tradição que rodeia Maria, bem como, para que descubramos o valor da entrega, do sim diário, do dar e do dar-se. Concluímos recordando o que disse Jesus ao discípulo amado: “Eis aí a sua mãe” (21). Eis aí seu rosto, permitam-lhe que lhes fale.


Referências:
1. María Chiara Stucchi: -La Bellezza e la Tenerezza di María in Vita Consecrata-, Religiosi in Italia (# 300 mayo-junio 1997).
2. Cf. George Tavard: The Thousand Faces of the Virgin Mary - Los mil rostros de la Virgen (Collegeville, Minnesota) y Jaroslav Pelikan: Mary through the Centuries (New Haven, Connecticut).
3. Cf. Mc 6,3; Mt 13,55.
4. Mc 3,31; Jn 2,1-12.
5. Cf. Mc 3,21.
6. Cf. Mc 3,31-35.
7. Cf. Jn 19,25; Hech 1,14.
8. Con relación a hechos históricos referentes a María, ver: John P. Meier: A Marginal Jew (New York, 1991), y Raymond E. Brown, Kari P. Donfried, Joseph Fjtzmyer y John Reuman: Mary in the New Testament. (Philadelphia and New York Fortress Press and Paulist Press, 1978).
9. Cf. Lc 2,19; 2,51.
10. Lc 1,38.
11. Lc 8,19-21.
12. Cf. Lc 1,46-55.
13. Pelikan, op. Cit. Cita diez apariciones que han recibido alguna forma de aprobación eclesiastica. Cf. Págs. 178-179.
14. John Prager: María de los pobres, una relectura de la Medalla Milagrosa desde la perifería, CLAPVI XXIII, nº 96, julio-diciembre de 1997, 171-179.
15. Cf. René Laurentin: Vie de Catherine Labouré (DDB: París, 1980) y Catalina Labouré y la Medalla Milagrosa - 2 Proceso de Catalina (Dessain et Tolra: París, 1979).
16. Octavio Paz, citado por Jacques Lataye: Quetzalcoalt and Guadalupe. The formation of Mexican National Consciousness, 1531-1813 (Chicago: University of Chicago Press, 1976).
17. V. Elizondo: La Morenita, Evangelizadora de las Américas (St. Louis: Ligouri, 1981).
18. Ct 1,5.
19. Sally Cunneen: In Search of Mary (New York, Ballantine Books, 1996).
20. San Vicente: Repetición de oración del 24-7-1655 (Síg. XI/3, 120).
21. Jn 19,27.