sexta-feira, 11 de junho de 2021

ORAÇÃO DA MANHÃ: REZEMOS COM MARIA E COM A FRATELLI TUTTI


 

Convido à esperança que «nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive.

Fala nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o CORAÇÃO e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor” (FT, n. 55).

 

Saudação a Santíssima Trindade

Vinde Espírito Santo...

 

Canção Introdutória

 

Coração de Maria

Padre Zezinho, scj

 

O que será que pensa aquele coração
Ao contemplar o filho de Deus lhe mandou?
Porque será que Deus me escolheu?
Porque será que Deus me escolheu?
O que será que pensa aquele coração
Ao contemplar o filho que Deus lhe mandou
Por causa dele eu sou quem eu sou
Por causa dele eu sou quem eu sou
Sou serva e não posso ser serva
Sou serva de quem me escolheu
Pediu o meu sim sem reservas
Meu colo carrega um segredo
O mundo vai ver a verdade
Meu filho nos ensinará
Respostas de eternidade
E no tempo certo dirá

 

 

RECORDAÇÃO DA VIDA: A encíclica Fratelli Tutti apresenta o projeto de continuidade do Papa Francisco. O presente documento apresenta uma continuação do seu projeto de ação missionária apresentada no início do seu pontificado, a Evangelii Gaudium. É um convite estendido a todos os seres humanos a: “viver o um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si” (FT, n. 1). Por isso convidamos a cada um, fazer memória neste momento das palavras, gestos, ações, e momentos que recordam a vivência da fraternidade e a amizade Social.

 

 

Evangelho (Lc 2,41-51)

 

Silêncio e meditação

 

Preces: A nova encíclica pretende responder à seguinte questão: "Quais são os grandes ideais, mas também os caminhos concretos para aqueles que querem construir um mundo mais justo e fraterno nas suas relações quotidianas, na vida social, na política e nas instituições?". Em 8 capítulos, o Pontífice destaca quais os pontos essenciais para que a fraternidade e amizade social se torne real em nossa vida. Unindo-nos ao Papa nesta cruzada pela paz, respeito e unidade façamos nossas preces a partir de oitos capítulos lido por nossa comunidade.

 

Resp: Senhor e Pai da humanidade, infundi nos nossos corações um espírito fraterno.

 

1. "As sombras dum mundo fechado": O papa elenca alguns problemas globais, que requerem ações globais, sublinhando o egoísmo e a falta de interesse pelo bem comum; a prevalência de uma lógica de mercado baseada no lucro e na cultura do descarte; o desemprego, o racismo, a pobreza; a desigualdade de direitos, entre outros. Diante deste cenário, permita-nos Deus construir uma convivência saudável, rezemos.

 

2. "Um estranho no caminho": Neste capítulo, o Pontífice denuncia "uma sociedade doente, que vira as costas à dor e é 'analfabeta' no cuidado dos mais frágeis e vulneráveis". Que sejamos, uma comunidade capaz de “estar próximos uns dos outros, superando preconceitos e interesses pessoais" pois "O amor constrói pontes e nós somos feitos para o amor", rezemos.

 

3: "Pensar e gerar um mundo aberto": Francisco exorta cada um de nós a "sair de si mesmo" para encontrar nos outros "um acrescentamento de ser", abrindo-nos ao próximo segundo o dinamismo da caridade, que nos faz tender para a "comunhão universal". Que sejamos capazes de sair de nós mesmo para encontrar uns aos outros, rezemos.

 

4. "Um coração aberto ao mundo inteiro": Os migrantes devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. O Papa aponta algumas "respostas indispensáveis" sobre essa questão: especialmente para aqueles que fogem de "graves crises humanitárias". Que tenhamos um coração hospitaleiro para com o mundo inteiro, sobretudo aquele que se faz estrangeiro a mim, rezemos.

 

5. "A política melhor": O Santo Padre espera que se possa passar de uma política "para" os pobres para uma política "com" e "dos" pobres, inclusive com um pedido de reforma da ONU, que "deve promover a força da lei sobre a lei da força". Ajudai-nos Senhor a comprometermos com uma política justa, inclusiva e que esteja sempre ao lado dos pobres, rezemos.

 

6. "Diálogo e amizade social": O Papa faz um apelo ao "milagre da amabilidade", uma atitude a ser recuperada, porque é "uma estrela na escuridão" e uma "libertação da crueldade, da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros, da urgência distraída", que prevalecem hoje em dia. Concedei-nos Senhor, a dádiva de sermos amáveis e criar mecanismos de libertação e não de exclusão em nossa comunidade, rezemos.

 

7. "Percursos dum novo encontro": Refletir sobre o valor e a promoção da paz é o convite deste capítulo sobre as guerras, no qual o Papa sublinha que a paz é "proativa" e visa formar uma sociedade baseada no serviço aos outros e na busca da reconciliação e do desenvolvimento mútuo. Que sejamos construtores da paz, rezemos.

 

8. "Religiões ao serviço da fraternidade no mundo": O terrorismo não se deve à religião, mas a interpretações erradas de textos religiosos, bem como a políticas de fome, pobreza, injustiça e opressão.  Ajudai-nos Senhor a construir um caminho possível de paz entre a religiões, que cada dia se faz necessário garantir a liberdade religiosa, direito humano fundamental para todos, rezemos.

 

Diante da Imagem de Nossa Senhora da Piedade, que visita este casa façamos a nossa,

 

Consagração à Nossa Senhora da Piedade

 

Santíssima e Imaculada Virgem Maria, Mãe da Piedade, Padroeira e Senhora nossa, recorremos à vossa proteção, e vos consagramos nossa vida, de discípulos(as) missionários(as).

 

No alto da Serra da Piedade, magnífica arquitetura divina, herança nossa que vamos sempre preservar e defender, pusestes vossa casa de clemência e bondade, Santuário Estadual de Minas Gerais; em Vossa Imagem veneranda, nos ensinais o amor infinito de Jesus, Filho Amado, que dá sua vida para que todos tenham vida, ensinando-nos a depositar em Deus Pai toda nossa confiança, dóceis à ação amorosa e terna do Espírito Santo.

 

Intercedei a Deus por nós, e inspirai o caminho missionário da Igreja de vosso Filho Jesus; protegei nossas famílias, para que floresçam como Escolas do Amor, Santuários da vida, de virtude e dignidade.

 

Ensinai os governantes, os construtores da sociedade e os representantes do povo, a serem autênticos servidores, defensores dos direitos e promotores da justiça.

 

Cuidai dos pobres, aflitos e sofredores. Acompanhai os jovens e as crianças, e sustentai os enfermos, os irmãos e irmãs mais velhos.

 

Assisti os sacerdotes, religiosas e consagrados, evangelizadores e missionários, e seu empenho seja fecundo, para que se multipliquem os operários da messe do Senhor.

 

Alcançai-nos o que vos pedimos, Senhora da Piedade, e guardai-nos na paz, livres de perigos e ciladas comprometidos com a justiça; exemplares na solidariedade, para que o mundo creia e se abra ao amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Amém!

 

Ave Maria

 

Benção Final

INTRODUÇÃO GERAL A ENCÍCLICA FRATELLI TUTTI DO PAPA FRANCISCO



       Esta encíclica do Papa Francisco, como também vários outros documentos produzidos por ele, está intimamente associada ao seu grande projeto pastoral para a Igreja, escrito no início de seu pontificado: AEvangelli Gaudium”, ou se desejarem, “A Alegria do Evangelho”. Portanto, uma vez que nos apropriamos da Evangelli Gaudium, é perceptível que todos os documentos posteriores a ela, explicitem e desenvolvam vários temas que já foram nela mencionados, e que, no pensar do Papa, não podem ficar no esquecimento. Lembramos, por exemplo, dos seguintes documentos: “Laudato Si” (Louvado Seja), Sobre o Cuidado da Casa Comum (2015), Conf. EG 215-216; “Amoris Laetitia”, “Sobre o Amor na Família” (2016), Conf. EG n. 66; “Gaudete Et Exsultate”, “Sobre a Chamada à Santidade no Mundo Atual” (2018), conf. EG 119-120; “Fratelli Tutti” (Somos Todos Irmãos), Sobre a Fraternidade e a Amizade Social (2020), Conf. EG 186-216.

       Falando especificamente sobre a “Fratelli Tutti”, que é o nosso objeto de estudo e reflexão, observamos nas entrelinhas que o Papa, mais do que nunca, deixa claro nesta encíclica, que o nome que ele escolheu para o seu pontificado, Francisco, não é simplesmente um ato de devoção ou admiração pelo Santo italiano, é mais uma tentativa de encarnação dos sonhos, dos ideais e da coerência com Evangelho que, o Santo italiano, em seu tempo, procurou viver de maneira profética. Neste sentido, o Papa afirma: “São Francisco de Assis foi pai fecundo que suscitou o sonho de uma sociedade fraterna... Naquele mundo cheio de torres de vigia e muralhas defensivas, as cidades viviam guerras sangrentas entre famílias poderosas, ao mesmo tempo cresciam as áreas miseráveis das periferias excluídas. Lá Francisco recebeu, no seu íntimo, a verdadeira paz, libertou-se de todo desejo de domínio sobre os outros, fez-se um dos menos favorecidos e procurou viver em harmonia com todos” (FT, 4).

Portanto, à luz do testemunho de São Francisco de Assis, o Sumo Pontífice diz que foi o santo que o inspirou a escrever esta encíclica e que nunca ficou tranquilo com as graves questões sociais. Ele diz: “As questões relacionadas com a fraternidade e amizade social sempre estiveram entre minhas preocupações. A elas me referi repetidamente nos últimos anos e em vários lugares. Nesta encíclica, quis reunir muitas dessas intervenções, situando-as em um contexto mais amplo de reflexão” (FT, 5).

Olhando de forma global para encíclica, sem querer direcionar a leitura do documento, mas com o desejo de aguçar a leitura do expectador, destacamos aqui algumas ideias que brotaram da leitura, que nos introduz ou nos dá uma pequena ideia do que será tratado em cada capítulo, vejamos:

Capítulo l – As Sombras de Um Mundo Novo: Entre vários assuntos colocados, o Papa chama atenção a perda da consciência histórica, a polarização política, a imposição de um modelo cultural único e a cultura do descartável;

Capítulo ll – Um Estranho no Caminho: O Papa admira o quanto a humanidade desenvolveu e cresceu em vários aspectos, “mas somos analfabetos em acompanhar, cuidar e sustentar aos mais frágeis e fracos das nossas sociedades”.

Capítulo lll – Pensar e Criar um Mundo Aberto: Segundo o Papa, o ser humano só consegue seu desenvolvimento pleno numa entrega sincera ao semelhante. Grupos fechados, que crescem em torno de si, e se levantam contra a sociedade são formas de egoísmo idealizado.

Capítulo lV – Um Coração Aberto ao Mundo Inteiro: Uma reflexão, de modo especial, sobre o problema migratório. Aqui o Pontífice recorda que os esforços diante dos migrantes se resumem em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Mas, o ideal é que, todos encontrem em seus países a possibilidade de viver e crescer com dignidade.

Capítulo V – A Melhor Política: Sem nenhum rodeio, o Papa afirma que tradicionalmente, a forma que se faz política não inclui, mas exclui os fracos e desrespeita a diversidade cultural. Falta muito para acontecer a verdadeira política a serviço do bem comum.

Capítulo Vl – Diálogo e Amizade: Aqui, entre as várias colocações, passa-se a ideia que, o diálogo necessita ser enriquecido e iluminado por razões, e não exclui a convicção de que é possível chegar a algumas verdades elementares que devem e deveriam ser sempre sustentadas.

Capítulo Vll – Caminhos de Reencontros: O Papa nos deixa a evidência que o processo de paz é um compromisso constante. Para este processo é indispensável a transparência e a preservação da memória histórica: “a verdade é uma companheira inseparável da justiça e da misericórdia”.

Capítulo Vlll – As Religiões a Serviço da Fraternidade: Valorizando o papel singular de cada religião, o Pontífice afirma que “as distintas religiões a partir da valorização de cada pessoa como filho de Deus, oferecem uma contribuição valiosa para a construção da fraternidade e para a defesa da justiça na sociedade.

De forma geral, são estas ideias que, a princípio, colocamos sobre a encíclica. Ela, sem dúvida, é um documento muito importante para a atualidade. Certamente, será contada no rol dos documentos da “Doutrina Social da Igreja”, nos quais os Papas se mostram atentos sobre as grandes demandas sociais da humanidade e procuram refletir, questionar e propor alternativas para o bem comum. O Papa Francisco, ao entregar esta encíclica a Igreja e a humanidade afirma: “Entrego esta encíclica social como humilde contribuição para reflexão, a fim de que, perante às várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras. Embora a tenha escrito a partir das minhas convicções cristãs, que me animam e nutrem, procurei fazê-lo de tal maneira que a reflexão se abre ao diálogo com todas as pessoas de boa vontade” (FT, 6).  

Acredito que, estas palavras foram apenas um aperitivo sobre o que virá, no contato mais crítico e sistemático com cada capítulo da encíclica. Ler, refletir, confrontar as ideias, tirar conclusões, formar opiniões, trazer o texto para realidade e ter uma boa iluminação são características fundamentais para todos nós que nos propomos ser amigos de uma teologia saudável.


Pe. Wander Ferreira, CM