segunda-feira, 1 de março de 2021

Falecidos Vicentinos

 


Salto, 28 de fevereiro de 2021. 


Estimadas Consócias e Prezados Confrades: 


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! 


Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5, 7) *


“Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 12a). 


Afirmar que alguém é “misericordioso” significa declarar a qualidade de quem é “compassivo”, ou seja, o atributo de uma pessoa que demonstra compaixão, e deseja compartilhar dos sofrimentos alheios. 

Nesse sentido, devemos homenagear as Consócias e os Confrades Falecidos que foram misericordiosos, e deixaram um precioso testemunho de vocação vicentina que guardamos em nossa memória afetuosa, pois deram provas concretas de que a sustentação ao seguimento dos ideais de Frederico Ozanam – em suas vidas – era a compaixão pelas dores e privações dos Pobres.

Por isso, nesta ocasião da deferência meritória que dedicamos aos Vicentinos Falecidos, ao recordarmos dos Confrades e das Consócias que comprovaram com suas histórias terem sido compassivos, compreendemos na exata dimensão, que: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho” (Hb 11, 1-2). 

Certamente, muitos dos Vicentinos Falecidos que se compadeceram pelos padecimentos dos Pobres, e agiram para aliviar seus infortúnios, são na verdade, os dignos destinatários das palavras de São Paulo, sobretudo pela fé, porque: “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso Evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância” (1TS 1, 3-5B). 

Desse modo, também é pela fé que podemos discernir a respeito da “partida para o encontro “face a face” com Deus” das nossas queridas Consócias e dos nossos queridos Confrades, visto que: “Nele (Cristo) brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. E aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Senhor para os que creem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada. E desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível” (1). 

No Catecismo da Igreja Católica (CIC) encontramos o significado de reverenciarmos os Vicentinos Falecidos, como é tradição na Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP): “A Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (...). Já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados (2Mc 12, 46); e a Igreja também oferece sufrágios em favor deles” (2). 

No entanto, vale a pena conhecer a orientação do Papa Francisco referente ao tema desta reflexão. Ocorreu um valioso ensinamento do Santo Padre, quando – em novembro de 2019 – ele presidiu Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano. A homilia partiu do Evangelho do dia, no qual São Lucas repete as palavras de Jesus: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. O Pontífice reiterou que “tudo acabará”, mas “Ele [Deus] ficará”. Estas palavras inspiraram o Papa para convidar cada um a refletir sobre o momento do fim, isto é, da morte (3). 

Segundo o Papa Francisco, “Ninguém sabe exatamente quando a morte acontecerá, ou melhor, com frequência todos têm a tendência a adiar o pensamento, pois acreditam que são eternos: “Todos nós temos esta fraqueza de vida, esta vulnerabilidade” (4). 

Então, como pregou o Papa Francisco, se somos vulneráveis à morte: “Rezemos confiantes a Deus em favor dos falecidos, particularmente pelos que nos foram mais próximos, não nos esqueçamos de rezar por todos os que precisam. A todos os fiéis falecidos, Deus conceda o repouso eterno! Senhor, acalma nossas angustias e tristezas, planta em nós a esperança da fé, para florescer em alegria eterna. Concede aos teus filhos e filhas já falecidos a paz definitiva da Tua presença. Enxuga as lagrimas de nossos olhos e nos dê a alegria da esperança na Ressurreição prometida” (5). 

 Assim, nos momentos inevitáveis “que bater aquela saudade sofrida” de quem amamos e estão mortos, não devemos disfarçar, segurando as lágrimas de nossos olhos, pois Jesus Cristo nos “deu a Sua Palavra”: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 4). 

Que Nossa Senhora, nos ajude para alcançarmos as bem-aventuranças e sabermos lidar com a morte! 


"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vos teria dito. Vou preparar-vos um lugar” (Jo 14, 1-2). 


(*) Confrade João Marcos Andrietta (60 anos), é membro da Conferência Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Salto – SP). 


Referências: 

 Cfr. Prefácio dos Mortos I. 

 Cfr. Catecismo da Igreja Católica (CIC); (no. 958).

 Cfr. Papa Francisco; Homilia da Missa na Capela da Casa Santa Marta, Vaticano; Redação Vatican News; 29-11-2019. 

 Cfr. Idem. 

 Cfr. Pe. João Luís Fávero, Reflexão; Site Liturgia Católica; 02-11-2020. 


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