terça-feira, 6 de maio de 2008

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS NA ÓTICA VOCACIONAL


por Cleber Teodósio

O Evangelho segundo São Marcos apresenta Jesus através de sua prática, o autor deixa claro que sua obra não é completa, convidando cada um de nós a continuar o evangelho com o nosso testemunho, a fim de que sejamos discípulos e missionários de Cristo.


A primeira vocação apresentada na obra é a de São João Batista – A voz que grita no deserto.



Em Marcos (1,9-10) vemos que Jesus busca através do batismo o Espírito Santo, nos ensinando que precisamos estar revestidos de Deus para perseverar a caminhada. Ainda no mesmo capítulo, versículos 16 a 20, mais vocações são despontadas. Jesus se aproxima dos pescadores Simão e seu irmão André, e logo depois de Tiago e João, filhos de Zebedeu, e os convida a ser pescadores de pessoas para o Reino.



O serviço, que é a resposta da vocação, exige liberdade (1,31), como também transcende os limites geográficos (1,38).



Levi é apresentado como profissional de arrecadação de impostos, ao encontrar-se com Cristo, descobre a sua vocação e segue o Mestre. Esse fato gerou sérias críticas entre o povo da época, porém Jesus esclareceu que veio para chamar os pecadores e não os justos (2,13-17). Como a Levi, Jesus se compadece dos vocacionados de hoje, acreditando no poder de transformação que existe em cada um de nós.



A vocação não é nossa, mas de Deus. Marcos (3,13) explica que Jesus chamou os que “desejava” escolher, seguindo até o versículo 19 vemos o nome dos dozes, do grupo de Jesus. Em Marcos 5,18 um homem pediu para seguir com Jesus; Este porém o deu uma outra missão; isto é uma prova que devemos nos colocar nas mãos de Deus com a interrogação: Senhor, o que queres que eu faça?



Os discípulos deixaram tudo para seguir o Mestre. O desprendimento e a observância à vontade de Deus, através de sua presença real em Jesus os tornaram apóstolos genuínos do Pai; vocacionados por excelência! Porém o maior vocacionado é o próprio Cristo, pois sua vida, paixão, morte e ressurreição foi toda uma entrega ao plano de Deus. Seu legado como anunciador da Boa Notícia foi/é extraordinário. Em Marcos (6,34) vemos que sua compaixão O faz Pastor das ovelhas desassistidas, ação que nos impulsiona a seguir fiel ao chamado de Deus, neste mundo marcado pela subjetividade religiosa e escassez de operários para a merce.
Compreendemos que o seguimento a Jesus existe sem a vocação, no entanto para se ter a vocação, necessariamente, precisa ter o seguimento, sendo impossível assim, fazer o caminho inverso.



A nossa vocação é o céu, como também era a vocação do homem rico (10,17), porém o apego às coisas materiais, a alienação e o tropeço em pequenas pedras, muitas vezes nos impedem de prosseguir; uma prova de que não compreendemos ainda, Cristo, como caminho verdade e vida. Seguir a Cristo é renunciar a si mesmo, abraçar Jesus e o projeto que Ele sugere para a nossa vida (8,34).



As promessas de Deus para seu fiel seguidor e anunciador da boa nova não são poucas (cf. Mc. 18,29-30). Aqui percebemos o verdadeiro apego e zelo que todo batizado é chamado a cultivar.
Jesus, o Senhor dos Senhores, se fez servo e nos convida a sermos grandes no serviço (10,43-44). O Mestre soube se colocar a serviço do Pai, Sua obediência foi total; Sua vontade era a vontade de Deus (14,36).O Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos, é um chamado. Sinto-me contemplado no convite. Em seu capítulo último, versículo 15, a fala de Jesus parece imperar; ali, mais uma vez, somos enviados a anunciar o evangelho e a continuar na missão; algo que só alguém aberto aos designos de Deus será capaz de realizar, ao que me proponho.

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