sábado, 26 de abril de 2025

VIVAMOS A ALEGRIA, CONQUISTADA EM MEIO À DOR*



No Ano Jubilar da Esperança, onde aprendemos que ela não decepciona (cf. Rm 5,5), o Papa Francisco fez sua Páscoa definitiva. Desde a sua internação, no último mês de fevereiro, muitos perceberam que a sua morte seria iminente (e, a meu ver, ele estava bastante consciente disso). Deus quis chamá-lo neste "dia que o Senhor fez para nós" (Sl 118,24), o dia em que Cristo venceu a morte, possibilitando a toda criatura o dom da vida eterna. Cristo, o Novo Adão, rompeu a escravidão da morte e do pecado, salvando todo ser humano e restituindo-lhe a sua comunhão integral com Deus. Oh feliz culpa de Adão! Através dela, o Pai enviou seu Filho Jesus, o qual entregou sua vida de modo livre e consciente, acolhendo a vontade divina como projeto de vida, a fim de levar a bom termo a missão que recebeu: salvar o seu povo de seus pecados (cf. Jo 4,34; Mt 1,28). No horizonte da fé, seria um equívoco afirmar que este é o Ano que o Senhor fez para nós, através de Francisco? Na abertura do Ano Jubilar, Francisco pedia para levarmos a esperança nos lugares onde ela se perdeu. E são tantos os lugares nos quais ela já não existe mais... Francisco é testemunha que a esperança não decepciona! Talvez seja este - afirmo "talvez" porquê os mistérios de Deus são sempre mistérios - o legado de Francisco: conscientes da vocação de batizados, discípulos-missionários de Jesus, viver como "peregrinos de esperança". Esperança no anúncio do Evangelho, no Amor à Família, no cuidado com a Casa Comum, na busca constante pela santidade, na contemplação da natureza etc; em suma, tudo o que vive e respira seja um louvor a Deus, com alegria e esperança (Sl 150,6)! No entanto, Francisco deixa bastante explícito que o anúncio do Evangelho é concretizado em meio às alegrias e tristezas, angústias e esperanças (GS 1). A fé cristã tem sua gênese num evento trágico, porém Deus transformou o luto de seu povo em alegria plena (Sl 30|29|,12), na Solene Vigília, recentemente experimentada por todos os cristãos católicos. E em cada gesto de piedade e misericórdia, o Pai renova a aliança e faz brotar de novo a alegria, sem envergonhar os que n'Ele esperam (Sl 25|24|,3)! Meus irmãos, vivamos a alegria conquistada em meio à dor. No gesto concreto de tornar viva a esperança, encontraremos muitos desafios que nos esmorecerão; porém, o exemplo de Cristo e o testemunho de Francisco marcam o 'novo período' para esta “Igreja em saída” (EG 17) de modo que, o amor de ambos os Servos são expressões de uma autêntica fidelidade à missão que receberam, abraçando-a de forma livre, consciente, serena, na força consoladora do Espírito Divino. Viver a alegria conquistada em meio à dor é se emocionar com cada gesto e palavra do Sumo Pontífice, cuja expressões de gratidão e amor lhe seguiram até o fim! Recordo-me, por ora, das suas palavras finais, durante a homilia de

24 de dezembro de 2016, quando ele pedia à assembleia parar, com Maria e José, diante da manjedoura e contemplar o Menino que nasceu como pão “para a minha vida”; e, ao testificar o seu amor humilde e infinito, dizer-lhe “pura e simplesmente: ‘Obrigado! Obrigado, porque fizestes tudo isso, por mim.”” Nestes dias de luto internacional, recordemos a alegria do Bispo de Roma: Papa da esperança e da felicidade que não têm fins e não conhecem ocaso, porque estão conscientes da fonte de onde vêm para todo homem e mulher de fé: Jesus, nossa páscoa e nossa esperança!

*Fragmento da canção para cântico de comunhão, durante o Tempo Pascal, “Cristo, nossa páscoa”. Este texto bastante simples é uma partilha realizada pelo missionário vicentino Pe. Louis Francescon, CM.

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