sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CLAPVI BRASIL 2014


por Cleber Teodosio – Propedeuta PBCM

Nos dias 24 a 29 de agosto de 2014, aconteceu no Caraça – MG (Fazenda do Engenho) a Conferência Latino Americana das Províncias Vicentinas – CLAPVI, cujo tema: “Teologia da Missão” e lema: “Dá-me uma pessoa de oração e ela será capaz de tudo” (SVP). Participaram do evento 52 pessoas entre padres, irmãs e seminaristas, e uma leiga, a Psicóloga da Província Brasileira da Congregação da Missão - PBCM, provenientes dos seguintes países: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Espanha, Honduras, México Paraguai e Peru.

O encontro começou com uma missa no dia 24, à noite, presidida por Pe. Geraldo Mól, CM - Visitador da PBCM, que acolheu a todos, deixando-os a vontade, “sintam-se como se estivessem em suas próprias casa”, afirmou o anfitrião. No dia 25, depois da Lectio Divina e dinâmica de apresentação pessoal os presentes foram agraciados com uma conferência com o tema: “A Vocação do Missionário” proferida por Pe. Getúlio Grossi, CM, da Província do Rio. O mesmo introduziu a reflexão com um fragmento de São Vicente de Paulo (SVP XI, 1) e seguiu comentando sobre o que o Santo chamou de “Estado dos Missionários”, caracterizando-o como um estado apostólico e cristão, exodal e de caridade.
          
Nos dias 26, 27 e 28 a assessoria ficou por conta do Pe. Paulo Suess – teólogo alemão que vive no Brasil há muito tempo, quem ministrou a Conferência Magna: “Teologia da Missão”, onde orientado pelos documentos da Igreja e os legados dos Santos Padres, em especial, do Papa Francisco, sinalou que:
·        A centralidade de Deus Uno e Trino é o ponto de partida de toda reflexão teológica;
·        Deus se revela de muitas maneiras e dirige sua Palavra aos povos, e esses são convocados a seguir a Cristo, que é luz;
·        O povo de Deus tem uma missão pública, histórica e profética, ao serviço dos pobres;
·        A Igreja é, antes de qualquer estrutura hierárquica, povo de Deus;
·        O Concílio Vaticano II articula a liberdade religiosa com a dignidade da pessoa humana.
Bem como convidou os assistentes, dentre outras, a:
·        Uma conversão pessoal e comunitária;
·        Acolher as pessoas e ao Evangelho; é necessário inscrever-nos na escola dos Pobres e ser bons alunos;
·        Caminhar juntos, reconhecer e acolher as diferenças, a pluralidade do mundo; incorporar as mudanças;
·        Focar na Mudança de Estruturas, a partir do interior da própria Família Vicentina;
·        Permanecer, deter-se, e ficar, pôr-se em movimento, sair e caminhar.

O jantar do dia 28 aconteceu no Caraça, onde também se pôde surpreender com a visita do Lobo Guará, e participar da missa das 20h no Santuário Nossa Senhora dos Homens.

No dia seguinte, 29, depois da eucaristia matinal e de encerramento do encontro, os participantes da CLAPVI visitaram as cidades históricas: Mariana e Ouro Preto, ambas em Minas Gerais, Brasil, retornando às suas casas no final da tarde.
            Como sinalamos, os materiais repassados foram proveitosos e diversos. Escolhemos abaixo um dos textos trabalhados que se trata da Intervenção do cardeal Bergoglio durante o pré-conclave. Boa leitura!

                                   “A suave e confortadora alegria de evangelizar” (EN 80)



Fez-se referência à evangelização. A razão de ser da Igreja é “a suave e confortadora alegria de evangelizar” (Paulo VI). É o próprio Jesus Cristo quem, a partir de dentro, nos impulsiona.

1. Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe na Igreja a parresía de sair de si mesma. A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria.

2. Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial e então adoece (cf. a mulher encurvada sobre si mesma do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz na autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico. No Apocalipse Jesus diz que está à porta e bate. Evidentemente, o texto se refere ao fato de que Jesus bate do lado de fora da porta para entrar... Mas penso nas vezes em que Jesus bate do lado de dentro para que o deixemos sair. A Igreja autorreferencial quer Jesus Cristo dentro de si e não o deixa sair.

3. A Igreja, quando é autorreferencial, sem se dar conta, acredita que tem luz própria; deixa de ser o mysterium lunae e dá lugar a esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual (Segundo De Lubac, o pior mal que pode sobrevir à Igreja). Esse viver para dar-se glória uns aos outros. Simplificando: há duas imagens de Igreja: a Igreja evangelizadora que sai de si – a Dei Verbum religiose audiens et fidenter proclamans, ou a Igreja mundana que vive em si, de si e para si. Isto deve dar luz às possíveis mudanças e reformas que tenha que fazer para a salvação das almas.


4. Pensando no próximo Papa: um homem que, a partir da contemplação de Jesus Cristo e da adoração de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da “doce e confortadora alegria de evangelizar”.

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