sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CLAPVI BRASIL 2014


por Cleber Teodosio – Propedeuta PBCM

Nos dias 24 a 29 de agosto de 2014, aconteceu no Caraça – MG (Fazenda do Engenho) a Conferência Latino Americana das Províncias Vicentinas – CLAPVI, cujo tema: “Teologia da Missão” e lema: “Dá-me uma pessoa de oração e ela será capaz de tudo” (SVP). Participaram do evento 52 pessoas entre padres, irmãs e seminaristas, e uma leiga, a Psicóloga da Província Brasileira da Congregação da Missão - PBCM, provenientes dos seguintes países: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Espanha, Honduras, México Paraguai e Peru.

O encontro começou com uma missa no dia 24, à noite, presidida por Pe. Geraldo Mól, CM - Visitador da PBCM, que acolheu a todos, deixando-os a vontade, “sintam-se como se estivessem em suas próprias casa”, afirmou o anfitrião. No dia 25, depois da Lectio Divina e dinâmica de apresentação pessoal os presentes foram agraciados com uma conferência com o tema: “A Vocação do Missionário” proferida por Pe. Getúlio Grossi, CM, da Província do Rio. O mesmo introduziu a reflexão com um fragmento de São Vicente de Paulo (SVP XI, 1) e seguiu comentando sobre o que o Santo chamou de “Estado dos Missionários”, caracterizando-o como um estado apostólico e cristão, exodal e de caridade.
          
Nos dias 26, 27 e 28 a assessoria ficou por conta do Pe. Paulo Suess – teólogo alemão que vive no Brasil há muito tempo, quem ministrou a Conferência Magna: “Teologia da Missão”, onde orientado pelos documentos da Igreja e os legados dos Santos Padres, em especial, do Papa Francisco, sinalou que:
·        A centralidade de Deus Uno e Trino é o ponto de partida de toda reflexão teológica;
·        Deus se revela de muitas maneiras e dirige sua Palavra aos povos, e esses são convocados a seguir a Cristo, que é luz;
·        O povo de Deus tem uma missão pública, histórica e profética, ao serviço dos pobres;
·        A Igreja é, antes de qualquer estrutura hierárquica, povo de Deus;
·        O Concílio Vaticano II articula a liberdade religiosa com a dignidade da pessoa humana.
Bem como convidou os assistentes, dentre outras, a:
·        Uma conversão pessoal e comunitária;
·        Acolher as pessoas e ao Evangelho; é necessário inscrever-nos na escola dos Pobres e ser bons alunos;
·        Caminhar juntos, reconhecer e acolher as diferenças, a pluralidade do mundo; incorporar as mudanças;
·        Focar na Mudança de Estruturas, a partir do interior da própria Família Vicentina;
·        Permanecer, deter-se, e ficar, pôr-se em movimento, sair e caminhar.

O jantar do dia 28 aconteceu no Caraça, onde também se pôde surpreender com a visita do Lobo Guará, e participar da missa das 20h no Santuário Nossa Senhora dos Homens.

No dia seguinte, 29, depois da eucaristia matinal e de encerramento do encontro, os participantes da CLAPVI visitaram as cidades históricas: Mariana e Ouro Preto, ambas em Minas Gerais, Brasil, retornando às suas casas no final da tarde.
            Como sinalamos, os materiais repassados foram proveitosos e diversos. Escolhemos abaixo um dos textos trabalhados que se trata da Intervenção do cardeal Bergoglio durante o pré-conclave. Boa leitura!

                                   “A suave e confortadora alegria de evangelizar” (EN 80)



Fez-se referência à evangelização. A razão de ser da Igreja é “a suave e confortadora alegria de evangelizar” (Paulo VI). É o próprio Jesus Cristo quem, a partir de dentro, nos impulsiona.

1. Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe na Igreja a parresía de sair de si mesma. A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria.

2. Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial e então adoece (cf. a mulher encurvada sobre si mesma do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz na autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico. No Apocalipse Jesus diz que está à porta e bate. Evidentemente, o texto se refere ao fato de que Jesus bate do lado de fora da porta para entrar... Mas penso nas vezes em que Jesus bate do lado de dentro para que o deixemos sair. A Igreja autorreferencial quer Jesus Cristo dentro de si e não o deixa sair.

3. A Igreja, quando é autorreferencial, sem se dar conta, acredita que tem luz própria; deixa de ser o mysterium lunae e dá lugar a esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual (Segundo De Lubac, o pior mal que pode sobrevir à Igreja). Esse viver para dar-se glória uns aos outros. Simplificando: há duas imagens de Igreja: a Igreja evangelizadora que sai de si – a Dei Verbum religiose audiens et fidenter proclamans, ou a Igreja mundana que vive em si, de si e para si. Isto deve dar luz às possíveis mudanças e reformas que tenha que fazer para a salvação das almas.


4. Pensando no próximo Papa: um homem que, a partir da contemplação de Jesus Cristo e da adoração de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da “doce e confortadora alegria de evangelizar”.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O TERÇO MISSIONÁRIO - A CM no mundo hoje.




Todos os dias do ano são bons para rezar o Rosário e fazer Missão, apesar da Igreja Católica nos convidar a intensificar as nossas orações nos meses de Maio e de Outubro. Hoje é uma boa oportunidade para aprofundarmos, com a ajuda de Maria, a dimensão missionária da nossa fé. Uma maneira muito simples de fazer isso é através da oração, pessoal e comunitária de Rosário. Dele, o Papa Paulo VI dizia: "é uma síntese do Evangelho, é uma das orações mais lindas do cristão ... é provavelmente a mais importante forma de oração dedicada à Virgem Maria, uma escola de vida espiritual centrada no Evangelho" (Marialis Cultus, 44). São Vicente de Paulo tinha um carinho especial pelo Rosário. Em 26 de janeiro de 1645 evoca o exemplo de São Francisco de Sales - SFS: "O nosso bem-aventurado pai (FSS), dizia: ‘se eu não tivesse a obrigação do santo ofício, só teria dito a oração do rosário.’ O recomendou muito, ele mesmo rezou-o durante 30 anos seguidos, para alcançar a pureza de Deus que lhe deu a sua Mãe Santíssima e também para morrer bem. Portanto, minhas filhas rezem o rosário, que é uma devoção muito bela, especialmente para Filhas da Caridade, que têm tanta necessidade da assistência de Deus para ter esta pureza, que lhes é tão necessária. "(IX, 212-213).

Na realidade, o Rosário não se opõe à meditação da Palavra de Deus ou a oração litúrgica, mas é um complemento natural e ideal, em particular como preparação e agradecimento à celebração eucarística. Se a Eucaristia é para o cristão o centro da vida, o rosário contribui para alargar a comunhão privilegiada com Cristo e para a educação de viver com os olhos postos n´ Ele, para irradiar a todos especialmente, o seu amor misericordioso.
Para enfatizar a dimensão universal e missionário desta oração mariana popular, o Bispo Fulton Sheen, arcebispo norte-americano, teve a ideia de um Rosário Missionário. O rosário é uma oração que por intercessão de Maria, pede-se ao Pai pelas intenções e necessidades do mundo inteiro. A cada cor corresponde um mistério e em cada mistério tem uma intenção sobre cada continente.
1º Mistério - Cor verde representa África. A cor verde, lembra as florestas verdes habitadas pelos nossos irmãos africanos.
2º Mistério - Cor vermelho, representa a América. A cor vermelha simboliza o sangue derramado pelos mártires que deram as suas vidas para a evangelização do continente.
3º Mistério - Cor branco, reza-se pela Europa. O branco, que lembra a raça ariana, nativa do continente e da cor das vestes do Papa, que também tem a sua na Europa.
4º Mistério - Cor azul, reza-se pela Oceania. A cor azul relembra as milhares de ilhas espalhadas nas águas azuis do Oceano Pacífico.
5º Mistério - Cor amarelo, reza-se pela Ásia. A cor amarela lembra-nos este continente, em grande parte, porque está povoado por pessoas desta cor.
               
Deste modo, ao terminar o Rosário, ter-se-á abraçado com a oração toda à humanidade. Assim, dia a dia, a nossa oração vai deixando de ser egoísta e mesquinha, tornar-se-á aberta a todas as necessidades e todos os sofrimentos do mundo. Porque, como João Paulo II ensinava: "A oração do Rosário é uma oração do homem e para o homem: é a oração da solidariedade humana, que reflete o espírito e a intenção da primeira redimida: Maria". Ela, a grande missionária, quer chegar primeiro àqueles que ainda não receberam a semente da fé. Ela, a Senhora do Globo, quer agir onde Cristo não está presente, onde ainda não é visível o seu Corpo Místico. Ela quer ser o Advento, onde ainda não há Natal. Por isso, como apareceu a Santa Catarina Labouré, ela apresenta ao Senhor o mundo inteiro, suplicando para que os frutos da sua Redenção cheguem a toda à humanidade.

Forma prática de rezar o terço:
- Começa-se com o Sinal da Cruz e Credo dos Apóstolos,
- Reza-se um Pai Nosso, três Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória,

Ø Primeiro mistério: Neste primeiro mistério, vamos recordar o continente Africano, com mais de 900 milhões de pessoas, para que o seu profundo sentimento religioso possa facilitar a plenitude da revelação de Cristo.

- Informação sobre o continente: África é um continente que vive punido pela violência. Muitos dos povos e grupos étnicos do continente confrontam-se em guerras sangrentas tornando a vida muito difícil para todos. A aids e as doenças endêmicas são guerras silenciosas que matam um milhão de africanos. Muitos países africanos recentemente conseguiram a independência, durante séculos foram reféns do colonialismo europeu e consequência disso houve pouco desenvolvimento econômico e cultural. A pobreza é bastante acentuada neste continente. Dos 47 países menos desenvolvidos do mundo, 31 são Africanos. A Igreja Católica é uma minoria na África. Dos 993 milhões de habitantes do continente, apenas 179 milhões são católicos (18%). É o continente que tem a menor percentagem de sacerdotes: há um sacerdote para cada 4.881 católicos. A Congregação da Missão - CM está presente na África com 06 províncias (Republica Democrática do Congo, Etiópia, Madagascar, Moçambique, Nigéria e Eritreia), com 359 membros. Os esforços e sacrifícios dos missionários conseguiram que África seja, hoje uma Igreja viva e jovem, com um número de vocações crescente e comunidades cristãs muito promissoras. A CM tem 141 estudantes admitidos no continente.
Em nossa humilde súplica e oração por intercessão da Virgem Maria, Rainha de África, concede Senhor, aos nossos irmãos africanos o dom da fé.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Segundo mistério: Lembremo-nos especialmente neste segundo mistério do continente Americano, o "continente da esperança", que registra a maior percentagem de católicos, mas sofre com a pobreza de seus mártires e uma escassez de agentes pastorais.

- Informação sobre o continente: Na América vive-se uma grande contradição: algumas pessoas são muito ricas e muitas outras são extremamente pobres. 11% da população é composta por minorias indígenas, que tentam manter a sua identidade e reivindicar seus direitos, o que lhes têm sido negado durante séculos. A Igreja Católica americana é a maior do mundo. Metade dos católicos do mundo vive nas Américas (mais especificamente na América Latina). Num total de 921 milhões de pessoas, 582 milhões são católicos (63%). É por isso que o Papa disse que a América é "a grande esperança da Igreja, que deverá tornar-se missionária para o resto do mundo." Apesar disso, depois de África, é o continente com a menor representação pastoral: há um sacerdote para cada 4.778 católicos. No entanto, a ameaça mais grave para a Igreja americana é o rápido crescimento das seitas evangélicas, todos os dias desaparecem muitos grupos católicos. A Congregação da Missão está presente na América com 17 províncias (Argentina(APU), Brasil (Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro), Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos (Este, Nova Inglaterra e Oeste), México, Peru, Porto Rico, Venezuela e América Central) com 1096 membros, e 103 estudantes admitidos. Apesar do cristianismo ter chegado há 500 anos, ainda hoje, em muitas partes da América há necessidade de missionários para uma primeira evangelização, enquanto em outras partes é urgente recristianizar a população.
A Virgem de Guadalupe, Imperatriz da América, concede que os nossos irmãos americanos sejam discípulos e missionários dos seus povos e para que estes tenham a vida em Cristo.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Terceiro mistério: Oferecemos este terceiro mistério pela Europa, para que possa voltar às fontes da sua fé, que se esfriaram ao longo dos séculos e reforçar o seu dinamismo missionário.

- Informação sobre o continente: Os países mais desenvolvidos estão na Europa, embora haja focos de pobreza neste continente. Historicamente, a Europa foi o continente Católico, por excelência. Decisivamente influenciado pelo fato de que a Igreja, desde o início teve a sua sede em Roma (agora na Cidade do Vaticano), e que a maioria dos reinos que se formaram na Europa tiveram o catolicismo como religião oficial. No entanto, nos últimos séculos, a situação mudou bastante. Dois fatores influenciaram essa mudança. Primeiro, o surgimento do Protestantismo no século XVI, que dividiu os cristãos, de modo que países inteiros se voltaram para o protestantismo. Em segundo lugar, a Revolução Francesa e o Racionalismo fizeram surgir as repúblicas que agora compõem a Europa, a fé foi apagando-se gradualmente em todo o continente e as pessoas começaram a abandonar a fé, de tal modo que já nem se fala de Deus (isto é, o que é conhecido como "secularismo": um mundo sem Deus). Hoje, os católicos já não são uma maioria na Europa. Dos 710 milhões de pessoas, apenas 284 milhões são católicos (40%). É o continente com a maior porcentagem de sacerdotes (há um sacerdote para cada 1.486 católicos), mas com uma grande crise de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. A Congregação da Missão está presente na Europa com 19 províncias (Alemanha, Áustria, Eslováquia, Eslovênia, Espanha (Barcelona, Madrid, Salamanca e Zaragoza), França (Paris e Tolusa), Holanda, Hungria, Irlanda, Itália (Nápoles, Roma e Turín), Polônia, Portugal e SS Cirílio e Metódio), com 1172 membros, e 73 estudantes admitidos.
Virgem Maria, mãe da Europa, dá a este continente que se converteu em terra de missão, o poder de se reencontrar nas suas raízes cristãs, de modo que ao redescobrir a beleza do Evangelho, continue a dar muitas vocações missionárias para a Igreja.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Quarto Mistério: Oferecemos este mistério pelo longínquo e pequeno conjunto de ilhas chamado Oceania, de modo que os seus numerosos habitantes possam ser iluminados e guiados pela luz do Evangelho.

- Informação sobre o continente: A Oceania é o menor continente do mundo. Caracteriza-se pela diversidade de muitas culturas. Durante séculos foi povoada por um grande número de tribos nativas (5.000) com culturas, dialetos e várias religiões indígenas diferentes. A Oceania pertenceu ao Império Britânico por muitos anos pelo que não era permitida a entrada de missionários católicos até 1845. Por isso a evangelização sistemática na Oceania começou há menos de 200 anos (muito pouco tempo) a um total de 35 milhões de pessoas, apenas 9 milhões são católicos (26%). Os outros 58% pertencem às igrejas protestantes e o resto é dividido por muitas pequenas religiões indígenas. Embora seja o continente menos populoso do mundo, tem a maior percentagem de sacerdotes, há um sacerdote para cada 1.984 católicos. A Congregação da Missão na Oceania marca presença com uma província (Austrália) com 45 membros e 19 estudantes admitidos. Mas a Igreja na Oceania está ainda no seu início, ainda há muito que fazer.
Nossa Senhora dos Oceanos, confiamos-Te os irmãos deste continente, para que os guies até o teu Filho, de modo que encontrem n´Ele a salvação e a verdadeira alegria. A nós, que concede-nos a força para sacrificarmo-nos a fim de alcançar a fecundidade apostólica da ação missionária nestas ilhas distantes e ainda tão desconhecidas.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

Ø Quinto Mistério: Oremos pela Ásia neste quinto mistério, que a Virgem Maria volte os seus olhos para o continente mais populoso do mundo, onde os católicos representam apenas 2% da população e a Igreja é perseguida e maltratada.

- Informação sobre o continente: A Ásia é o continente mais populoso do mundo, tem 4.115.000 habitantes, a maioria são crianças e jovens. 80% da sua população vive abaixo da linha da pobreza. Na Ásia muitas pessoas morrem de fome. Outro problema que caracteriza este continente é a discriminação da mulher, um fato insustentável e que se estende a todos os níveis da sociedade. A Igreja Católica da Ásia é a menor do mundo e onde há maior potencial de crescimento, quer pela ignorância cristã, quer pelo grande espaço físico em si. De um total de 4.115.586 mil milhões de pessoas, apenas 126 milhões são católicos (nada mais que 3% da população). Poderíamos dizer que "este é o continente onde Cristo está mais ausente", onde é mais desconhecido e perseguido. Não só por causa da diversidade de antigas tradições religiosas (Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, etc.), mas também porque muitos católicos asiáticos são perseguidos pelas igrejas oficiais, e veem-se obrigados a viver a sua fé na clandestinidade. Nos últimos anos, têm-se assistido a uma aproximação significativa entre a Santa Sé e a Igreja na China. Neste continente a Igreja precisa redobrar os seus esforços para continuar o trabalho de muitos missionários e mártires da fé. A Congregação da Missão está presente na Ásia com 07 províncias (China, Filipinas, Índia (Norte e Sul), Indonésia, Oriente e Vietnã), com 580 membros, e 201 estudantes admitidos.
Virgem Imaculada, Mãe do sol nascente que é Cristo, olha com bondade para estes irmãos tão desejosos de Deus e suscita novos evangelizadores nesta terra imensa.
- Em seguida, rezar um Pai Nosso, 10 Ave-Marias, um Glória e uma jaculatória.

- O terço é concluído com um agradecimento e uma Salve Rainha
- Rezar um Pai Nosso pela Igreja Universal e três Ave-Marias, seguidas da jaculatória:

"Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!" para que em nossa Congregação aumente o amor, o espírito missionário e o seguimento de Jesus, Evangelizador dos pobres, além-fronteiras. 

Fontes: 
secretariadojmv.org
Revista Vicentiana año 58. Nº2, abril-junio 2014. Estatística do ano 2013

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

VOCAÇÃO: CHAMADO E RESPOSTA


“Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constitui,
para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça.”
(Jo 15, 16)

Mesmo não estando no mês vocacional, ou em alguma campanha do tipo, jamais devemos nos cansar de falar de vocação. Não sou nenhum teólogo ou estudioso graduado nesse tema, apenas um simples “propedêuta” da Congregação da Missão, que decidiu se colocar a serviço, arriscar, apostar. E que vem, por meio dessas modestas e humides palavras, tentar, ao menos de forma superficial, colocar no papel parte de seu simplório trajeto. Sei que os testemunhos além de ajudar, arrastam (cf 1Cor 11,1). Quero deixar claro que não tenho a mínima intenção de me colocar como exemplo de vivência perfeita, também nem teria como, pois, não tive e nem o sou, mas, como já disse sabiamente São João Crisóstomo: “Os que ardem de amor espiritual, nunca se cansam de o declarar”, e é esse o meu ideal.

Conformando-nos com definições cabais, nos autointitulamos preguiçoso, sendo assim, tentarei, de forma básica, dar pistas do que seja vocação. Um termo derivado do latim "vocare" que significa chamamento, ato de chamar. Tem também o significado de tendência, pendor ou disposição.

Seja para viver o matrimônio, constituindo assim uma família, ou para se consagrar inteiramente a Deus e aos irmãos, se doando por uma missão, o certo é que todos possuimos uma vocação e esta é sempre para uma missão, portanto tem uma finalidade, idependente da função ou do ministério exercido.  Escreveu o Papa Francisco: “A vocação é fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns aos outros, que se faz serviço recíproco, no contexto de uma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si”.

Num lar, convento, seminário, paróquia ou em outra linha de atuação específica, a nossa vida deve refletir, inteiramente, o Deus Amor, Esperança e Salvação, em suas Três Divinas Pessoas, visando sempre o Reino dos Céus, para todos preparados. Em seus dois eixos, falamos de vocação fundamental quando nos referimos ao chamado de cada pessoa à vida, a ser cristão, filho de Deus, na Igreja. Já a vocação específica é a forma que cada pessoa realiza a sua vocação fundamental de forma leiga, religiosa ou sacerdotal. Nos fixaremos de forma mais intensa na vocação sacerdotal/religiosa.

Normalmente a vocação é inquietante, e gera certo “formigamento” no coração e na alma, às vezes paralisantes para muitos jovens. Conheci de perto, senti e vivi na pele, cada uma dessas experiências. Essa inquietação, na verdade, é um desejo de buscar respostas, ou melhor, de dar uma resposta, já que vocação é chamado; é aquela voz interior que fica ressoando em nossos ouvidos de forma incessante e insistente. E se alguém chama é necessário que outro responda.

Comparemos essas características com o início de uma paixão ardente, em que nos tornamos “enamorados da santidade, do brilho, do encanto e da formosura da alma” (São João Crisóstomo). Lembro-me claramente disso a partir do momento em que me considerei e me aceitei como vocacionado ao sacerdócio. Era uma verdadeira confusão, um emaranhado de sentimentos, uma saudade por algo ainda desconhecido. Não me cabia mais em nenhum lugar, nem mesmo na minha própria casa, no meu próprio quarto. Sentia-me submerso por uma expessa mistura de confiança desconfiante, medo seguido de coragem. Meio paradoxal, confuso, mas próprio do momento, do novo horizonte que surgia; quem passou e passa sabe bem como é.

Dei o primeiro e decisivo passo. Procurei dicernir tudo isso. Logo pensei: “Vou em quem entende do assunto”. Procurei a minha Arquidiocese, algumas Congregações e me submeti ao processo proposto. Mas sinceramente, até hoje não tenho todas as respostas, ou certeza plena de nada. Creio que nunca as terei, pois essa plenitude só cabe ao Deus Altíssimo. Quem sabe um dia, face a face com Ele... Mas lá no fundo, hoje, um pouco mais maduro, sinto que estou na direção certa, que devo continuar, persistir, e perseguir essa promessa (cf 2 Cor 1, 19-20, Sl 89,34, Js 23,14).

Infelizmente, muitos, se deixam dominar pela sensação de medo, permancem paralizados. Mas tenhamos a certeza que o tempo passa, porém o desejo segue e continuará até que tenhamos isso resolvido conosco mesmo. Tive a honra de conhecer, neste ano, um noviço, de aproximadamente 54 anos, que me contou parte de sua história e o quanto se arrepende por ter “perdido” tanto tempo, não tendo saído antes a procura desse entendimento. É a chamada Vocação Tardia, ou segundo o novo termo, Vocação Madura.

É necessário que busquemos, incansavelmente, entender e decifrar esse mistério com que nos deparamos vez ou outra. Ora adormecem, ora acordam e nos incendeiam. Clamemos sempre ao Senhor pela graça de um saudável discernimento. Se sentirmos o chamado, coragem, vamos a luta! Não esperemos proclamações sobrenaturais, como a decida dos céus à terra do Anjo Gabriel ou da Leigião do Santos Anjos para nos dizer qual a vontade de Deus para conosco. Deus se comunica de diversas formas, mais ordinariamente do que extraordinariamente. Bastar pararmos e observarmos o mundo à nossa volta, os simples acontecimentos. As ovelhas do Bom Pastor clamam por bons ministros e Cristo nos chama: “Vede, visitai e trabalhai na Minha vinha!”

Não nos deixemos contaminar pelos ruins testemunhos, pelos maus ministros, por aqueles que não deram um “sim” de forma sincera. Os tenhamos em vista para saber o que NÃO deveremos fazer caso persistamos na graça e sejamos, um dia, ordenados Sacerdotes. A “fumaça de satanás no templo de Deus” (Paulo VI) está aí, não tem como negá-la. Aprendamos a conviver sem nos tornarmos como um deles. Para isso nos protejamos com a armadura do cristão (cf Ef 6, 10-20). Sejamos diferentes. Não mais um! Procuremos viver em santidade, a exemplo dos santos, da Sempre Virgem Maria Santíssima, imitando o mestre Jesus. Ele deve ser nossa meta, nosso principal modelo.
               
Não queiramos ser ministros que preguem “achiologias”. Que façam aquilo que lhes convém. Devemos aceitar a proposta do Mestre como um todo. Com todas as exigências pedidas e reveladas. Sendo como Ele pobre, casto e obediente aos legítimos superiores por Ele constituídos. Nunca perder de vista os ensinamento da Santa Mãe Igreja é essencial, e isso exige de nós um comprometimento verdadeiro, ainda mais radical. Toda escolha exige de nós renúncias e toda decisão gera consequências. Arquemos com elas. “Por sua fé supera esse espetáculo desanimador, levanta seus olhos para o Rei dos Céus, enconraja a sí prórprio.” (São João Crisóstomo).

O nosso Deus é o único que não nos decepciona (cf Dt 7,9 / 32,4). É um Deus pessoal, presente, que escuta, caminha e luta com e por seu povo. Mas é uma luta diferente, em que a arma principal é sua Augusta Palavra. Cientes disso, abramo-nos profundamente a obra de Deus. Sejamos terreno fértil para uma semente de vida que salva almas. Vivamos e transmitamos o amor, a base de nossa Santa Religião.

Despeço-me, rogando que recebamos as bençãos celestiais de Deus pela graça e amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem sejam dadas glória, poder e honra, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, agora e para todo sempre. Amém!

Thiago Henrique Vieira de Oliveira.

sábado, 3 de maio de 2014

Família Vicentina - Detalhes e Contatos


Vicente de Paulo
1581-1660
www.famvin.org

“Em qualquer idade e em qualquer vocação, você pode rezar e/ou agir com um grupo da Família Vicentina.”

1617 – Associação Internacional da Caridade
Confrarias da Caridade fundadas por São Vicente de Paulo

Associação de mulheres que se comprometem em equipe a combater todas as formas de pobreza e de injustiça e para dar às mulheres um papel social ativo e reconhecido, num espírito de solidariedade. Reagrupa cerca de 250.000 voluntárias em 50 países.

“Contra as pobrezas e suas causas, atuar juntos”

Secretariado Internacional AIC
Rampe des Ardennais 23
B-1348 Louvain La Neuve (Belgique)
Tel. 32 (0) 10 45 63 53
Fax: 32 (0) 10 45 80 63
E-mail: aic@euronet.be
Site: www.aic-international.org

1625 - Congregação da Missão
Fundada por São Vicente de Paulo

Os Padres e Irmãos da Missão, chamados Lazaristas ou Missionários Vicentinos, que imitam Jesus evangelizando os pobres com simplicidade, humildade, mansidão, mortificação e zelo apostólico. Estão presentes nos 5 continentes e 85 países.

“Ele me Enviou para anunciar a Boa Nova aos pobres”. (Lucas 4, 18)

Curia Generalizia
Via dei Capasso, 30
00164 Roma. Itália
Tel. 39-0 666-130-61
E-mail: cmcuria@tin.it
Site: www.cmglobal.org

1633 - Filhas da Caridade
Fundadas por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac

Doadas a Deus para o serviço de Cristo nos pobres, em comunidade de vida fraterna para a missão, com um espírito evangélico de humildade, simplicidade e caridade.

“A caridade de Cristo nos impele”

A Companhia está presente em 94 países onde serve as pessoas mais desprovidas e abandonadas, numa preocupação com sua promoção integral e a prática da justiça.
Casa Mãe
140 rue du Bac
75340 Paris Cedex 07
Tel. 33 (0)1.49.54.78.78
E-mail:secretairegene@cfdlc.org
Site: www.filles-de-la-charite.org

1833 - Sociedade de São Vicente de Paulo
Fundadas por leigos entre os quais estava o Beato Frederico Ozanam

Um grupo de cristãos, leigos, que vivem no mundo de hoje, querendo contribuir com o seu tempo, esforço, vontade e desprendimento a aliviar as penas e necessidades dos outros. Com mais de 168 anos de experiência está presente em mais de 133 países.

Servir com esperança

Conselho Geral
5, rua de Londres
75009 Paris-Franca
Tel. 33 (0)1 53 45 87 53
Fax : 33 (0)1 42 61 72 56
E-mail : secretairecgi@ozanet.org
Site : www.ssvpglobal.org

1847 - Juventude Mariana Vicentina
Um desejo de Nossa Senhora, manifestado a Santa Catarina Labouré e tornado realidade pelo Pe. Aladel, CM

Uma Associação internacional juvenil comprometida com os jovens, o mundo, a Igreja e os Pobres. Estamos em 65 países com uns 125.000 membros.

A Jesus com Maria

Secretariado Internacional
c/ José Abascal 30
28003 Madrid - Espanha
Tel. 34 91 591 21 64
Fax : 34 91 448 31 89
E-mail : secinterjmv@gmail.com
Site : www.secretariadojmv.org


1909 - Associação da Medalha Milagrosa
Fundada por Pio X a 8 de julho de 1909, à luz das aparições a Santa Catarina Labouré em 1830 (Paris)

“Usem esta medalha com confiança”.
Honrar a Santíssima Virgem Maria no mistério da sua Imaculada Conceição e evangelizar os pobres, especialmente as famílias.

Refletir – Rezar – Agir

Ass. Medalha Milagrosa
140 rue du Bac França
75340 Paris Cedex 07
Tel. 33 (0)1.49.54.78.78
E-mail : amm@cfdlc.org
Site : www.amminter.org

1999 - Missionários Leigos Vicentinos
Fundada por missionários leigos.

Fomentar, facilitar, apoiar e coordenar a presença e o trabalho missionário dos leigos nas missões Ad Gentes confiadas à Família Vicentina ou animadas por ela.

Enviados por todo o mundo para evangelizar a os mais pobres

Equipe de Coordenação Internacional
c/ José Abascal 30
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Resumo do livro: “São Vicente de Paulo e o Carisma da Caridade”




Resumo do livro:
“São Vicente de Paulo e o Carisma da Caridade”

Logo na introdução o autor evoca uma frase relativamente forte: “O povo morre de fome e se condena” (p. iii); de forma que se o leitor tem conhecimentos prévios sobre a vida e obra de São Vicente de Paulo, ligará a triste afirmativa com as três felizes fundações do Santo: A Associação Internacional da Caridade, com o suprimento da necessidade primária do faminto, alimentando-o, não de qualquer forma, mas instruindo para o exercício de uma caridade organizada; a Congregação da Missão, com a evangelização dos mais pobres; e as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo que impelidas pelo amor de Cristo Crucificado não vacilam em acudir o oprimido, como bombeiro a apagar chamas. 

O capítulo primeiro: “A Conversão à Caridade” o autor não se preocupa em narrar fatos da juventude de Vicente, apenas o situa no tempo (1581) e no lugar (Puiy, França), porém faz questão de deixar claro que não consta nada de extraordinário em sua infância, e arremata: “foi um Santo que nunca escutou ‘vozes’”. (p. 1)

Por mostrar-se uma criança inteligente, o pai o envia a estudar na cidade grande, ele consegue a ordenação aos 19 anos, quando passou a buscar uma boa colocação, viajou à Roma, voltou a Paris ali começou a trabalhar como esmoler da mulher de Henrique IV, onde “dava esmolas, mas não fazia caridade, enchia as mãos, mas não os corações”. (p. 7) O fato de conhecer a realidade dos pobres, ter sido acusado injustamente de um roubo e o contato com um teólogo tentado contra a fé foram decisivos para sua conversão.

Em 1612 lhe foi confiada a paróquia de Clichy, onde se sentia realizado em seu trabalho e também conheceu seu futuro irmão de congregação Antônio Portai. Depois de um ano na paróquia, retornou a Paris para junto dos Gondi. Época em que São Vicente já se decidira por Deus e por acolher a Sua santa vontade em sua vida.

Além de preceptor e conselheiro, o Santo também celebrava nas terras de seus patrões. Foi em uma das pregações na igreja de Folleville – “o primeiro sermão das missões,” realizado após a confissão geral de um senhor, que São Vicente viu como as almas dos camponeses estavam abandonadas e percebeu que já não podia ficar nos palácios, de forma que seguiu a Chatillon-les-Dombes, onde também atuou como pároco.

Nessa paróquia, certo dia, quando se paramentava para celebrar a eucaristia, foi informado de “que, numa família, todos estavam doentes e não tinham nada para viver” (p. 18). Vicente atualizou o seu discurso à luz da realidade, e muitas pessoas quiseram ajudar a família necessitada. “O Santo compreendeu que não bastava a emoção do momento. Não organizar é como abandonar” (p. 18). Daí nasce a Associação Internacional da Caridade em 1617.

Outra vez Vicente é convidado a voltar a Paris, porém este põe como condição poder exercer o ministério sacerdotal itinerante. Tempo em que: conhece pessoas importantes em sua vida, dentre eles Francisco de Sales; torna-se capelão das galeras; visita sua terra natal; é nomeado “principal” do colégio dos Bons Enfants; e tempo também em que ficou mais claro em sua cabeça, as “duas pobrezas” a fome de pão e a fome de Deus. Assim, com a ajuda da senhora de Gondi, convida outros padres e funda, em 1625, a Congregação da Missão, para fazer missão juntos aos camponeses.

Com o tempo a sede a Congregação passou a ser em São Lázaro, onde se recebia clérigos para a formação e de onde partiram missionários para vários lugares: Cidades Francesas (1633), Roma (1642), Túnis, Argel, Irlanda e Escócia (entre 1645 e 1646) e Madagascar (1648). O segredo para o sucesso das missões era “a convicção do Fundador de que tudo é obra de Deus” (p. 49), ele defendia que os missionários assemelhassem-se a Cristo nos pensamentos e nas obras, ensinando-lhes as cinco virtudes: simplicidade, humildade, mansidão, mortificação e zelo - paixão pelo Evangelho.

No capítulo “A Caridade no Feminino” o autor coloca que Francisco de Sales desejou escrever uma história sobre a caridade, porém faleceu logo, ficando Vicente, que também não a escreve, mas contribui para que esta se desse com as “Caridades” – já mencionadas, e as “Filhas da Caridade”, porém para criar essa companhia, o Santo precisou da ajuda de uma grande mulher: Luisa de Marillac, que por ser filha ilegítima não conheceu o carinho na infância, desejou entrar para o convento porém não a aceitaram, seu tio arrumou-lhe um casamento de onde lhe veio um filho, seu marido morreu logo e seu filho não lhe deu prazer.

Luisa teve dois encontros importantes que foram decisivos para seu protagonismo dentro da Igreja, uma iluminação do Espírito Santo em 1623 e a acolhida de Vicente de Paulo como seu confessor.

Foi visitando as Caridades que Luisa percebeu que as senhoras já davam muito, porém não davam a vida. É quando aparece na vida de Vicente e Luisa Margarida Naseau, que tinha sede de aprender e ajudar aos pobres; os Santos viram nela uma inspiração para fundar a Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Assim nasciam, em 1633, as Filhas de Deus (SVP, IX, 77-79), que teriam como fim servir aos pobres doentes corporal e espiritualmente; o ambiente desse serviço não é o claustro ou a religião, mas o mundo. (p. 65). Por muitas vezes Vicente insistiu que as Filhas da Caridade deveriam ter mais virtudes que as outras irmãs. (p. 67)

Vicente ganhava experiência e com 53 anos passou a colocar o serviço à Igreja, em primeiro lugar, colaborando assim na reforma monástica; implantação de retiros pelos seminários e as “Conferências das Terças-Feiras”; participação no “Conselho de Consciência” – instância ética do Governo Francês da época, onde teve o descontentamento de trabalhar com o cardeal Mazzarino. Fazer parte do Conselho não era para Vicente nenhum motivo de vanglória. “Tornando poderoso, tornou-se a voz dos que não tem voz.” (p. 77).

No último terço de sua vida, sua história cruza, com a história bélica da França. Espanhóis invadiram Corbie, explode uma série de guerrilhas civis, guerra dos Trinta Anos, a Fronda, etc., houve fome, canibalismo... a morte chegou a ser um alívio, uma liberação. Vicente sabendo que a guerra era por questões políticas foi a Richelieu e rogou: “Dê-nos a paz e tenha piedade de nós, dê a paz à França” (p. 78). Paris estava tranquila, mas as províncias destruindo-se. Vicente envia Missionários e até Filhas da Caridade para ajudar as vítimas da guerra.

Os pobres eram seu peso e sua dor, seu olhar se encontrava com os deles, não os queria manter na pobreza nem os considerava meios para os ricos chegarem ao paraíso. Vicente via Jesus nos pobres, não pensava esquecer o mundo para encontrar o Senhor.

Se na Idade Média viver a pobreza era considerado quase uma bem-aventurança, depois de 1500, também pela mendicidade na França, associava-os a imoralidade e perdição. São Vicente porém quebrou os paradigmas atuando nos mais variados tipos de pobrezas, e teve predileção pelos mais necessitados: os doentes – os conhecia e os visitava; as crianças abandonadas – expostas com as amas de leite junto a catedral de Notre-Dame, ou deixadas nas ruas, já seja por motivo de pobreza ou por serem “filhos do pecado” e os loucos assistindo-os em São Lázaro, bem como enviando Irmãs ao hospício de Menages a cuidar daqueles a quem considerava os mais inocentes dos prisioneiros.

Mesmo em sua época, a caridade e a evangelização imprimida por ele não se restringiu ao território Francês ou a Europa. Quis o bom Deus que o Santo enviasse missionários aos países: Túnis e Argel, onde faziam apostolado entre os escravos de tais terras islâmicas. Os relatos de perseguições e mortes, (como a do Pe. Tadeu Lee, CM, primeiro mártir da Congregação da Missão), são fortes e fontes de fervor pela manutenção da Igreja e da propagação do nome de Cristo nas diferentes missões: Norte africano, Irlanda e norte da Inglaterra (Ilha Verde) e Madagascar (Ilha Vermelha).

As comunicações eram precárias, mas se davam, e muitas vezes traziam mais ardor missionário como foi o caso das correspondências com um bispo irlandês que descrevia os bons frutos que os missionários vicentinos aportaram a sua diocese, esperando ele mesmo, o bispo, salvar-se com a assistência de tão abençoados missionários, ou com as cartas trocadas com a longínqua e “ceifante” missão malguache.

São Vicente apostou nos leigos; quem se associava às “Caridades” eram chamados de servas e servos. Ele tinha um ideal autêntico: “o homem se afirma quando serve, é grande quando se faz pequeno, realiza-se quando faz crescer os outros”. (p. 113). Conta o autor que com a ação dos leigos vicentinos houve na Igreja como a transfusão de um sangue novo, seus trabalhos restituíam a credibilidade e o esplendor de glória sufocados pelos 50 anos de guerras de religião ali acontecidas.

Baseando-se na parábola do bom samaritano Vicente de Paulo subverteu a concepção que punha no alto os privilegiado e na base os Pobres, estabelecendo o eixo direto: Cristo-Igreja-Pobres. Vendo a realidade, compadecendo-se da mesma, e logo cuidado dessa, ou melhor, respondendo-a com uma ação concreta. Arrematando com a verdade de que um verdadeiro vicentino deve divulgar o compromisso pela caridade, sua ação não pode ser um paliativo, mas uma intervenção sobre as causas da pobreza.

São Vicente era contemplativo na ação, seu segredo era a vida espiritual que levava, confiava na divina providência. A coerência entre seu pensamento e ação nasce exatamente da união entre caridade e evangelho, mas nem por isso se sentia melhor que os demais, chegando a definir-se como pior que um demônio, mas pela misericórdia de um Deus que deixava as 99 ovelhas em busca da extraviada, sentia-se amado e queria amar. “Seu zelo e paixão pelas almas o multiplicava” (p. 126), tanto que já na velhice, uma vez declarou está disposto a ir as Índias ganhar almas para Deus.

Sua última palavra foi “Jesus”, morrendo em 27 de setembro, sentado ao lado da lareira, “como se fosse partir para uma longa viagem. Para a caridade, isto é, para Deus.” (p. 132)

Meditando sobre a vida do Santo, colhemos dele um grande exemplo para nós. O caminho por ele trilhado o levou a Cristo, seguindo no hoje suas pegadas, também nos aproximaremos do Mestre. Vemos também que em sua época o pobre causava medo; não diferente da atualidade quando muitos continuam associando a figura do pobre a doenças, a roubos e a violências diversas. Naquele tempo Vicente convidou os seus, a Igreja e a sociedade a “virarem a medalha”, também agora somos convidados a fazer o mesmo e ver “com as luzes da fé que o Filho de Deus, que quis ser pobre, nos é representado por esses Pobres”. (vi).


Referência:

MEZZADRI, Luigi . São Vicente de Paulo e o Carisma da Caridade / tradução de Lauro Palú. – Curitiba: Vicentina, 2004

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ser Sacerdote




Ser sacerdote é para tudo isso.