"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor." (Lc 4, 18-19)
Pedro Jorge Frassati nasceu a 6 de abril de 1901, em
Turim, Itália. Seus pais pertenciam a uma classe muito bem sucedida
financeiramente e tinham forte influência na política da época. Seu pai era
indiferente à religião e diretor proprietário de um dos jornais mais
importantes da Itália. Além disso, foi senador e embaixador em Berlim. Sua mãe
dedicava-se à pintura e à arte e, no âmbito religioso, concebia o cristianismo
apenas como um amontoado de ritos.
Embora seu ambiente familiar não proporcionasse uma
prática piedosa da religião, Pedro Jorge soube cultivar uma profunda
espiritualidade, reveladora de todo o amor que tinha por Deus. A Eucaristia e
os Pobres foram os dois pilares que sustentaram sua vida espiritual. Fazia da
Missa diária a fonte de sua espiritualidade e a força para o serviço dos
Pobres. Certa vez, afirmou: “Jesus vem a mim todos os dias na Santa Comunhão e
eu restituo a visita servindo aos Pobres”.
Sua juventude foi vivida como a de todos os outros
jovens: passeava com os amigos, praticava alpinismo, organizava festas e
brincadeiras, sem nunca dissociá-la da prática concreta e convicta da fé que
assumira e vivenciava com entusiasmo e vigor.
Imbuído do amor a Cristo presente na Eucaristia, Pedro
Jorge fez-se membro, em 1914, do Apostolado da Oração. A Eucaristia, recebida
cada dia em comunhão e adorada nas orações noturnas de que era assíduo
frequentador, sempre foi o sustento de sua piedade e de seu trabalho em favor
dos empobrecidos e em vista da transformação social. A Eucaristia, “lugar
privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo”, foi moldando a vida,
as atitudes, os pensamentos e os sentimentos de Pedro Jorge, de tal modo que
sua existência foi adquirindo “verdadeiramente forma eucarística” além de beber
da “fonte inextinguível do impulso missionário” (Doc. de Aparecida, 251).
A devoção a Maria Santíssima o fez agregar-se, em maio de
1918, à Congregação Mariana. E o amor aos Pobres o conduziu, a 29 de novembro
de 1918, à Sociedade de São Vicente de Paulo. Junto com seus amigos, foi sempre
fiel ao compromisso vicentino de visitar os Pobres. O Cristo Eucarístico, que
comungava e adorava frequentemente, era o mesmo que encontrava junto aos Pobres
quando os visitava.
A justiça evangélica, que estava presente em seu coração
e em sua vida de cristão, motivava-o a trabalhar por uma sociedade mais justa e
mais fraterna. Para tanto, filiou-se, contrariando a vontade de seu pai, em
1920, ao Partido Popular Italiano, fundado pelo Padre Luigi Sturzo, inspirado
na Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII. Longe de ser mero observador do
cenário mundial, Pedro Jorge nunca se cansou de propor reuniões, debates e
marchas populares, acreditando que a verdadeira política se faz no entendimento,
na discussão e na participação efetiva de todos os cidadãos.
Em meio a uma série de trabalhos juntos dos Pobres,
especialmente dos mineiros italianos que não podiam cuidar corretamente da
saúde e eram explorados pelas longas e pesadas jornadas de trabalho, Pedro
Jorge contraiu poliomielite e faleceu a 4 de julho de 1925, com apenas 24 anos.
Foi beatificado a 20 de maio de 1990.
Antífona de entrada Mt 25, 34.36.40
Vinde, benditos de meu Pai, diz o Senhor:
eu estava doente e me visitastes.
Em verdade vos digo: tudo o que fizestes ao menor dos
meus irmãos,
foi a mim que o fizestes.
Oração do dia
Ó Pai,
vós que destes ao jovem Pedro Jorge Frassati
a alegria de encontrar o Cristo na fé e na caridade,
fazei que, por sua intercessão,
nós também possamos espalhar
entre os homens e mulheres do nosso tempo
o espírito das bem-aventuranças evangélicas.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas
Ó Pai, imploramos a vossa clemência,
ao apresentarmos estas oferendas ao vosso altar
na comemoração do Bem-Aventurado Pedro Jorge Frassati.
Que elas vos deem toda glória
e derramem sobre nós a riqueza da vossa graça.
Por Cristo, Nosso Senhor.
Prefácio dos santos, p. 92.
Antífona da comunhão Jo 15, 9
Como o Pai me amou, eu também vos amei, diz o Senhor;
permanecei no meu amor.
Depois da comunhão
Senhor nosso Deus,
os divinos mistérios de que participamos
na comemoração do Bem-Aventurado Pedro Jorge Frassati
Natural de Peniche - Portugal, bom e corajoso, de trato
afável e simples, de superior inteligência e não menor espirito de humildade,
desprendido dos bens materiais e apenas movido pelo desejo de servir, soube
construir no Brasil, numa terra que não era sua mas que amou como se o fora e
durante perto de sessenta anos, uma vida traçada em rasgos de generosidade, de
coragem, de heroísmo e de saber, na defesa dos humildes e oprimidos, na luta
pela abolição da escravatura e no combate à corrupção e à promoção do bem
comum, sempre com o ardor de uma fé nunca renunciada e de uma esperança
renovada todos os dias. E o fulgor da sua palavra soube irradiar relâmpagos de
um brilhantismo tão intenso que, embora o Brasil houvesse já escutado Manuel da
Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira, um brasileiro ilustre membro da
Academia das Letras, seu confidente, ouvinte e primeiro biógrafo - não se recusou
de afirmar que "algumas vezes elevava-se com eloquência tão arrebatadora,
que os oradores mais celebres não subiram mais alto".
Dom Viçoso, "modelo luminoso de defensor da Igreja,
reformador do Clero e santificador do povo cristão".
Alguns Acontecimentos...
1774
3 de agosto: Casamento de seus pais, Jacinto Ferreira
Viçoso e Maria Gertrudes.
1787
13 de maio: Nasce Antônio José Ferreira Viçoso.
21 de maio: É batizado na Paróquia Igreja Nossa Senhora
da Ajuda em Peniche, tendo sido padrinho Frei Frutuoso de Jesus Maria José e
madrinha Nossa Senhora da Piedade.
1796
Ingressa no convento de Olhalvo, da Ordem dos Carmelitas
Descalços, no Conselho de Alenquer.
1798
Ingressa no convento de Santa Teresa, da Ordem dos
Carmelitas Descalços, em Santarém.
1800
Ingressa no Seminário de Santarém.
1809
Termina os estudos em Santarém, preparando-se para
receber as ordens sacras. Encontrando-se vaga a Sé Patriarcal de Lisboa, fica
adiada a respectiva ordenação. Regressa a Peniche.
1811
25 de julho: Ingressa no Seminário da Congregação da
Missão (de S. Vicente de Paulo, Lazarista), em Lisboa.
1813
26 de julho: Faz os votos e inicia um novo ciclo de
estudos.
1816
9 de março: São-lhe conferidas as Ordens de Subdiácono,
por D. João Antônio Binet Pincio, Bispo de Lamego.
14 de fevereiro: São-lhe conferidas as Ordens de Diácono,
por D. Frei Marcelino José da Silva, Bispo Resignatário de Macau.
1818
7 de março: É ordenado presbítero, na Sé Patriarcal de
Lisboa, por D. Frei Marcelino José da Silva.
8 de março: É domingo de Páscoa e celebra a sua Primeira
Missa - Passa a lecionar filosofia no Real Colégio de Nossa Senhora da
Purificação, em Évora.
Aceita juntamente com o padre Leandro Rabelo de Peixoto e
Castro, o convite de D. João VI no sentido de os Padres da Congregação da
Missão tomarem a seu cargo a evangelização dos índios brasileiros, no Estado de
Mato Grosso.
27 de setembro: Parte para o Brasil, a bordo no Navio
"Gran Canoa”.
1819
Pelos fins de outubro, por necessidade de a tribulação do
navio reabastecimento de provisões, permanece alguns dias em S. Tiago, Cabo
Verde.
7 de dezembro: Chega ao Rio de Janeiro. Apresenta-se ao
Ministro Tomás Antônio de Vilanova Portugal, a fim de receber as instruções
necessárias ao desempenho da missão que havia aceitado e é recebido por D. João
VI. Toma conhecimento de que já não irá para Mato Grosso, mas sim para Minas
Gerais.
1820
Fins de fevereiro: Parte para o Santuário de Nossa
Senhora Mãe dos Homens e S. Francisco das Chagas, na Serra do Caraça, Minas
Gerais, a cerca de 600 quilômetros do Rio de Janeiro.
15 de abril: Chega à Serra do Caraça.
1821
Princípios de janeiro: Sob a sua orientação pedagógica, é
fundado o Colégio no Santuário do Caraça e as aulas iniciam-se, com a
frequência não só de alunos de Mariana e arredores, como também do Rio de
Janeiro.
Meados de setembro: Poucos dias depois de ter sido
proclamada a Independência do Brasil, chega à Ilha
Grande, perto de Angra dos Reis a cerca de 200 quilômetros do Rio de Janeiro,
por ter sido nomeado responsável pelo Seminário e Colégio da Santíssima
Trindade (ou de Jacuecanga). Ao mesmo tempo que administra o Colégio e ensina,
da assistência as povoações de Monsuaba, Prainha do Veado. Tartaruga, Ponta
Leste, Angra dos Reis e Ilha Grande.
1837
Princípios de julho: Quinze anos depois de chegar a
Jacuecanga, regressa ao Santuário e Colégio do Caraça. - É eleito Superior do
Colégio.
1839
É elevado à dignidade de Superior Geral da Congregação da
Missão no Brasil (cargo que exercera até 1844).
1840
Publica o opúsculo "Condenação da Escravatura",
no qual fustiga a existência aberrante e consentida de homens escravos de
outros homens, afirmando que isso era contra toda a justiça e o direito natural
(princípios pelos quais se baterá energeticamente durante toda a sua vida).
7 de janeiro: O Imperador D. Pedro Il nomeia-o Bispo da
Diocese de Mariana.
1843
Julho, princípios do mês: Prestes, por humildade, a não
aceitar tal nomeação, mas alertado pelos Irmãos da sua Congregação para os
males que adviriam para a Diocese se persistisse na sua negativa, parte
finalmente para o Rio de Janeiro, onde se avista com o Imperador.
5 de maio: Com solenidade pouco costumada, é sagrado
Bispo de Mariana no Mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro, por D. Manuel do
Monte Rodrigues de Araújo, Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro, que teve,
por ministros consagrantes. D. José Afonso de Moraes Torres, Bispo de Grão-Pará
e D. Frei Pedro de Santa Mariana, Bispo titular de Crisópolis.
1844
16 de junho: Por entre multidão que pega as ruas de
alegria, a música, os sinos, os estalos de foguetes, os estouros das fogueiras,
as descargas da artilharia e o ribombar dos canhoes. entra solene e
festivamente, em Mariana onde se celebra um Te-déum de Ação de Graças,
arrematando a noite com esplendido fogo de artificio.
Alguns dias depois de sua chegada a Mariana, todos os
escravos da cidade e muitos dos arredores se dirigem ao Palácio Episcopal
levando cada um deles a oferta, pobre, mas riquíssima de significado de um
pequeno feixe de lenha caprichosamente enfeitado de coloridas e perfumadas
flores.
1845
Princípios de janeiro: Iniciam-se as aulas no Seminário
de Nossa Senhora da Boa Morte, de Mariana, completamente restaurado e ampliado
de modo poder albergar cerca de cento e cinquenta alunos.
12 de janeiro: Confere, pela primeira vez, ordens a um
sacerdote (João Antônio dos Santos).
1846
É adquirida a Cartuxa, pequena chácara no alto da
montanha em Mariana (onde vivera, nomeio da maior simplicidade, grande parte de
sua vida de Bispo).
1849
Procura dar vida a uma casa de recolhimento de órfãos,
trazendo da França as Irmãs Vicentinas da Divina Providência. Funda o Colégio
Providência (para meninas) e um hospital para internamento de enfermos e
idosos.
Junho: Acolhe no Seminário de Mariana, o ex-escravo.
Francisco de Paula Victor, mais tarde o Pe. Victor da Campanha, hoje já
reconhecido como Beato pela Santa Sé.
1850
Outubro: Escreve a um amigo condenado a escravatura:
...comprar Africanos para a agricultura, eu digo que não é licita tal compra
porquanto enquanto houver quem cá os )à África, compre, haverá quem os vá
comprar (ou roubar) à coisa tão oposta a humanidade. Minha razão repugna"
1851 (até 1852)
Publica o periódico "O Romano", enquanto
prossegue num vasto labor intelectual que favorece o desenvolvimento cultural e
religioso do clero e do povo da sua Diocese, traduzindo obras do Latim, do
Grego, do Espanhol, do Francês e do Italiano.
1861
14 de abril: Ordena D. Luis Antônio dos Santos (que fora
seu aluno no Seminário de Jacuecanga) Bispo de Fortaleza.
1864
1º de maio: Ordena D. João Antônio dos Santos (que fora o
primeiro sacerdote a quem conferira ordens) Bispo de Diamantina.
1865
25 de abril: É agraciado pelo Imperador D. Pedro II com o
titulo de Conde da Conceição, depois de já ter sido homenageado, pelo mesmo
Imperador, com a Comenda da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.
1869
10 de janeiro: Ordena D. Pedro Maria de Lacerda (que fora
seu aluno no Colégio do Caraça) Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro.
1874
Com 87 anos e discordando da prisão injusta a que o
Governo sujeitara os Bispos de Olinda e de Belém, sai em suas defesas e,
dirigindo uma enérgica e corajosa carta ao Imperador. diz-lhe: "V.
Majestade sabe que não tenho cavalos nem carruagens, e menos os táleres (moeda
alemã de então), em que me possam multar, também não me podem prender em
calabouços, porque em calabouço estou metido, sendo Bispo há 30 anos, e tendo
de idade quase go, por meão em liberdade, se me tirarem desta masmorra do
Bispado, ainda que lhes pareça que me mandam para outra pior prisão".
1875
3 de maio: Ordena seis novos sacerdotes.
29 de junho: Doente, há vários meses, encontra ainda
forças, entre o espanto e a comoção dos presentes, para celebrar a que será a
sua última missa.
7 de julho: Com 87 anos, morre, pelas 11 horas da noite,
na sua casinha da Cartuxa, sobranceira a Mariana.
11 de julho: É sepultado no piso do Presbitério da
Catedral de Mariana.
1896
Seu afilhado Pe. Silvério Gomes Pimenta, mais tarde Bispo
e primeiro Arcebispo de Mariana, edita o livro "Vida de D. Antônio
Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".
Por esta obra, Dom Silvério, torna-se o primeiro prelado
brasileiro a alçar uma Cadeira, na Academia Brasileira de Letras.
1916
Convicto da santidade do 7º Bispo, seu afilhado e
Primeiro Arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta, constitui o Tribunal
Eclesiástico para levar por diante a Causa da sua Beatificação.
1963
São trasladados os seus restos mortais para a cripta
mandada construir, na Catedral de Mariana, pelo Arcebispo Dom Oscar de
Oliveira.
1964
Dom Oscar de Oliveira retoma o processo da sua
beatificação, interrompido em 1922.
1980
Primeiros anos da década de 1980: Mons. Flávio Carneiro
Rodrigues dedica-se incansavelmente à Causa de Dom Viçoso. datilografando os
seus manuscritos para envio à Santa Sé.
10 de julho: O Papa João Paulo II, Santo João Paulo II,
em sua visita Apostólica ao Brasil, em Fortaleza, cita Dom Viçoso, entre
outros, como um "homem que deixou marcas de sua passagem na construção do
Reino de Deus"
1º de março: O processo é distinguido, por parte da
Congregação para as Causas dos Santos, com o rescrito "Nihil Obstat"
(Nada Consta), que é a autorização oficial da Santa Sé para o prosseguimento da
Causa.
1985
Março: O processo, em sua segunda fase, dá entrada em
Roma.
9 de março: É proposto, e aprovado por unanimidade em
sessão da Assembleia Municipal de Peniche, terra natal de Dom Viçoso, que se
erga um Monumento em sua memória, e que se leve por diante o processo de
geminação da cidade portuguesa de Peniche com a cidade brasileira de Mariana.
1986
Dom Viçoso é declarado "Servo de Deus", pela
Santa Sé e o processo para a sua beatificação continua em bom ritmo.
1990
Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida atribui a Dom Viçoso,
a sua recuperação pelo grave acidente automobilístico sofrido.
2014
8 de julho: A Santa Sé reconhece que Dom Antônio Ferreira
Viçoso, viveu de modo heroico as suas "Virtudes Cristãs O Servo de Deus
passa a ser chamado de "Venerável.
2018
Segundo semestre: Tendo chegado à Mariana e assumindo a
Sede Arquiepiscopal Marianense, o Arcebispo Metropolitano. Dom Airton José dos
Santos, toma conhecimento dos processos dos candidatos à santidade na
Arquidiocese e dá sequência ao incremento das causas.
7 de julho: Por esforços da Arquidiocese de Mariana e da
Faculdade Dom Luciano Mendes, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton
José dos Santos, lança a 4ª edição do Livro "Vida de D. Antônio Ferreira
Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".
2021
Na mesma solenidade, apresenta o caminho religioso do
Caraça à Cartuxa em Mariana, refazendo os passos do Venerável Dom Viçoso, sob o
título de "Nos Passos de Dom Viçoso - Uma Caminhada de Fé".
2024
8 de dezembro: A Arquidiocese de Mariana celebra os 150
anos de dedicação da Diocese ao Sagrado Coração de Jesus, por ato de Dom
Antônio Ferreira Viçoso.
Princípios de janeiro: Dom Airton José dos Santos visita
Peniche. Terra Natal de Dom Viçoso e faz conferência sobre as Virtudes Cristas
de Dom Viçoso aos conterrâneos do 7º. Bispo de Mariana.
Dom Airton visita o Postulador da Causa de Beatificação
de Dom Viçoso, em Roma e traça ações para o incremento do processo.
3 de abril: Dom Airton José dos Santos, nomeia o Pe.
Marcelo Moreira Santiago, Pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em
Mariana, Delegado Arquiepiscopal para acompanhara Causa de Beatificação e
Canonização de Dom Viçoso.
2025
18 de maio: É lançada em Mariana a obra "Dom Viçosa
- Um Santo que andou em Minas", de autoria de Dom Gil Antônio Moreira -
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora.
Na sequência, a Arquidiocese de Mariana se prepara para
as cerimônias que irão marcar a passagem dos 150 anos da Morte de Dom
Viçoso", em 7 de julho.
O que se disse de Dom António Ferreira Viçoso
"É o sacerdote mais digno do Brasil".
- Ambrosio Capadócio, Internúncio e Delegado Apostólico,
em 1843
"Em parte alguma do mundo conheci mais digno
Prelado".
- Paulino José Soares, Ministro da Justiça do Brasil, em
1844
"É um verdadeiro Bispo Apóstolo (...) não r havendo
freguesia por pobre e miserável, onde não fosse e pregasse, nem caminhos por
intransitáveis, nem estações ou tempos por ásperos e cruéis, ou perigos por
temerosos, a que se acobardasse".
- Monsenhor Bedini, Arcebispo de Thebas, em 1853
"É um grande bispo do Brasil".
- Papa Pio IX, em 1864
"De tantos e tão eminentes Prelados, reunidos de
todos os ângulos da Terra, a nenhum conheço mais santo".
- Dom Pedro de Lacerda, o Bispo do Rio de Janeiro. quando
do Concilio Ecumênico, em 1869
"O seu modo de pregar era simples, grave, e tão
insinuante, que calava no fundo das almas, e executava espantosas
mudanças". "Algumas vezes eleva-se com eloquência tão arrebatadora,
que os oradores mais célebres não subiram mais alto". "Nunca houve
homem mais admirado em vida, nem memória mais celebrada depois da morte".
Dos documentos do processo da sua beatificação, enviados para Roma
recentemente: "Na história eclesiástica do Brasil, não sabemos de um outro
bispo que tivesse prestigio comparável ao seu".
Dom Silvério Gomes Pimenta, 1º Arcebispo de Mariana, em
1876
Imprimatur
Mariana, 27 de junho de 2025 Dia do Sagrado Coração de
Jesus
Dom Airton José dos Santos
Arcebispo Metropolitano de Mariana
Oração para pedir a Deus a beatificação de Dom Viçoso e
alcançar graças por sua intercessão
Senhor Jesus Cristo, glória dos vossos sacerdotes, Bom
Pastor que destes a vida pelas vossas ovelhas, nós vos agradecemos pelas
virtudes e dons com que vos dignastes adornar a alma do grande bispo, Dom
Antônio Ferreira Viçoso, para fazer dele um modelo luminoso de defensor da
Igreja, reformador do clero e santificador do povo cristão.
Vós que prometestes glorificar aqueles que vos servirem,
dignai-vos glorificar, com a honra dos altares, se for para maior glória da
Santíssima Trindade e honra do vosso sacerdócio, este vosso servo, e
concedei-nos, para esse fim, por sua intercessão junto de vós, a graça que
confiantemente vos pedimos.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.
No dia 13 de cada mês uma missa é celebrada na Cartuxa,
às 8h30, pela beatificação de Dom Viçoso.
Missa no Morro da Cartuxa homenageia os 150 anos do falecimento de Dom Viçoso – JCTV – 09/07/25
Os três sacramentais aqui analisados — a Medalha
Milagrosa, o Escapulário Verde e o Escapulário Vermelho — têm origem
semelhante: surgiram na França do século XIX por meio de revelações
extraordinárias transmitidas por freiras da Companhia das Filhas da Caridade de
São Vicente de Paulo. Cada um deles apareceu em lugares e circunstâncias
diferentes, mas todos compartilham uma forte ligação mariano-vicentina e são
dedicados à conversão das almas e à misericórdia divina. A seguir, detalhamos o
contexto histórico, a vida dos videntes, os locais das aparições, os elementos
comuns e o valor espiritual de cada sacramental, com base em fontes e
documentos eclesiásticos da época.
1. Medalha Milagrosa (1830)
Contexto Histórico
A França, no início do século XIX, era um país marcado pelas
feridas da Revolução e das Guerras Napoleônicas. A Igreja Católica passava por
um processo de restauração após a década de secularização revolucionária. Nesse
clima de religiosidade renovada, a primeira aparição mariana relacionada à
Medalha Milagrosa ocorreu em 1830: enquanto o dogma da Imaculada Conceição
ainda não havia sido oficialmente proclamado, Maria apareceu a uma jovem Filha
da Caridade, revelando um desígnio que reconheceria a pureza de seu Coração.
Santa Catarina Labouré (1806–1876)
Catarina Labouré nasceu em 2 de janeiro de 1806, em
Fain-les-Moutiers, França, e ficou órfã aos nove anos de idade. Quando criança,
ajudava nas tarefas da fazenda da família e no cuidado dos doentes; desde cedo,
sentiu inclinação religiosa. Em 1830, pediu para ingressar nas Filhas da
Caridade em Paris; em 21 de abril de 1830, chegou ao noviciado na Casa Mãe, na
Rue du Bac. Tinha então 24 anos. Durante o noviciado, ela recebeu uma série de
aparições de São Vicente de Paulo e de Cristo (visões dos corações de São
Vicente e do Senhor na Eucaristia) que confirmaram sua vocação vicentina, e ela
orou em seu coração para ver a Bem-Aventurada Virgem Maria.
Aparições na Rue du Bac (Paris)
Em 18 de julho de 1830, véspera da festa de São Vicente de
Paulo, a Virgem Maria apareceu a Catarina na capela da Rue du Bac, cercada de
luz e acompanhada por uma criança-guia. Nessa primeira visão, nenhuma palavra
foi registrada, mas Maria anunciou que continuaria a se manifestar. A segunda
aparição ocorreu em 27 de novembro de 1830, no mesmo local, durante sua
meditação diária: a Virgem apareceu de pé sobre o mundo, com as mãos
estendidas, oferecendo raios de graça, e ao redor da visão, Catarina viu escritas
as palavras: "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos
a vós!" Naquela aparição, Nossa Senhora a instruiu: “Faça uma medalha
conforme este modelo... Aqueles que a usarem com confiança receberão graças
abundantes”. Finalmente, em dezembro de 1830 (data incerta, no mesmo mês),
Catarina teve a terceira visão, na qual a imagem lhe apareceu aos pés do altar,
e Nossa Senhora reiterou o significado dos raios como símbolos das graças
obtidas para aqueles que a pedem com confiança. Essas três aparições (julho,
novembro e dezembro de 1830) definiram o desenho e a invocação da Medalha
Milagrosa.
Aprovação e Divulgação Eclesiástica
Após as visões, Catarina manteve em segredo seu papel nessas
aparições; a medalha foi cunhada em 1832 com “a devida aprovação eclesiástica”,
presumivelmente com a permissão do Bispo de Paris. As primeiras medalhas foram
distribuídas durante a epidemia de cólera de 1832 em Paris, e inúmeras curas e
conversões logo começaram a ser atribuídas a ela, daí seu apelido de
"Milagrosa". Em 1836, uma investigação canônica foi realizada por
ordem do Arcebispo de Paris, cujo relatório concluiu que "a Medalha era de
origem sobrenatural e que os milagres realizados através dela eram
genuínos". A partir de então, a devoção cresceu rapidamente em toda a
França e no mundo, consolidada pela Pia Associação da Medalha Milagrosa.
Santa Catarina Labouré faleceu em 1876 em Enghien (Paris).
Foi beatificada pelo Papa Pio XI em 28 de maio de 1933 e canonizada pelo Papa
Pio XII em 27 de julho de 1947. Sua causa de santidade surgiu de sua vida
virtuosa e dos muitos milagres atribuídos ao uso da medalha.
Significado e Uso do Sacramental
A Medalha Milagrosa representa a Imaculada Conceição de
Maria: o anverso mostra a Virgem em pé sobre o globo, esmagando a serpente
(símbolo do Mal), com raios de graça emanando de suas mãos, juntamente com a
legenda "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a
vós". O reverso traz a letra "M" coroada com uma cruz (a união
de Cristo e sua Mãe) cercada por doze estrelas, e os dois corações unidos — o
de Jesus coroado de espinhos e o de Maria trespassado por uma espada — que
aludem à profecia de Simeão sobre as dores de Maria.
Espiritualmente, a medalha é um sacramentale
proteção e consagração ao Imaculado Coração de Maria. Muitos testemunhos
indicam que aqueles que a usam com fé obtêm graças de conversão, cura e
consolação na morte. A Igreja promove seu uso por meio da bênção da medalha por
um sacerdote; tradicionalmente, também se pode rezar a oração inscrita nela,
pedindo a intercessão de Maria Imaculada. O simbolismo da medalha foi
reafirmado com a declaração do dogma mariano em 1854: a Virgem apareceu a
Catarina "com o ano de 1830 sobre a esfera" e foi proclamada Imaculada
quando o dogma de sua Imaculada Conceição se cumpriu. Em suma, a Medalha
Milagrosa (consagrada em 27 de novembro no calendário litúrgico) é vista como
um canal de abundantes graças maternas de Maria para a conversão e proteção dos
fiéis.
2. Escapulário Verde (1840)
Contexto Histórico
Dez anos após as aparições na Rue du Bac, a Europa ainda
estava imersa em práticas devocionais renovadas. O movimento de devoção ao
Coração de Maria cresceu após o dogma proclamado em 1854, e em 1840 Nossa
Senhora interveio novamente na Companhia das Filhas da Caridade. Desta vez, sua
mensagem se concentrou na misericórdia e na conversão daqueles que se afastaram
da fé.
Irmã Justine Bisqueyburu (1817–1903)
Marie-Justine Bisqueyburu nasceu em 11 de novembro de 1817,
em Mauléon (Pirineus Atlânticos, França). Órfã desde criança, foi criada por
sua tia materna, que lhe incutiu uma intensa devoção ao Coração de Maria e a
caridade para com os pobres. Em janeiro de 1840, ingressou no noviciado das
Filhas da Caridade em Paris (Rue du Bac). Era conhecida por sua humildade,
piedade e serviço alegre aos doentes. Durante o noviciado, teve várias visões
preparatórias da Virgem Maria: em 28 de janeiro de 1840, enquanto rezava diante
da imagem da Imaculada Conceição no noviciado, viu Maria vestida de branco, com
um manto azul e seu Coração envolto em chamas ardentes. Durante essas primeiras
aparições, a Virgem Maria não falou, mas elas confirmaram a missão mariana de
Justine.
Aparições do Escapulário Verde
O momento culminante ocorreu em 8 de setembro de 1840, Festa
da Natividade de Maria, quando Justine já havia sido designada para a
comunidade de Blangy (Sena Marítimo). Nesse dia, segundo os relatos, a Virgem
Maria apareceu vestindo o hábito branco e o manto azul, segurando um
escapulário verde especialmente desenhado na mão esquerda. Este escapulário era
um único quadrado de tecido verde com cordões (ao contrário dos escapulários
tradicionais de duas peças) e, no anverso, trazia a imagem da Virgem Maria exibindo
seu Imaculado Coração (exatamente como ela mesma havia aparecido a Justina). No
reverso, havia um coração flamejante trespassado por uma espada, encimado por
uma cruz, ao redor da qual estava a inscrição: "Imaculado Coração de
Maria, rogai por nós agora e na hora de nossa morte".
Interiormente, Justina compreendeu a mensagem: a Santíssima
Virgem lhe ensinou que este Escapulário Verde seria "um instrumento
poderoso para a conversão das almas, especialmente daquelas que não têm
fé". Maria pediu que este sacramental fosse amplamente divulgado para
obter graças especiais de misericórdia, prometendo em particular "a graça
de morrer em estado de graça" àqueles que o usassem com fé e oração. Com
isso, a missão evangelizadora de Justina estava selada: ensinar o uso do
escapulário como sinal da ternura maternal da Virgem para com os pecadores.
Aprovação Eclesiástica
Após as aparições, Justine informou seus superiores e seu
diretor espiritual, Padre Jean-Marie Aladel. A princípio, houve suspeitas, mas
com o tempo, as autoridades eclesiásticas reconheceram a autenticidade das
revelações. A difusão do Escapulário Verde não exigiu a fundação de uma
confraria especial ou uma cerimônia de imposição; bastava que um padre o
abençoasse e o usasse com devoção. O Papa Pio IX autorizou sua fabricação e uso
em 1863 e reafirmou isso em 1870, instruindo as Irmãs: "Autorizo-vos a
confeccioná-los e distribuí-los". O Arcebispo de Paris também contribuiu
para sua disseminação. Posteriormente, o Papa Pio XI apoiou a devoção ao
escapulário verde, elevando sua visibilidade dentro da Igreja.
Justine Bisqueyburu faleceu em 28 de julho de 1903, "em
odor de santidade", em Carcassonne, França. Embora nunca tenha sido
oficialmente beatificada, seu legado permanece vivo nas conversões atribuídas
ao uso do escapulário verde. Sua figura é lembrada pela Igreja francesa como um
exemplo de vida oculta e devoção mariana.
Significado e Uso do Sacramentário
O Escapulário Verde simboliza o Imaculado Coração de Maria.
Representa a confiança na misericórdia da Virgem para com aqueles que duvidam
ou se afastaram de Deus. Sua estrutura (um único quadrado de tecido em vez de
dois) enfatiza que sua eficácia depende "da fé e da confiança com que é
usado". Recomenda-se que cada escapulário seja abençoado por um sacerdote.
A pessoa pode usá-lo no peito.
ou, em caso de dificuldade, colocá-lo com seus pertences,
rezando a oração inscrita (Imaculado Coração de Maria...) todos os dias.
Aqueles que promoveram esta devoção afirmam que a Virgem concedeu graças de
conversão, retorno à fé e uma morte tranquila a muitos fiéis que confiaram no
escapulário verde. Na liturgia, Nossa Senhora do Coração de Maria é celebrada
em 31 de maio (memória de Justina) e, por extensão, o escapulário verde é
associado a esse dia festivo como um sinal da proximidade materna de Maria às
almas necessitadas.
Escapulário Vermelho (1846)
Contexto Histórico
Paralelamente às devoções ao Coração de Maria, surgiram
também símbolos voltados para o sofrimento redentor de Cristo. Em 1846, na
diocese de Troyes (França), Jesus revelou um novo escapulário ligado à Paixão.
Este evento deu continuidade à série de manifestações divinas que o povo
católico francês vivenciou no século XIX, unidas à tradição vicentina de
doação.
Louise-Apolline Andriveau nasceu em 7 de maio de 1810, em
Pourcain (França central), em uma família camponesa. Ingressou na Irmandade
como Filha da Caridade ainda jovem, adotando o nome de Irmã Apolline. Foi
designada para a Casa de Montolieu, em Troyes, onde serviu aos doentes e
idosos. Caracterizou-se por grande piedade na oração, especialmente na
meditação da Paixão de Cristo.
Aparições em Troyes (1846)
Em 26 de julho de 1846, dia da memória litúrgica de São
Joaquim (avô de Jesus), ocorreu a primeira manifestação: ao entrar na capela,
antes da bênção do Santíssimo Sacramento, Irmã Apolline percebeu a presença de
Jesus Cristo usando um escapulário vermelho. Na visão, Jesus segurava na mão
direita um Escapulário Vermelho da Paixão — um pedaço de pano vermelho —
decorado com a imagem da Crucificação e os instrumentos da Paixão (flancos,
cruz, lança, martelo, etc.). Ao redor do crucifixo do escapulário, estava a
frase: "Santa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, salvai-nos". Do
outro lado do escapulário, estavam os Sagrados Corações de Jesus (trespassado)
e de Maria (com doze estrelas), unidos por uma cruz, com a inscrição:
"Sagrados Corações de Jesus e Maria, protegei-nos".
Então, em outra aparição (num domingo, enquanto fazia a Via
Sacra, na 13ª Estação), Irmã Apolline sentiu a Virgem lhe entregar o corpo de
Cristo, e Jesus lhe disse: "O mundo está perdido porque não pensa na minha
Paixão; faze todo o possível para salvá-lo". Essas aparições se repetiram
diversas vezes até meados de 1847. Jesus prometeu que aqueles que usarem o
escapulário vermelho fielmente e meditarem sobre a Paixão terão grande
abundância de fé, esperança e caridade, especialmente todas as sextas-feiras, e
o Perdão dos pecados (remissão da culpa) todas as sextas-feiras. Em suma, a
mensagem do escapulário vermelho é convidar à contemplação dos sofrimentos de
Cristo como um caminho para a conversão: "Quem pode resistir a um Deus que
expira por amor aos homens?", disse Jesus à Irmã Apolline.
Aprovação Eclesiástica
A divulgação cautelosa deste evento culminou na aprovação
papal: após examinar o caso, o Papa Pio IX autorizou "a propagação do
Escapulário da Paixão" em 25 de junho de 1847. Assim, a Igreja reconheceu
oficialmente o escapulário vermelho como um sacramental válido. A Diocese de
Troyes e as Filhas da Caridade promoveram então a devoção, permitindo que
religiosos e leigos o usassem após a bênção e até mesmo rezassem a Oração do
Escapulário Vermelho, que contém as promessas feitas por Jesus durante as
visões.
Irmã Apolline Andriveau faleceu em 27 de setembro de 1895
(segundo os registros das Filhas da Caridade) após muitos anos de serviço na
França. Assim como Irmã Justine, ela viveu no anonimato, sem revelar
publicamente sua missão. Atualmente, não há nenhum processo formal de
beatificação ou canonização aberto para ela. Sua memória é celebrada na Igreja
Vicentina, mas não está incluída no calendário litúrgico universal.
Significado e Uso do Sacramentário
O Escapulário Vermelho da Paixão é um sinal de solidariedade
aos sofrimentos de Cristo e ao Corpo Místico da Igreja. É usado no peito (uma
peça adornada com fitas vermelhas) como um lembrete para manter viva a devoção
à Paixão redentora de Jesus. O Espírito Santo ensina que aqueles que o usam com
fé — e refletem sobre os mistérios da Paixão — recebem "um grande aumento
de Fé, Esperança e Caridade" todas as sextas-feiras. Para se beneficiar de
suas graças, o escapulário deve ser abençoado por um sacerdote. Na oração
popular, a chamada Oração do Escapulário Vermelho é frequentemente recitada,
pedindo proteção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, como ensina a devoção
original.
Em uso, o escapulário vermelho não é um "amuleto",
mas um instrumento de conversão: ele convida os fiéis a considerarem o custo do
amor divino manifestada na Cruz. Ajuda a santificar as sextas-feiras (o dia
tradicional de veneração da Paixão) com indulgência, em memória das promessas
reveladas à Irmã Apolline. É uma forma gráfica de rezar pela paz mundial e pela
união com Cristo crucificado.
Elementos comuns entre os sacramentais
Origem mariana-vicentino: Os três sacramentais
surgiram dentro da espiritualidade das Filhas da Caridade de São Vicente de
Paulo na França. Catarina Labouré, Justine Bisqueyburu e Apolline Andriveau
eram freiras vicentinas dedicadas ao serviço dos doentes e pobres, às quais a
Santíssima Virgem (ou Jesus, no caso do escapulário vermelho) apareceu,
revelando um sinal de piedade.
Aparições privadas: Todas foram reveladas por meio de
revelação privada recebida em um contexto de oração (cada vidente orou em uma
capela), em datas específicas (1830, 1840, 1846) e em locais associados à
Congregação (Rue du Bac, Blangy, Troyes). Essas aparições não faziam parte de
um dogma público, mas sim da piedade popular, e seus conteúdos — imagens e
promessas — foram registrados na devoção da Igreja.
Símbolos marianos e cristológicos: A Medalha
Milagrosa e o Escapulário Verde aludem diretamente a Maria Imaculada (incluindo
seu Coração), enquanto o Escapulário Vermelho destaca a Paixão de Cristo ao
lado dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Todos os três apresentam imagens:
a medalha tem iconografia mariana na frente e no verso, o escapulário verde com
a Virgem e seu Coração, e o escapulário vermelho com a Cruz e os corações.
Todos contêm a mensagem de confiança na misericórdia divina.
Promessas de Graça: Cada sacramental é acompanhado
por promessas espirituais: a Medalha Milagrosa concede "graças em
abundância" àqueles que a usam com confiança; o Escapulário Verde
incentiva conversões e promete "uma morte feliz" (graças para uma boa
morte); o Escapulário Vermelho concede indulgências pelos pecados às
sextas-feiras e exalta as virtudes teologais. Todos enfatizam a necessidade de
fé para usá-lo: as graças dependem da fé com que o sacramental é usado (Nossa
Senhora o prometeu "para a nossa fé").
Disseminação Simples: Nenhum dos três requer ritos
complexos: a bênção de um padre e o uso devocional são suficientes. Nenhum
requer a investidura formal em um hábito religioso (ao contrário do Escapulário
do Carmelo, por exemplo). Além disso, todos são compartilhados entre leigos e
pessoas consagradas sem restrições: a medalha e os escapulários não pertencem a
uma associação fechada. Isso facilita seu uso popular em geral.
Cronologia de Eventos Relevantes
Os marcos mais importantes relacionados à Medalha Milagrosa,
ao Escapulário Verde e ao Escapulário Vermelho estão resumidos abaixo em ordem
cronológica:
2 de janeiro de 1806: Nascimento de Catarina Labouré em
Fain-les-Moutiers, França.
7 de maio de 1810: Nascimento de (Louise-)Apolline Andriveau
em Pourcain, França.
11 de novembro de 1817: Nascimento de Justine Bisqueyburu em
Mauléon, França.
21 de abril de 1830: Ingresso de Catarina no noviciado das
Filhas da Caridade na Rue du Bac (Paris).
19 de julho de 1830 (noite do dia 18 para o dia 19):
Primeira aparição mariana a Catarina na Rue du Bac.
27 de novembro de 1830: Segunda aparição a Catarina na Rue
du Bac; O desenho e a oração da Medalha são revelados a ela.
Dezembro de 1830: Terceira aparição a Catarina na Rue du
Bac; a missão da Medalha é concluída.
1831–1832: Catarina toma o hábito (janeiro de 1831) e faz
seus primeiros votos (abril de 1833) em Enghien, França. As primeiras medalhas
são cunhadas em 1832 "com a devida aprovação eclesiástica".
1836: Uma investigação canônica ordenada pelo Arcebispo de
Paris conclui que as aparições e milagres da Medalha são autênticos.
1832–1836: Distribuição em massa da Medalha Milagrosa
durante epidemias e conversão de milhares de fiéis na França e no exterior. Sua
veneração começa a se popularizar.
28 de janeiro de 1840: Primeira aparição da Virgem a Justine
Bisqueyburu na capela da Rue du Bac, mostrando seu Coração.
8 de setembro de 1840: Segunda aparição a Justina em Blangy;
Nossa Senhora entrega o Escapulário Verde e promete conversões e uma
"morte feliz" aos seus devotos.
26 de julho de 1846: Primeira aparição de Jesus à Irmã
Apolline Andriveau em Troyes, segurando o Escapulário Vermelho.
14 de setembro de 1846: (Festa da Exaltação da Cruz) Jesus
novamente instrui Irmã Apolline sobre o Escapulário Vermelho; ela estabelece a
promessa de graça às sextas-feiras.
25 de junho de 1847: O Papa Pio IX aprova oficialmente a
propagação do Escapulário Vermelho da Paixão.
1854: Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição de
Maria, confirmado anos depois pelas revelações da Rua du Bac.
1863: Pio IX autoriza a fabricação e o uso do Escapulário
Verde.
1870: Pio IX reafirma sua aprovação do Escapulário Verde.
1876: Santa Catarina Labouré morre (31 de dezembro) em
Enghien, França.
28 de junho de 1895: Irmã Apolline Andriveau morre na França
(de acordo com os registros da Congregação).
28 de julho de 1903: Irmã Justine Bisqueyburu morre em
Carcassonne, França (supostamente "em odor de santidade").
28 de maio de 1933: Catarina Labouré é beatificada por Pio
XI.
27 de julho de 1947: Catarina Labouré é canonizada por Pio
XII; sua festa litúrgica é marcada para 31 de dezembro.
Valor Espiritual e Significado Religioso
Medalha Milagrosa: Seu grande valor reside na confiança
filial na proteção de Maria Imaculada. Os católicos a consideram um sacramento
mariano que inspira conversões e auxilia na luta contra o mal (a Virgem Maria é
representada pisando na serpente), especialmente em momentos críticos (doença,
provação, agonia). O Papa Pio XII, ao canonizar Catarina, enfatizou que a
Virgem Maria pretendia com esta medalha "ser para nós como um
remédio" (Discursos de Pio XII, 1947).
Escapulário Verde: Representa o amor maternal da Virgem
Maria por aqueles que não têm mais fé ou que vacilaram em sua prática
religiosa. Seu valor espiritual reside em promover a conversão contínua e a
esperança na misericórdia de Maria. Testemunhos de cura espiritual e
reconciliação com Deus no leito de morte são atribuídos a ela. A simplicidade
de seu uso (colocado sobre pertences ou no peito) e a promessa de uma
"morte feliz" atraem aqueles que buscam a paz da alma. Embora o
escapulário em si não "garanta" automaticamente a graça, ele motiva a
oração persistente ("Imaculado Coração...") e a confiança na
intercessão maternal de Maria.
Escapulário Vermelho: É uma lembrança do sofrimento redentor
de Cristo e do amor compartilhado pelos Corações de Jesus e Maria. Seu valor é
aumentar a devoção dos fiéis à Sexta-Feira Santa diária: contemplar os símbolos
da Cruz e rezar a oração associada a ela aprofunda a gratidão pela Paixão do
Senhor. A Igreja tem incentivado a oração pelos moribundos e pelas almas
afastadas de Deus, precisamente por se concentrar nos méritos da Paixão. Os
promotores do escapulário vermelho enfatizam que ele não é "um talismã",
mas um meio gráfico de "seguir os passos" de Jesus na vida cotidiana,
como um instrumento de graça para fortalecer a caridade e a esperança.
Em suma, sacramentais marianos como a Medalha Milagrosa, o
Escapulário Verde e o Escapulário Vermelho são meios concretos de devoção
popular que, longe de substituir os sacramentos, ajudam os fiéis a permanecer
na graça divina. Eles oferecem lembretes visuais da proteção e do amor de Deus
por meio de Maria e da Paixão de Cristo, e incitam a oração confiante e uma
mudança de vida de acordo com as mensagens reveladas. Essas devoções,
oficialmente aprovadas pela Igreja, floresceram em testemunhos de conversão e
permaneceram como um legado espiritual na tradição católica vicentina.
Conforme
carta do Conselho Nacional da FV Brasil, o Pe. Guillermo Campuzano, CM fará uma
visita fraterna à Família Vicentina do Brasil.
Padre
Guilhermo (Memo) que é membro da equipe internacional da FAMVIN, responsável pela
América Latina e Caribe, África, Espanha, Portugal e alguns países da Ásia Será
o visitador da FAMVIN no Brasil.
A
visita tem como objetivo, apresentar o Documento de Roma, síntese do encontro
de 14 a 17de novembro de 2024, conectando-o
ao documento final do sínodo e provocar
um diálogo/discernimento do grupo.Bem
como, ouvir dos membros das coordenações regionais e dos membros da Família
Vicentina sobre suas vidas, sonhos, projetos, trabalhos e desafios como Família
Vicentina e estudar pontos do Regimento Interno da FAVILA.
Eis
a programação de sua passagem pelo país:
Chegado
em Curitiba 19/05
20/05
– Reunião com grupo grande da Família Vicentina- Região 3
21/05
– Parte da manhã – visita
21/05
a tarde – Viagem para Belo Horizonte
22 e
23/05 – Atividade Família VicentinaRegional Belo Horizonte – Região 1
23/05
a tarde viagem para São Paulo
24 e
25/05 – Atividade Família Vicentina Regional São Paulo – Região 4
25 a
tarde viagem para Brasília
26 e
27/05 – Atividade Família Vicentina Região Centro Oeste- Região 5
27/05
– viagem para Fortaleza
28 e
29/05 – atividade da Família Vicentina Região Fortaleza – Região 7
29 a
tarde viagem para Recife
30 e
31 atividade da Família Vicentina Região de Recife – Região 6
Conforme
a disponibilidade de tempo em cada região será organizada a programação que
facilite o maior número de participantes dos Ramos da Família Vicentina da Região.
Pe. Fábio, Pe. Memo e Pe. Joe no encontro da FV Roma 2024
Carta Pós Visita
Filadelfia,Junho4de2025
QueridaFamíliaVicentinadoBrasil–FAVIBRA
Ao Conselho Nacional e aos Conselhos Regionais
Com o coração profundamente tocado e grato, quero
dirigir-lhes estas palavras depois da visita que tive a imensa alegria de realizar recentemente ao Brasil.
Esta visita representou para mim uma experiência espiritual e
emocional de grande profundidade. A acolhida calorosa, a hospitalidade
generosa e fraterna que recebi
de cada
um de
vocês foram
verdadeiramente comoventes e inesquecíveis. Fui profundamente tocado ao ver o quanto a Família Vicentina do Brasil se dedica com
amor, competência e criatividade ao serviço dos mais pobres. A comunhão e a
colaboração que testemunhei entre os
diversos ramos e expressões da FAVIBRA são um sinal luminoso que merece ser conhecido e projetado para
além das fronteiras do Brasil, como inspiração e testemunho vivo do carisma de São Vicente de Paulo.
Como refletimos juntos durante os
encontros que partilhamos, quero animá-los
a continuar
fazendo umdiscernimento comum, escutando juntos o Espírito,
para reconhecer os caminhos que Deus lhes propõe na vossa história compartilhada. O discernimento comunitário é
uma graça
e uma
responsabilidade. Requer coragem
para abrir
os olhos à realidade e ousadia espiritual para reinterpretar e encarnar o carisma vicentino diante dos desafios e clamordosnovostempos.
Renovo com esperança e entusiasmo o convite para que a Família Vicentina no Brasil se
comprometa ativamentena fase de implementação do modelo de uma Igreja sinodal, como nos pediu o muito querido Papa Francisco. A Sinodalidade é o caminho da Igreja e uma oportunidade
preciosa para nos deixarmos renovar pelo Espírito Santo.
Igualmente, os convido a discernirem juntos um modelo comum de pastoral vocacional vicentina, que
promova uma verdadeira cultura vocacional em todos os níveis. Que possamos
sempre convidar, acompanhar e acolher novos membros nos diferentes ramos da
Família, especialmente os jovens, oferecendo-lhes espaços de encontro, escuta e
experiênciaconcretacomocarisma—paraquepossam"vir-ver"eficar.
participação ativa da
Família Vicentina do Brasil em
todos os
processos promovidos pelo Conselho de
FAVILA são de enorme importância para todos nós. Elas nos ajudam a continuar
tecendo uma história comum, enraizada na fraternidade e na missão, que resiste
às tentações do isolamento e da
autossuficiência, e que aposta decididamente na comunhão, na escuta mútua e na
corresponsabilidade-mutualidade.
Essa convicção ficou claramente expressa durante a visita que Germán Sánchez, presidente de FAVILA, realizou ao
Conselho Nacional em São Paulo, reafirmando a centralidade do Brasil no caminho
conjunto da nossa Família Vicentina na
América Latina e no Caribe.
Abraço a cada um e cada uma com carinho e profunda gratidão, na comunhão
fraterna que nos une como uma só Família Vicentina, em missão nocoração da Igreja eao lado dos que
mais sofrem.