sábado, 18 de fevereiro de 2017

São Régis Clet - Um movimento de itinerância


O movimento de itinerância nos faz lembrar São Francisco Régis Clet cuja festa celebramos nesta semana no dia 18 de fevereiro. Diante dos estragos da Revolução Francesa, pediu para partir para as missões estrangeiras. É enviado como missionário para a China, Chegou a Macau no dia 15 de outubro de 1791. Missionário na China durante trinta anos. Morreu estrangulado. Foi beatificado no dia 27 de maio de 1900 e canonizado por João Paulo II em 2001. 

São João, no Quarto Evangelho, relata a verdadeira Missão de Jesus Cristo e que é fundamental para o entendimento de nossa Missão. Diz Jesus: “Saí do Pai e vim ao mundo; de novo deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16,28.). O verbo no infinitivo “sair” implica movimento, itinerância. Jesus “sai” do Pai e, depois “volta” ao Pai”. Este “sair” também é a atitude proposta por Jesus aos seus discípulos. No final do Evangelho de Mateus, Jesus disse: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). 

Este envio quer evidenciar a continuidade entre a Missão de Jesus e a Missão dos discípulos. Em torno desse anúncio aparece um evidente compromisso: “Ide...” – “vão andando...”. Com esse mandato Jesus indica aos seus discípulos condição de itinerância. Esta condição de itinerância é a fonte de toda Missão. Como Jesus realiza um ministério itinerante, convida seus seguidores a fazer a mesma coisa. “Ide por todo mundo e anunciai a Boa Notícia a toda criatura” (Mc 16, 15). 

Tal qual foi Jesus deve ser os que O seguem. Vicente de Paulo tinha muito clara essa visão deixada por Jesus Cristo. Propunha aos seus missionários dizendo: “Nossa vocação, portanto, é ir não a uma paróquia, nem tampouco a uma só diocese, mas por toda a terra. Para fazer o quê? Abrasar os corações das pessoas, fazer o que o Filho de Deus fez. Ele que veio atear fogo ao mundo, para inflamá-lo com seu amor. Que podemos desejar, senão que ele abrase e consuma tudo? Meus caros irmãos, por favor, reflitamos sobre isto. 

Por conseguinte, é certo que sou enviado não apenas para amar a Deus, mas para torná-lo amado. Não basta que eu ame a Deus, se meu próximo não o ama. Devo amar meu próximo como a imagem de Deus e objeto de seu amor e fazê-lo de tal maneira que, por sua vez, todos os homens e mulheres amem a seu Criador, que os conheça e os reconheça como irmãos, pois os salvou para que, com Caridade mútua, eles se amem uns aos outros, por amor de Deus, que tanto os amou a ponto de por eles entregar seu próprio Filho à morte” (Coste, XII, 260-263). 

Isto pode ter um significado importante para nossa Missão Vicentina. Em primeiro lugar, significa sair de nosso próprio mundo para entrar no mundo dos Pobres e nele, defender as causas dos Pobres. Ir para a “periferia do mundo”, lá onde se encontra os Pobres e marginalizados. Em segundo lugar, ter uma espiritualidade do despojamento que é conhecida como sendo uma espiritualidade “kenótica”. 

Um despojamento à semelhança do Cristo que despojou de suas seguranças para identificar-se com aqueles a quem foi enviado. “Este despojamento é necessário para captar os caminhos do Espírito já presente nos espaços da Missão. É ele que precede o missionário e lhe indica os caminhos. O Missionário é, assim, o primeiro a ser evangelizado no seio daquele povo” (Clapvi, Ano XXXV, Pág. 72).

Mizael Donizetti Poggioli - CM

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