Ensina-me, Senhor, a rezar a minha sede
A pedir-te não que a arranques de mim ou a resolvas
[depressa]
Mas a amplies ainda
Naquela medida que desconheço
E que apenas sei que é a tua!
Ensina-me, Senhor, a beber da própria sede de ti
Como quem se alimenta mesmo às escuras
Da frescura da nascente
Que a sede me tornes mil vezes mendigo
Me ponha enamorado e faça de mim peregrino
Que ela me obrigue a preferir a estrada à estalagem
E o aberto da confiança ao programado do cálculo
Que esta sede se torne o mapa e a viagem
A palavra acesa e o gesto que prepara
A mês aonde partilhamos o dom
E quando der de beber aos teus filhos seja
Não porque tenha a posse da água
Mas porque partilho com eles o que é a sede.
MENDONÇA, José Tolentino. Elogio da sede. São Paulo: Paulinas, 2018, p. 153
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