por Cleber
Teodosio – Propedeuta PBCM
Nos dias
24 a 29 de agosto de 2014, aconteceu
no Caraça – MG (Fazenda do Engenho)
a Conferência Latino Americana das Províncias
Vicentinas – CLAPVI, cujo tema: “Teologia
da Missão” e lema: “Dá-me uma pessoa
de oração e ela será capaz de tudo” (SVP). Participaram do evento 52 pessoas entre padres, irmãs e
seminaristas, e uma leiga, a Psicóloga da Província Brasileira da Congregação
da Missão - PBCM, provenientes dos seguintes países: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Espanha, Honduras,
México Paraguai e Peru.
O
encontro começou com uma missa no dia 24, à noite, presidida por Pe. Geraldo Mól, CM - Visitador da
PBCM, que acolheu a todos, deixando-os a vontade, “sintam-se como se estivessem
em suas próprias casa”, afirmou o anfitrião. No dia 25, depois da Lectio Divina e dinâmica de apresentação
pessoal os presentes foram agraciados com uma conferência com o tema: “A Vocação do Missionário” proferida por
Pe. Getúlio Grossi, CM, da Província
do Rio. O mesmo introduziu a reflexão com um fragmento de São Vicente de Paulo
(SVP XI, 1) e seguiu comentando sobre o que o Santo chamou de “Estado dos
Missionários”, caracterizando-o como um estado apostólico e cristão, exodal e
de caridade.
Nos dias
26, 27 e 28 a assessoria ficou por conta do Pe. Paulo Suess – teólogo alemão que vive no Brasil há muito tempo,
quem ministrou a Conferência Magna:
“Teologia da Missão”, onde orientado pelos documentos da Igreja e os legados
dos Santos Padres, em especial, do Papa Francisco, sinalou que:
·
A centralidade de Deus Uno e Trino é o ponto
de partida de toda reflexão teológica;
·
Deus se revela de muitas maneiras e dirige
sua Palavra aos povos, e esses são convocados a seguir a Cristo, que é luz;
·
O povo de Deus tem uma missão pública,
histórica e profética, ao serviço dos pobres;
·
A Igreja é, antes de qualquer estrutura hierárquica,
povo de Deus;
·
O Concílio Vaticano II articula a liberdade
religiosa com a dignidade da pessoa humana.
Bem como convidou
os assistentes, dentre outras, a:
·
Uma conversão pessoal
e comunitária;
·
Acolher as
pessoas e ao Evangelho; é necessário inscrever-nos na escola dos Pobres e ser
bons alunos;
·
Caminhar juntos,
reconhecer e acolher as diferenças, a pluralidade do mundo; incorporar as
mudanças;
·
Focar na Mudança de Estruturas, a partir do
interior da própria Família Vicentina;
·
Permanecer, deter-se,
e ficar, pôr-se em movimento, sair e caminhar.
O jantar
do dia 28 aconteceu no Caraça, onde também se pôde surpreender com a visita do
Lobo Guará, e participar da missa das 20h no Santuário Nossa Senhora dos Homens.
No dia
seguinte, 29, depois da eucaristia matinal e de encerramento do encontro, os
participantes da CLAPVI visitaram as
cidades históricas: Mariana e Ouro Preto, ambas em Minas Gerais,
Brasil, retornando às suas casas no final da tarde.
Como sinalamos, os materiais
repassados foram proveitosos e diversos. Escolhemos abaixo um dos textos
trabalhados que se trata da Intervenção do cardeal
Bergoglio durante o pré-conclave. Boa
leitura!
“A suave e confortadora alegria de evangelizar” (EN 80)
Fez-se
referência à evangelização. A razão de ser da Igreja é “a suave e confortadora
alegria de evangelizar” (Paulo VI). É o próprio Jesus Cristo quem, a partir de
dentro, nos impulsiona.
1.
Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe na Igreja a parresía de
sair de si mesma. A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as
periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as
do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa
religiosa, do pensamento, de toda miséria.
2.
Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial
e então adoece (cf. a mulher encurvada sobre si mesma do Evangelho). Os males
que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz na
autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico. No Apocalipse Jesus
diz que está à porta e bate. Evidentemente, o texto se refere ao fato de que
Jesus bate do lado de fora da porta para entrar... Mas penso nas vezes em que
Jesus bate do lado de dentro para que o deixemos sair. A Igreja
autorreferencial quer Jesus Cristo dentro de si e não o deixa sair.
3. A
Igreja, quando é autorreferencial, sem se dar conta, acredita que tem luz
própria; deixa de ser o mysterium lunae
e dá lugar a esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual (Segundo De
Lubac, o pior mal que pode sobrevir à Igreja). Esse viver para dar-se glória
uns aos outros. Simplificando: há duas imagens de Igreja: a Igreja
evangelizadora que sai de si – a Dei Verbum religiose
audiens et fidenter proclamans, ou a Igreja mundana que vive em si, de si e
para si. Isto deve dar luz às possíveis mudanças e reformas que tenha que fazer
para a salvação das almas.
4.
Pensando no próximo Papa: um homem que, a partir da contemplação de Jesus
Cristo e da adoração de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si para as
periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da “doce e
confortadora alegria de evangelizar”.