𝐂𝐍𝐁𝐁: 𝐎 𝐔𝐒𝐎 𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐉𝐄𝐓𝐎𝐑 𝐌𝐔𝐋𝐓𝐈𝐌Í𝐃𝐈𝐀 𝐍𝐀 𝐋𝐈𝐓𝐔𝐑𝐆𝐈𝐀 - 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐫𝐞𝐟𝐥𝐞𝐱ã𝐨
A Comissão Episcopal para a Liturgia fez uma reflexão sobre o uso de audiovisuais nas celebrações litúrgicas, hoje em dia cada vez mais frequente em nossas comunidades. Resumindo o que diz a Comissão:
Elementos para reflexão sobre essa realidade
É compreensível a iniciativa do uso do projetor multimídia, pois revela zelo e preocupação pastoral em relação à liturgia. No entanto, do ponto de vista teológico-litúrgico, tudo isso demanda revisão, reflexão e aprofundamento, tendo em vista a participação plena da assembleia.
Na reflexão sobre esta realidade, um primeiro elemento a ser considerado é a noção de participação ativa na liturgia. O que é mesmo participar de uma ação litúrgica? É participar da salvação (cf. Sacrosanctum Concilium, SC, 2) que sempre de novo nos é dada através dos ritos e sinais sensíveis da liturgia da Igreja (cf. SC 5-7), pelos quais somos incorporados à morte e ressurreição de Cristo em seu mistério pascal (cf. SC 5-7).
A ação salvadora de Deus se dá, sobretudo, quando, em torno do altar, da mesa eucarística, é proclamada a grande ação de graças da Igreja ao Pai, por Cristo e no Espírito Santo. De fato, a oração eucarística é o "centro e ápice de toda a celebração" (IGMR n. 78), quando a mente e o coração de todos devem se voltar para o alto, isto é, para Deus. Portanto, no momento da sua proclamação, é importante que o foco das atenções esteja no altar, para acompanharmos e participarmos deste momento ritual. Por isso, não convém que a assembleia acompanhe o texto da oração eucarística, seja ele impresso ou projetado, mas com os olhos voltados para o altar, ouça a voz do presidente que proclama a solene ação de graças.
O mesmo se diga sobre a mesa da Palavra, como nos ensina a Igreja: "A dignidade da Palavra de Deus requer na Igreja um lugar condigno de onde possa ser anunciada e para onde se volte espontaneamente a atenção dos fiéis no momento da liturgia da Palavra" (IGMR n. 309). Consequentemente, a Palavra de Deus, quando proclamada e comentada pela homilia, exige de nós a atitude discipular de escuta, devendo ocupar o centro das atenções, e não o telão...
Os livros litúrgicos - O Missal e o Lecionário "são símbolos das realidades do alto na ação litúrgica" IGMR, 35) e não devem ser substituídos por outros subsídios...
Imagens projetadas durante a celebração desviam a nossa atenção da ação de Jesus Cristo e de suas diversas presenças (no ministro, na Palavra, na assembléia, nos sacramentos, nas espécies eucarísticas...), na própria ação ritual. O vídeo, a imagem, não sendo acontecimentos em si mesmos, não se destinam a ilustrar o grande acontecimento que é o mistério de Cristo e da Igreja, enquanto ele acontece, em ato, no altar.
O ministro age in persona Christi. O Cristo assume a voz, o olhar, o rosto, os braços, o corpo todo do ministro para, por ele, se comunicar com a assembleia e, na unidade do Espírito Santo, glorificar ao Pai. Então, como fica quando o povo se vê obrigado a desviar sua atenção para o telão, quando devia contemplar o Cristo vivo na pessoa do ministro realizando a ação litúrgica?
Na verdade, o projetor multimídia é um elemento estranho ao espaço celebrativo, enquanto "sinal e símbolo das coisas divinas". (cf. IGMR 288), dificultando a execução das ações sagradas e a participação ativa dos fiéis, tornando o espaço celebrativo uma "sala de aula" ou extensão da "sala de TV"... Gera distração e entra em competição com a ação litúrgica, desfocando a atenção da assembleia daquilo que é central na celebração.
O uso do projetor e das novas tecnologias pode ser muito útil na catequese, nos encontros e círculos bíblicos, na formação litúrgica, na preparação para receber os sacramentos, em outras pastorais, prestando um grande serviço à sagrada liturgia.
Finalmente a Comissão Episcopal invoca o Espírito Santo: que Ele nos ilumine, "para que, a partir de uma séria reflexão sobre o uso do projetor multimídia em nossas liturgias, possamos qualificar sempre mais nossas celebrações e todos os seus ministérios. Tudo para que nossas assembléias litúrgicas, corpo eclesial de Cristo, possam sentir-se plenamente sujeito das ações rituais e, ao mesmo tempo, todas as pessoas que as compõem sintam-se envolvidas pelo mistério da salvação e glorifiquem ao Pai por uma vida santa."
(Veja mais, para aprofundar: www.cnbb.com.br, link "Comissões Episcopais - Liturgia")
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