segunda-feira, 21 de julho de 2025

VENERÁVEL DOM ANTÔNIO FERREIRA VIÇOSO: 7° BISPO DE MARIANA


Natural de Peniche - Portugal, bom e corajoso, de trato afável e simples, de superior inteligência e não menor espirito de humildade, desprendido dos bens materiais e apenas movido pelo desejo de servir, soube construir no Brasil, numa terra que não era sua mas que amou como se o fora e durante perto de sessenta anos, uma vida traçada em rasgos de generosidade, de coragem, de heroísmo e de saber, na defesa dos humildes e oprimidos, na luta pela abolição da escravatura e no combate à corrupção e à promoção do bem comum, sempre com o ardor de uma fé nunca renunciada e de uma esperança renovada todos os dias. E o fulgor da sua palavra soube irradiar relâmpagos de um brilhantismo tão intenso que, embora o Brasil houvesse já escutado Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira, um brasileiro ilustre membro da Academia das Letras, seu confidente, ouvinte e primeiro biógrafo - não se recusou de afirmar que "algumas vezes elevava-se com eloquência tão arrebatadora, que os oradores mais celebres não subiram mais alto".

Dom Viçoso, "modelo luminoso de defensor da Igreja, reformador do Clero e santificador do povo cristão".

 

Alguns Acontecimentos...


1774

3 de agosto: Casamento de seus pais, Jacinto Ferreira Viçoso e Maria Gertrudes.

 

1787

13 de maio: Nasce Antônio José Ferreira Viçoso.

21 de maio: É batizado na Paróquia Igreja Nossa Senhora da Ajuda em Peniche, tendo sido padrinho Frei Frutuoso de Jesus Maria José e madrinha Nossa Senhora da Piedade.

 

1796

Ingressa no convento de Olhalvo, da Ordem dos Carmelitas Descalços, no Conselho de Alenquer.

 

1798

Ingressa no convento de Santa Teresa, da Ordem dos Carmelitas Descalços, em Santarém.

 

1800

Ingressa no Seminário de Santarém.

 

1809

Termina os estudos em Santarém, preparando-se para receber as ordens sacras. Encontrando-se vaga a Sé Patriarcal de Lisboa, fica adiada a respectiva ordenação. Regressa a Peniche.

 

1811

25 de julho: Ingressa no Seminário da Congregação da Missão (de S. Vicente de Paulo, Lazarista), em Lisboa.

 

1813

26 de julho: Faz os votos e inicia um novo ciclo de estudos.

 

1816

9 de março: São-lhe conferidas as Ordens de Subdiácono, por D. João Antônio Binet Pincio, Bispo de Lamego.

14 de fevereiro: São-lhe conferidas as Ordens de Diácono, por D. Frei Marcelino José da Silva, Bispo Resignatário de Macau.

 

1818

7 de março: É ordenado presbítero, na Sé Patriarcal de Lisboa, por D. Frei Marcelino José da Silva.

8 de março: É domingo de Páscoa e celebra a sua Primeira Missa - Passa a lecionar filosofia no Real Colégio de Nossa Senhora da Purificação, em Évora.

Aceita juntamente com o padre Leandro Rabelo de Peixoto e Castro, o convite de D. João VI no sentido de os Padres da Congregação da Missão tomarem a seu cargo a evangelização dos índios brasileiros, no Estado de Mato Grosso.

27 de setembro: Parte para o Brasil, a bordo no Navio "Gran Canoa”.

 

1819

Pelos fins de outubro, por necessidade de a tribulação do navio reabastecimento de provisões, permanece alguns dias em S. Tiago, Cabo Verde.

7 de dezembro: Chega ao Rio de Janeiro. Apresenta-se ao Ministro Tomás Antônio de Vilanova Portugal, a fim de receber as instruções necessárias ao desempenho da missão que havia aceitado e é recebido por D. João VI. Toma conhecimento de que já não irá para Mato Grosso, mas sim para Minas Gerais.

 

1820

Fins de fevereiro: Parte para o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens e S. Francisco das Chagas, na Serra do Caraça, Minas Gerais, a cerca de 600 quilômetros do Rio de Janeiro.

15 de abril: Chega à Serra do Caraça.

 

1821

Princípios de janeiro: Sob a sua orientação pedagógica, é fundado o Colégio no Santuário do Caraça e as aulas iniciam-se, com a frequência não só de alunos de Mariana e arredores, como também do Rio de Janeiro.

Meados de setembro: Poucos dias depois de ter sido

proclamada a Independência do Brasil, chega à Ilha Grande, perto de Angra dos Reis a cerca de 200 quilômetros do Rio de Janeiro, por ter sido nomeado responsável pelo Seminário e Colégio da Santíssima Trindade (ou de Jacuecanga). Ao mesmo tempo que administra o Colégio e ensina, da assistência as povoações de Monsuaba, Prainha do Veado. Tartaruga, Ponta Leste, Angra dos Reis e Ilha Grande.

 

1837

Princípios de julho: Quinze anos depois de chegar a Jacuecanga, regressa ao Santuário e Colégio do Caraça. - É eleito Superior do Colégio.

 

1839

É elevado à dignidade de Superior Geral da Congregação da Missão no Brasil (cargo que exercera até 1844).

 

1840

Publica o opúsculo "Condenação da Escravatura", no qual fustiga a existência aberrante e consentida de homens escravos de outros homens, afirmando que isso era contra toda a justiça e o direito natural (princípios pelos quais se baterá energeticamente durante toda a sua vida).

7 de janeiro: O Imperador D. Pedro Il nomeia-o Bispo da Diocese de Mariana.

 

1843

Julho, princípios do mês: Prestes, por humildade, a não aceitar tal nomeação, mas alertado pelos Irmãos da sua Congregação para os males que adviriam para a Diocese se persistisse na sua negativa, parte finalmente para o Rio de Janeiro, onde se avista com o Imperador.

5 de maio: Com solenidade pouco costumada, é sagrado Bispo de Mariana no Mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro, por D. Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro, que teve, por ministros consagrantes. D. José Afonso de Moraes Torres, Bispo de Grão-Pará e D. Frei Pedro de Santa Mariana, Bispo titular de Crisópolis.

 

1844 

16 de junho: Por entre multidão que pega as ruas de alegria, a música, os sinos, os estalos de foguetes, os estouros das fogueiras, as descargas da artilharia e o ribombar dos canhoes. entra solene e festivamente, em Mariana onde se celebra um Te-déum de Ação de Graças, arrematando a noite com esplendido fogo de artificio.

Alguns dias depois de sua chegada a Mariana, todos os escravos da cidade e muitos dos arredores se dirigem ao Palácio Episcopal levando cada um deles a oferta, pobre, mas riquíssima de significado de um pequeno feixe de lenha caprichosamente enfeitado de coloridas e perfumadas flores.


1845

Princípios de janeiro: Iniciam-se as aulas no Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, de Mariana, completamente restaurado e ampliado de modo poder albergar cerca de cento e cinquenta alunos.

12 de janeiro: Confere, pela primeira vez, ordens a um sacerdote (João Antônio dos Santos).

 

1846

É adquirida a Cartuxa, pequena chácara no alto da montanha em Mariana (onde vivera, nomeio da maior simplicidade, grande parte de sua vida de Bispo).

 

1849 

Procura dar vida a uma casa de recolhimento de órfãos, trazendo da França as Irmãs Vicentinas da Divina Providência. Funda o Colégio Providência (para meninas) e um hospital para internamento de enfermos e idosos.

Junho: Acolhe no Seminário de Mariana, o ex-escravo. Francisco de Paula Victor, mais tarde o Pe. Victor da Campanha, hoje já reconhecido como Beato pela Santa Sé.


1850

Outubro: Escreve a um amigo condenado a escravatura: ...comprar Africanos para a agricultura, eu digo que não é licita tal compra porquanto enquanto houver quem cá os )à África, compre, haverá quem os vá comprar (ou roubar) à coisa tão oposta a humanidade. Minha razão repugna"

 

1851 (até 1852)

Publica o periódico "O Romano", enquanto prossegue num vasto labor intelectual que favorece o desenvolvimento cultural e religioso do clero e do povo da sua Diocese, traduzindo obras do Latim, do Grego, do Espanhol, do Francês e do Italiano.

 

1861

14 de abril: Ordena D. Luis Antônio dos Santos (que fora seu aluno no Seminário de Jacuecanga) Bispo de Fortaleza.

 

1864

1º de maio: Ordena D. João Antônio dos Santos (que fora o primeiro sacerdote a quem conferira ordens) Bispo de Diamantina.

 

1865

25 de abril: É agraciado pelo Imperador D. Pedro II com o titulo de Conde da Conceição, depois de já ter sido homenageado, pelo mesmo Imperador, com a Comenda da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

1869

10 de janeiro: Ordena D. Pedro Maria de Lacerda (que fora seu aluno no Colégio do Caraça) Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro.

 

1874

Com 87 anos e discordando da prisão injusta a que o Governo sujeitara os Bispos de Olinda e de Belém, sai em suas defesas e, dirigindo uma enérgica e corajosa carta ao Imperador. diz-lhe: "V. Majestade sabe que não tenho cavalos nem carruagens, e menos os táleres (moeda alemã de então), em que me possam multar, também não me podem prender em calabouços, porque em calabouço estou metido, sendo Bispo há 30 anos, e tendo de idade quase go, por meão em liberdade, se me tirarem desta masmorra do Bispado, ainda que lhes pareça que me mandam para outra pior prisão".

 

1875

3 de maio: Ordena seis novos sacerdotes.

29 de junho: Doente, há vários meses, encontra ainda forças, entre o espanto e a comoção dos presentes, para celebrar a que será a sua última missa.

7 de julho: Com 87 anos, morre, pelas 11 horas da noite, na sua casinha da Cartuxa, sobranceira a Mariana.

11 de julho: É sepultado no piso do Presbitério da Catedral de Mariana.

 

1896

Seu afilhado Pe. Silvério Gomes Pimenta, mais tarde Bispo e primeiro Arcebispo de Mariana, edita o livro "Vida de D. Antônio Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".

Por esta obra, Dom Silvério, torna-se o primeiro prelado brasileiro a alçar uma Cadeira, na Academia Brasileira de Letras.

 

1916 

Convicto da santidade do 7º Bispo, seu afilhado e Primeiro Arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta, constitui o Tribunal Eclesiástico para levar por diante a Causa da sua Beatificação.


1963 

São trasladados os seus restos mortais para a cripta mandada construir, na Catedral de Mariana, pelo Arcebispo Dom Oscar de Oliveira.


1964

Dom Oscar de Oliveira retoma o processo da sua beatificação, interrompido em 1922.

 

1980

Primeiros anos da década de 1980: Mons. Flávio Carneiro Rodrigues dedica-se incansavelmente à Causa de Dom Viçoso. datilografando os seus manuscritos para envio à Santa Sé.

10 de julho: O Papa João Paulo II, Santo João Paulo II, em sua visita Apostólica ao Brasil, em Fortaleza, cita Dom Viçoso, entre outros, como um "homem que deixou marcas de sua passagem na construção do Reino de Deus"

1º de março: O processo é distinguido, por parte da Congregação para as Causas dos Santos, com o rescrito "Nihil Obstat" (Nada Consta), que é a autorização oficial da Santa Sé para o prosseguimento da Causa.

 

1985

Março: O processo, em sua segunda fase, dá entrada em Roma.

9 de março: É proposto, e aprovado por unanimidade em sessão da Assembleia Municipal de Peniche, terra natal de Dom Viçoso, que se erga um Monumento em sua memória, e que se leve por diante o processo de geminação da cidade portuguesa de Peniche com a cidade brasileira de Mariana.

 

1986

Dom Viçoso é declarado "Servo de Deus", pela Santa Sé e o processo para a sua beatificação continua em bom ritmo.

 

1990

Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida atribui a Dom Viçoso, a sua recuperação pelo grave acidente automobilístico sofrido.

 

2014

8 de julho: A Santa Sé reconhece que Dom Antônio Ferreira Viçoso, viveu de modo heroico as suas "Virtudes Cristãs O Servo de Deus passa a ser chamado de "Venerável.

 

2018

Segundo semestre: Tendo chegado à Mariana e assumindo a Sede Arquiepiscopal Marianense, o Arcebispo Metropolitano. Dom Airton José dos Santos, toma conhecimento dos processos dos candidatos à santidade na Arquidiocese e dá sequência ao incremento das causas.

7 de julho: Por esforços da Arquidiocese de Mariana e da Faculdade Dom Luciano Mendes, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, lança a 4ª edição do Livro "Vida de D. Antônio Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".

 

2021

Na mesma solenidade, apresenta o caminho religioso do Caraça à Cartuxa em Mariana, refazendo os passos do Venerável Dom Viçoso, sob o título de "Nos Passos de Dom Viçoso - Uma Caminhada de Fé".

 

2024

8 de dezembro: A Arquidiocese de Mariana celebra os 150 anos de dedicação da Diocese ao Sagrado Coração de Jesus, por ato de Dom Antônio Ferreira Viçoso.

Princípios de janeiro: Dom Airton José dos Santos visita Peniche. Terra Natal de Dom Viçoso e faz conferência sobre as Virtudes Cristas de Dom Viçoso aos conterrâneos do 7º. Bispo de Mariana.

Dom Airton visita o Postulador da Causa de Beatificação de Dom Viçoso, em Roma e traça ações para o incremento do processo.

3 de abril: Dom Airton José dos Santos, nomeia o Pe. Marcelo Moreira Santiago, Pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Mariana, Delegado Arquiepiscopal para acompanhara Causa de Beatificação e Canonização de Dom Viçoso.

 

2025

18 de maio: É lançada em Mariana a obra "Dom Viçosa - Um Santo que andou em Minas", de autoria de Dom Gil Antônio Moreira - Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora.

Na sequência, a Arquidiocese de Mariana se prepara para as cerimônias que irão marcar a passagem dos 150 anos da Morte de Dom Viçoso", em 7 de julho.

 

O que se disse de Dom António Ferreira Viçoso

 

"É o sacerdote mais digno do Brasil".

- Ambrosio Capadócio, Internúncio e Delegado Apostólico, em 1843

 

"Em parte alguma do mundo conheci mais digno Prelado".

- Paulino José Soares, Ministro da Justiça do Brasil, em 1844

 

"É um verdadeiro Bispo Apóstolo (...) não r havendo freguesia por pobre e miserável, onde não fosse e pregasse, nem caminhos por intransitáveis, nem estações ou tempos por ásperos e cruéis, ou perigos por temerosos, a que se acobardasse".

- Monsenhor Bedini, Arcebispo de Thebas, em 1853

 

"É um grande bispo do Brasil".

- Papa Pio IX, em 1864

 

"De tantos e tão eminentes Prelados, reunidos de todos os ângulos da Terra, a nenhum conheço mais santo".

- Dom Pedro de Lacerda, o Bispo do Rio de Janeiro. quando do Concilio Ecumênico, em 1869

 

"O seu modo de pregar era simples, grave, e tão insinuante, que calava no fundo das almas, e executava espantosas mudanças". "Algumas vezes eleva-se com eloquência tão arrebatadora, que os oradores mais célebres não subiram mais alto". "Nunca houve homem mais admirado em vida, nem memória mais celebrada depois da morte". Dos documentos do processo da sua beatificação, enviados para Roma recentemente: "Na história eclesiástica do Brasil, não sabemos de um outro bispo que tivesse prestigio comparável ao seu".

Dom Silvério Gomes Pimenta, 1º Arcebispo de Mariana, em 1876

 

 

Imprimatur

Mariana, 27 de junho de 2025 Dia do Sagrado Coração de Jesus


Dom Airton José dos Santos

Arcebispo Metropolitano de Mariana

 

Oração para pedir a Deus a beatificação de Dom Viçoso e alcançar graças por sua intercessão

Senhor Jesus Cristo, glória dos vossos sacerdotes, Bom Pastor que destes a vida pelas vossas ovelhas, nós vos agradecemos pelas virtudes e dons com que vos dignastes adornar a alma do grande bispo, Dom Antônio Ferreira Viçoso, para fazer dele um modelo luminoso de defensor da Igreja, reformador do clero e santificador do povo cristão.

Vós que prometestes glorificar aqueles que vos servirem, dignai-vos glorificar, com a honra dos altares, se for para maior glória da Santíssima Trindade e honra do vosso sacerdócio, este vosso servo, e concedei-nos, para esse fim, por sua intercessão junto de vós, a graça que confiantemente vos pedimos.

 

Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

 

No dia 13 de cada mês uma missa é celebrada na Cartuxa, às 8h30, pela beatificação de Dom Viçoso.


 Missa no Morro da Cartuxa homenageia os 150 anos do falecimento de Dom Viçoso – JCTV – 09/07/25

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Medalha Milagrosa, Escapulário Verde e Escapulário Vermelho: História e Significado



Os três sacramentais aqui analisados ​​— a Medalha Milagrosa, o Escapulário Verde e o Escapulário Vermelho — têm origem semelhante: surgiram na França do século XIX por meio de revelações extraordinárias transmitidas por freiras da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Cada um deles apareceu em lugares e circunstâncias diferentes, mas todos compartilham uma forte ligação mariano-vicentina e são dedicados à conversão das almas e à misericórdia divina. A seguir, detalhamos o contexto histórico, a vida dos videntes, os locais das aparições, os elementos comuns e o valor espiritual de cada sacramental, com base em fontes e documentos eclesiásticos da época.

 

1. Medalha Milagrosa (1830)


 

Contexto Histórico

A França, no início do século XIX, era um país marcado pelas feridas da Revolução e das Guerras Napoleônicas. A Igreja Católica passava por um processo de restauração após a década de secularização revolucionária. Nesse clima de religiosidade renovada, a primeira aparição mariana relacionada à Medalha Milagrosa ocorreu em 1830: enquanto o dogma da Imaculada Conceição ainda não havia sido oficialmente proclamado, Maria apareceu a uma jovem Filha da Caridade, revelando um desígnio que reconheceria a pureza de seu Coração.

 

Santa Catarina Labouré (1806–1876)

 


Catarina Labouré nasceu em 2 de janeiro de 1806, em Fain-les-Moutiers, França, e ficou órfã aos nove anos de idade. Quando criança, ajudava nas tarefas da fazenda da família e no cuidado dos doentes; desde cedo, sentiu inclinação religiosa. Em 1830, pediu para ingressar nas Filhas da Caridade em Paris; em 21 de abril de 1830, chegou ao noviciado na Casa Mãe, na Rue du Bac. Tinha então 24 anos. Durante o noviciado, ela recebeu uma série de aparições de São Vicente de Paulo e de Cristo (visões dos corações de São Vicente e do Senhor na Eucaristia) que confirmaram sua vocação vicentina, e ela orou em seu coração para ver a Bem-Aventurada Virgem Maria.

 

Aparições na Rue du Bac (Paris)

Em 18 de julho de 1830, véspera da festa de São Vicente de Paulo, a Virgem Maria apareceu a Catarina na capela da Rue du Bac, cercada de luz e acompanhada por uma criança-guia. Nessa primeira visão, nenhuma palavra foi registrada, mas Maria anunciou que continuaria a se manifestar. A segunda aparição ocorreu em 27 de novembro de 1830, no mesmo local, durante sua meditação diária: a Virgem apareceu de pé sobre o mundo, com as mãos estendidas, oferecendo raios de graça, e ao redor da visão, Catarina viu escritas as palavras: "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!" Naquela aparição, Nossa Senhora a instruiu: “Faça uma medalha conforme este modelo... Aqueles que a usarem com confiança receberão graças abundantes”. Finalmente, em dezembro de 1830 (data incerta, no mesmo mês), Catarina teve a terceira visão, na qual a imagem lhe apareceu aos pés do altar, e Nossa Senhora reiterou o significado dos raios como símbolos das graças obtidas para aqueles que a pedem com confiança. Essas três aparições (julho, novembro e dezembro de 1830) definiram o desenho e a invocação da Medalha Milagrosa.

 

Aprovação e Divulgação Eclesiástica

Após as visões, Catarina manteve em segredo seu papel nessas aparições; a medalha foi cunhada em 1832 com “a devida aprovação eclesiástica”, presumivelmente com a permissão do Bispo de Paris. As primeiras medalhas foram distribuídas durante a epidemia de cólera de 1832 em Paris, e inúmeras curas e conversões logo começaram a ser atribuídas a ela, daí seu apelido de "Milagrosa". Em 1836, uma investigação canônica foi realizada por ordem do Arcebispo de Paris, cujo relatório concluiu que "a Medalha era de origem sobrenatural e que os milagres realizados através dela eram genuínos". A partir de então, a devoção cresceu rapidamente em toda a França e no mundo, consolidada pela Pia Associação da Medalha Milagrosa.

Santa Catarina Labouré faleceu em 1876 em Enghien (Paris). Foi beatificada pelo Papa Pio XI em 28 de maio de 1933 e canonizada pelo Papa Pio XII em 27 de julho de 1947. Sua causa de santidade surgiu de sua vida virtuosa e dos muitos milagres atribuídos ao uso da medalha.

 

Significado e Uso do Sacramental

A Medalha Milagrosa representa a Imaculada Conceição de Maria: o anverso mostra a Virgem em pé sobre o globo, esmagando a serpente (símbolo do Mal), com raios de graça emanando de suas mãos, juntamente com a legenda "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". O reverso traz a letra "M" coroada com uma cruz (a união de Cristo e sua Mãe) cercada por doze estrelas, e os dois corações unidos — o de Jesus coroado de espinhos e o de Maria trespassado por uma espada — que aludem à profecia de Simeão sobre as dores de Maria.

Espiritualmente, a medalha é um sacramental e proteção e consagração ao Imaculado Coração de Maria. Muitos testemunhos indicam que aqueles que a usam com fé obtêm graças de conversão, cura e consolação na morte. A Igreja promove seu uso por meio da bênção da medalha por um sacerdote; tradicionalmente, também se pode rezar a oração inscrita nela, pedindo a intercessão de Maria Imaculada. O simbolismo da medalha foi reafirmado com a declaração do dogma mariano em 1854: a Virgem apareceu a Catarina "com o ano de 1830 sobre a esfera" e foi proclamada Imaculada quando o dogma de sua Imaculada Conceição se cumpriu. Em suma, a Medalha Milagrosa (consagrada em 27 de novembro no calendário litúrgico) é vista como um canal de abundantes graças maternas de Maria para a conversão e proteção dos fiéis.

 

2. Escapulário Verde (1840)

 


Contexto Histórico

Dez anos após as aparições na Rue du Bac, a Europa ainda estava imersa em práticas devocionais renovadas. O movimento de devoção ao Coração de Maria cresceu após o dogma proclamado em 1854, e em 1840 Nossa Senhora interveio novamente na Companhia das Filhas da Caridade. Desta vez, sua mensagem se concentrou na misericórdia e na conversão daqueles que se afastaram da fé.

 

Irmã Justine Bisqueyburu (1817–1903)

 


Marie-Justine Bisqueyburu nasceu em 11 de novembro de 1817, em Mauléon (Pirineus Atlânticos, França). Órfã desde criança, foi criada por sua tia materna, que lhe incutiu uma intensa devoção ao Coração de Maria e a caridade para com os pobres. Em janeiro de 1840, ingressou no noviciado das Filhas da Caridade em Paris (Rue du Bac). Era conhecida por sua humildade, piedade e serviço alegre aos doentes. Durante o noviciado, teve várias visões preparatórias da Virgem Maria: em 28 de janeiro de 1840, enquanto rezava diante da imagem da Imaculada Conceição no noviciado, viu Maria vestida de branco, com um manto azul e seu Coração envolto em chamas ardentes. Durante essas primeiras aparições, a Virgem Maria não falou, mas elas confirmaram a missão mariana de Justine.

 

Aparições do Escapulário Verde

O momento culminante ocorreu em 8 de setembro de 1840, Festa da Natividade de Maria, quando Justine já havia sido designada para a comunidade de Blangy (Sena Marítimo). Nesse dia, segundo os relatos, a Virgem Maria apareceu vestindo o hábito branco e o manto azul, segurando um escapulário verde especialmente desenhado na mão esquerda. Este escapulário era um único quadrado de tecido verde com cordões (ao contrário dos escapulários tradicionais de duas peças) e, no anverso, trazia a imagem da Virgem Maria exibindo seu Imaculado Coração (exatamente como ela mesma havia aparecido a Justina). No reverso, havia um coração flamejante trespassado por uma espada, encimado por uma cruz, ao redor da qual estava a inscrição: "Imaculado Coração de Maria, rogai por nós agora e na hora de nossa morte".

 

Interiormente, Justina compreendeu a mensagem: a Santíssima Virgem lhe ensinou que este Escapulário Verde seria "um instrumento poderoso para a conversão das almas, especialmente daquelas que não têm fé". Maria pediu que este sacramental fosse amplamente divulgado para obter graças especiais de misericórdia, prometendo em particular "a graça de morrer em estado de graça" àqueles que o usassem com fé e oração. Com isso, a missão evangelizadora de Justina estava selada: ensinar o uso do escapulário como sinal da ternura maternal da Virgem para com os pecadores.

 

Aprovação Eclesiástica

Após as aparições, Justine informou seus superiores e seu diretor espiritual, Padre Jean-Marie Aladel. A princípio, houve suspeitas, mas com o tempo, as autoridades eclesiásticas reconheceram a autenticidade das revelações. A difusão do Escapulário Verde não exigiu a fundação de uma confraria especial ou uma cerimônia de imposição; bastava que um padre o abençoasse e o usasse com devoção. O Papa Pio IX autorizou sua fabricação e uso em 1863 e reafirmou isso em 1870, instruindo as Irmãs: "Autorizo-vos a confeccioná-los e distribuí-los". O Arcebispo de Paris também contribuiu para sua disseminação. Posteriormente, o Papa Pio XI apoiou a devoção ao escapulário verde, elevando sua visibilidade dentro da Igreja.

Justine Bisqueyburu faleceu em 28 de julho de 1903, "em odor de santidade", em Carcassonne, França. Embora nunca tenha sido oficialmente beatificada, seu legado permanece vivo nas conversões atribuídas ao uso do escapulário verde. Sua figura é lembrada pela Igreja francesa como um exemplo de vida oculta e devoção mariana.

 

Significado e Uso do Sacramentário

O Escapulário Verde simboliza o Imaculado Coração de Maria. Representa a confiança na misericórdia da Virgem para com aqueles que duvidam ou se afastaram de Deus. Sua estrutura (um único quadrado de tecido em vez de dois) enfatiza que sua eficácia depende "da fé e da confiança com que é usado". Recomenda-se que cada escapulário seja abençoado por um sacerdote. A pessoa pode usá-lo no peito.

ou, em caso de dificuldade, colocá-lo com seus pertences, rezando a oração inscrita (Imaculado Coração de Maria...) todos os dias. Aqueles que promoveram esta devoção afirmam que a Virgem concedeu graças de conversão, retorno à fé e uma morte tranquila a muitos fiéis que confiaram no escapulário verde. Na liturgia, Nossa Senhora do Coração de Maria é celebrada em 31 de maio (memória de Justina) e, por extensão, o escapulário verde é associado a esse dia festivo como um sinal da proximidade materna de Maria às almas necessitadas.

 

Escapulário Vermelho (1846)

 


Contexto Histórico

 

Paralelamente às devoções ao Coração de Maria, surgiram também símbolos voltados para o sofrimento redentor de Cristo. Em 1846, na diocese de Troyes (França), Jesus revelou um novo escapulário ligado à Paixão. Este evento deu continuidade à série de manifestações divinas que o povo católico francês vivenciou no século XIX, unidas à tradição vicentina de doação.

 

Irmã Apolline (Louise-Apolline) Andriveau (1810–1895)

 


Louise-Apolline Andriveau nasceu em 7 de maio de 1810, em Pourcain (França central), em uma família camponesa. Ingressou na Irmandade como Filha da Caridade ainda jovem, adotando o nome de Irmã Apolline. Foi designada para a Casa de Montolieu, em Troyes, onde serviu aos doentes e idosos. Caracterizou-se por grande piedade na oração, especialmente na meditação da Paixão de Cristo.

 

Aparições em Troyes (1846)

Em 26 de julho de 1846, dia da memória litúrgica de São Joaquim (avô de Jesus), ocorreu a primeira manifestação: ao entrar na capela, antes da bênção do Santíssimo Sacramento, Irmã Apolline percebeu a presença de Jesus Cristo usando um escapulário vermelho. Na visão, Jesus segurava na mão direita um Escapulário Vermelho da Paixão — um pedaço de pano vermelho — decorado com a imagem da Crucificação e os instrumentos da Paixão (flancos, cruz, lança, martelo, etc.). Ao redor do crucifixo do escapulário, estava a frase: "Santa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, salvai-nos". Do outro lado do escapulário, estavam os Sagrados Corações de Jesus (trespassado) e de Maria (com doze estrelas), unidos por uma cruz, com a inscrição: "Sagrados Corações de Jesus e Maria, protegei-nos".

 

Então, em outra aparição (num domingo, enquanto fazia a Via Sacra, na 13ª Estação), Irmã Apolline sentiu a Virgem lhe entregar o corpo de Cristo, e Jesus lhe disse: "O mundo está perdido porque não pensa na minha Paixão; faze todo o possível para salvá-lo". Essas aparições se repetiram diversas vezes até meados de 1847. Jesus prometeu que aqueles que usarem o escapulário vermelho fielmente e meditarem sobre a Paixão terão grande abundância de fé, esperança e caridade, especialmente todas as sextas-feiras, e o Perdão dos pecados (remissão da culpa) todas as sextas-feiras. Em suma, a mensagem do escapulário vermelho é convidar à contemplação dos sofrimentos de Cristo como um caminho para a conversão: "Quem pode resistir a um Deus que expira por amor aos homens?", disse Jesus à Irmã Apolline.

 

Aprovação Eclesiástica

A divulgação cautelosa deste evento culminou na aprovação papal: após examinar o caso, o Papa Pio IX autorizou "a propagação do Escapulário da Paixão" em 25 de junho de 1847. Assim, a Igreja reconheceu oficialmente o escapulário vermelho como um sacramental válido. A Diocese de Troyes e as Filhas da Caridade promoveram então a devoção, permitindo que religiosos e leigos o usassem após a bênção e até mesmo rezassem a Oração do Escapulário Vermelho, que contém as promessas feitas por Jesus durante as visões.

Irmã Apolline Andriveau faleceu em 27 de setembro de 1895 (segundo os registros das Filhas da Caridade) após muitos anos de serviço na França. Assim como Irmã Justine, ela viveu no anonimato, sem revelar publicamente sua missão. Atualmente, não há nenhum processo formal de beatificação ou canonização aberto para ela. Sua memória é celebrada na Igreja Vicentina, mas não está incluída no calendário litúrgico universal.

 

Significado e Uso do Sacramentário

O Escapulário Vermelho da Paixão é um sinal de solidariedade aos sofrimentos de Cristo e ao Corpo Místico da Igreja. É usado no peito (uma peça adornada com fitas vermelhas) como um lembrete para manter viva a devoção à Paixão redentora de Jesus. O Espírito Santo ensina que aqueles que o usam com fé — e refletem sobre os mistérios da Paixão — recebem "um grande aumento de Fé, Esperança e Caridade" todas as sextas-feiras. Para se beneficiar de suas graças, o escapulário deve ser abençoado por um sacerdote. Na oração popular, a chamada Oração do Escapulário Vermelho é frequentemente recitada, pedindo proteção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, como ensina a devoção original.

Em uso, o escapulário vermelho não é um "amuleto", mas um instrumento de conversão: ele convida os fiéis a considerarem o custo do amor divino manifestada na Cruz. Ajuda a santificar as sextas-feiras (o dia tradicional de veneração da Paixão) com indulgência, em memória das promessas reveladas à Irmã Apolline. É uma forma gráfica de rezar pela paz mundial e pela união com Cristo crucificado.

 

Elementos comuns entre os sacramentais

  • Origem mariana-vicentino: Os três sacramentais surgiram dentro da espiritualidade das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo na França. Catarina Labouré, Justine Bisqueyburu e Apolline Andriveau eram freiras vicentinas dedicadas ao serviço dos doentes e pobres, às quais a Santíssima Virgem (ou Jesus, no caso do escapulário vermelho) apareceu, revelando um sinal de piedade.
  • Aparições privadas: Todas foram reveladas por meio de revelação privada recebida em um contexto de oração (cada vidente orou em uma capela), em datas específicas (1830, 1840, 1846) e em locais associados à Congregação (Rue du Bac, Blangy, Troyes). Essas aparições não faziam parte de um dogma público, mas sim da piedade popular, e seus conteúdos — imagens e promessas — foram registrados na devoção da Igreja.
  • Símbolos marianos e cristológicos: A Medalha Milagrosa e o Escapulário Verde aludem diretamente a Maria Imaculada (incluindo seu Coração), enquanto o Escapulário Vermelho destaca a Paixão de Cristo ao lado dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Todos os três apresentam imagens: a medalha tem iconografia mariana na frente e no verso, o escapulário verde com a Virgem e seu Coração, e o escapulário vermelho com a Cruz e os corações. Todos contêm a mensagem de confiança na misericórdia divina.
  • Promessas de Graça: Cada sacramental é acompanhado por promessas espirituais: a Medalha Milagrosa concede "graças em abundância" àqueles que a usam com confiança; o Escapulário Verde incentiva conversões e promete "uma morte feliz" (graças para uma boa morte); o Escapulário Vermelho concede indulgências pelos pecados às sextas-feiras e exalta as virtudes teologais. Todos enfatizam a necessidade de fé para usá-lo: as graças dependem da fé com que o sacramental é usado (Nossa Senhora o prometeu "para a nossa fé").
  • Disseminação Simples: Nenhum dos três requer ritos complexos: a bênção de um padre e o uso devocional são suficientes. Nenhum requer a investidura formal em um hábito religioso (ao contrário do Escapulário do Carmelo, por exemplo). Além disso, todos são compartilhados entre leigos e pessoas consagradas sem restrições: a medalha e os escapulários não pertencem a uma associação fechada. Isso facilita seu uso popular em geral.

 

Cronologia de Eventos Relevantes

 

Os marcos mais importantes relacionados à Medalha Milagrosa, ao Escapulário Verde e ao Escapulário Vermelho estão resumidos abaixo em ordem cronológica:

  • 2 de janeiro de 1806: Nascimento de Catarina Labouré em Fain-les-Moutiers, França.
  • 7 de maio de 1810: Nascimento de (Louise-)Apolline Andriveau em Pourcain, França.
  • 11 de novembro de 1817: Nascimento de Justine Bisqueyburu em Mauléon, França.
  • 21 de abril de 1830: Ingresso de Catarina no noviciado das Filhas da Caridade na Rue du Bac (Paris).
  • 19 de julho de 1830 (noite do dia 18 para o dia 19): Primeira aparição mariana a Catarina na Rue du Bac.
  • 27 de novembro de 1830: Segunda aparição a Catarina na Rue du Bac; O desenho e a oração da Medalha são revelados a ela.
  • Dezembro de 1830: Terceira aparição a Catarina na Rue du Bac; a missão da Medalha é concluída.
  • 1831–1832: Catarina toma o hábito (janeiro de 1831) e faz seus primeiros votos (abril de 1833) em Enghien, França. As primeiras medalhas são cunhadas em 1832 "com a devida aprovação eclesiástica".
  • 1836: Uma investigação canônica ordenada pelo Arcebispo de Paris conclui que as aparições e milagres da Medalha são autênticos.
  • 1832–1836: Distribuição em massa da Medalha Milagrosa durante epidemias e conversão de milhares de fiéis na França e no exterior. Sua veneração começa a se popularizar.
  • 28 de janeiro de 1840: Primeira aparição da Virgem a Justine Bisqueyburu na capela da Rue du Bac, mostrando seu Coração.
  • 8 de setembro de 1840: Segunda aparição a Justina em Blangy; Nossa Senhora entrega o Escapulário Verde e promete conversões e uma "morte feliz" aos seus devotos.
  • 26 de julho de 1846: Primeira aparição de Jesus à Irmã Apolline Andriveau em Troyes, segurando o Escapulário Vermelho.
  • 14 de setembro de 1846: (Festa da Exaltação da Cruz) Jesus novamente instrui Irmã Apolline sobre o Escapulário Vermelho; ela estabelece a promessa de graça às sextas-feiras.
  • 25 de junho de 1847: O Papa Pio IX aprova oficialmente a propagação do Escapulário Vermelho da Paixão.
  • 1854: Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição de Maria, confirmado anos depois pelas revelações da Rua du Bac.
  • 1863: Pio IX autoriza a fabricação e o uso do Escapulário Verde.
  • 1870: Pio IX reafirma sua aprovação do Escapulário Verde.
  • 1876: Santa Catarina Labouré morre (31 de dezembro) em Enghien, França.
  • 28 de junho de 1895: Irmã Apolline Andriveau morre na França (de acordo com os registros da Congregação).
  • 28 de julho de 1903: Irmã Justine Bisqueyburu morre em Carcassonne, França (supostamente "em odor de santidade").
  • 28 de maio de 1933: Catarina Labouré é beatificada por Pio XI.
  • 27 de julho de 1947: Catarina Labouré é canonizada por Pio XII; sua festa litúrgica é marcada para 31 de dezembro.

 

Valor Espiritual e Significado Religioso

  • Medalha Milagrosa: Seu grande valor reside na confiança filial na proteção de Maria Imaculada. Os católicos a consideram um sacramento mariano que inspira conversões e auxilia na luta contra o mal (a Virgem Maria é representada pisando na serpente), especialmente em momentos críticos (doença, provação, agonia). O Papa Pio XII, ao canonizar Catarina, enfatizou que a Virgem Maria pretendia com esta medalha "ser para nós como um remédio" (Discursos de Pio XII, 1947).
  • Escapulário Verde: Representa o amor maternal da Virgem Maria por aqueles que não têm mais fé ou que vacilaram em sua prática religiosa. Seu valor espiritual reside em promover a conversão contínua e a esperança na misericórdia de Maria. Testemunhos de cura espiritual e reconciliação com Deus no leito de morte são atribuídos a ela. A simplicidade de seu uso (colocado sobre pertences ou no peito) e a promessa de uma "morte feliz" atraem aqueles que buscam a paz da alma. Embora o escapulário em si não "garanta" automaticamente a graça, ele motiva a oração persistente ("Imaculado Coração...") e a confiança na intercessão maternal de Maria.
  • Escapulário Vermelho: É uma lembrança do sofrimento redentor de Cristo e do amor compartilhado pelos Corações de Jesus e Maria. Seu valor é aumentar a devoção dos fiéis à Sexta-Feira Santa diária: contemplar os símbolos da Cruz e rezar a oração associada a ela aprofunda a gratidão pela Paixão do Senhor. A Igreja tem incentivado a oração pelos moribundos e pelas almas afastadas de Deus, precisamente por se concentrar nos méritos da Paixão. Os promotores do escapulário vermelho enfatizam que ele não é "um talismã", mas um meio gráfico de "seguir os passos" de Jesus na vida cotidiana, como um instrumento de graça para fortalecer a caridade e a esperança.

Em suma, sacramentais marianos como a Medalha Milagrosa, o Escapulário Verde e o Escapulário Vermelho são meios concretos de devoção popular que, longe de substituir os sacramentos, ajudam os fiéis a permanecer na graça divina. Eles oferecem lembretes visuais da proteção e do amor de Deus por meio de Maria e da Paixão de Cristo, e incitam a oração confiante e uma mudança de vida de acordo com as mensagens reveladas. Essas devoções, oficialmente aprovadas pela Igreja, floresceram em testemunhos de conversão e permaneceram como um legado espiritual na tradição católica vicentina.

Fonte Corazón de Paúl

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Visita Fraterna e Carta do Pe. Guillermo Campuzano à FV Brasil



Conforme carta do Conselho Nacional da FV Brasil, o Pe. Guillermo Campuzano, CM fará uma visita fraterna à Família Vicentina do Brasil.

Padre Guilhermo (Memo) que é membro da equipe internacional da FAMVIN, responsável pela América Latina e Caribe, África, Espanha, Portugal e alguns países da Ásia Será o visitador da FAMVIN no Brasil.

A visita tem como objetivo, apresentar o Documento de Roma, síntese do encontro de 14 a 17  de novembro de 2024, conectando-o ao documento final do sínodo e provocar um diálogo/discernimento do grupo.  Bem como, ouvir dos membros das coordenações regionais e dos membros da Família Vicentina sobre suas vidas, sonhos, projetos, trabalhos e desafios como Família Vicentina e estudar pontos do Regimento Interno da FAVILA.

Eis a programação de sua passagem pelo país:

  • Chegado em Curitiba 19/05
  • 20/05 – Reunião com grupo grande da Família Vicentina - Região 3
  • 21/05 – Parte da manhã – visita
  • 21/05 a tarde – Viagem para Belo Horizonte 
  • 22 e 23/05 – Atividade Família Vicentina Regional Belo Horizonte – Região 1
  • 23/05 a tarde viagem para São Paulo
  • 24 e 25/05 – Atividade Família Vicentina Regional São Paulo – Região 4
  • 25 a tarde viagem para Brasília
  • 26 e 27/05 – Atividade Família Vicentina Região Centro Oeste - Região 5
  • 27/05 – viagem para Fortaleza
  • 28 e 29/05 – atividade da Família Vicentina Região Fortaleza – Região 7
  • 29 a tarde viagem para Recife
  • 30 e 31 atividade da Família Vicentina Região de Recife – Região 6

Conforme a disponibilidade de tempo em cada região será organizada a programação que facilite o maior número de participantes dos Ramos da Família Vicentina da Região.

Pe. Fábio, Pe. Memo e Pe. Joe no encontro da FV Roma 2024








Carta Pós Visita

Filadelfia, Junho 4 de 2025

 

Querida Família Vicentina do Brasil FAVIBRA Ao Conselho Nacional e aos Conselhos Regionais

Com o coração profundamente tocado e grato, quero dirigir-lhes estas palavras depois da visita que tive a imensa alegria de realizar recentemente ao Brasil.

Esta visita representou para mim uma experiência espiritual e emocional de grande profundidade. A acolhida calorosa, a hospitalidade generosa e fraterna que recebi de cada um de vocês foram verdadeiramente comoventes e inesquecíveis. Fui profundamente tocado ao ver o quanto a Família Vicentina do Brasil se dedica com amor, competência e criatividade ao serviço dos mais pobres. A comunhão e a colaboração que testemunhei entre os diversos ramos e expressões da FAVIBRA são um sinal luminoso que merece ser conhecido e projetado para além das fronteiras do Brasil, como inspiração e testemunho vivo do carisma de São Vicente de Paulo.

Como refletimos juntos durante os encontros que partilhamos, quero animá-los a continuar fazendo um discernimento comum, escutando juntos o Espírito, para reconhecer os caminhos que Deus lhes propõe na vossa história compartilhada. O discernimento comunitário é uma graça e uma responsabilidade. Requer coragem para abrir os olhos à realidade e ousadia espiritual para reinterpretar e encarnar o carisma vicentino diante dos desafios e clamor dos novos tempos.

Renovo com esperança e entusiasmo o convite para que a Família Vicentina no Brasil se comprometa ativamente na fase de implementação do modelo de uma Igreja sinodal, como nos pediu o muito querido Papa Francisco. A Sinodalidade é o caminho da Igreja e uma oportunidade preciosa para nos deixarmos renovar pelo Espírito Santo.

Igualmente, os convido a discernirem juntos um modelo comum de pastoral vocacional vicentina, que promova uma verdadeira cultura vocacional em todos os níveis. Que possamos sempre convidar, acompanhar e acolher novos membros nos diferentes ramos da Família, especialmente os jovens, oferecendo-lhes espaços de encontro, escuta e experiência concreta com o carisma para que possam "vir - ver" e ficar.

Nunca se esqueçam de que vocês são uma região fundamental na estrutura da FAVILA. A presença e a

participação ativa da Família Vicentina do Brasil em todos os processos promovidos pelo Conselho de FAVILA são de enorme importância para todos nós. Elas nos ajudam a continuar tecendo uma história comum, enraizada na fraternidade e na missão, que resiste às tentações do isolamento e da autossuficiência, e que aposta decididamente na comunhão, na escuta mútua e na corresponsabilidade-mutualidade.

Essa convicção ficou claramente expressa durante a visita que Germán Sánchez, presidente de FAVILA, realizou ao Conselho Nacional em São Paulo, reafirmando a centralidade do Brasil no caminho conjunto da nossa Família Vicentina na América Latina e no Caribe.

Abraço a cada um e cada uma com carinho e profunda gratidão, na comunhão fraterna que nos une como uma só Família Vicentina, em missão no coração da Igreja e ao lado dos que mais sofrem.

Com estima e esperança renovada,


Guillermo Campuzano, CM

Escritório Internacional da Família Vicentina


sábado, 26 de abril de 2025

Os dois cardeais vicentinos que participarão do conclave e que poderão ser eleitos papa



por Pe. Andrés Felipe Rojas, CM

 

Eles são o Cardeal Berhaneyesus Demerew Souraphiel, C.M., e o Cardeal Vicente Bokalic Iglic, C.M., filhos de São Vicente de Paulo, que fazem parte do Colégio de Cardeais. Em Heart of Paul, apresentamos uma biografia detalhada de ambos.

 

Cardeal Berhaneyesus Demerew Souraphiel, CM

Berhaneyesus Souraphiel nasceu em 14 de julho de 1948 em Cheleleqa (Harar, Etiópia). Em 1963, entrou no Seminário Lazarista (Congregação da Missão) e estudou filosofia no Seminário Maior de Makanissa. Em 1970, estudou em Londres, obtendo um diploma em Sagradas Escrituras no King's College. Foi ordenado sacerdote em 4 de julho de 1976. Entre 1979 e 1980, foi preso pelo regime comunista da Etiópia. Após sua libertação, trabalhou em Roma como delegado da Assembleia Geral dos Lazaristas e obteve um mestrado em desenvolvimento socioeconômico na Universidade Gregoriana. De volta à Etiópia, em 1985, foi diretor do noviciado lazarista em Adis Abeba, além de pároco e professor no Instituto São Francisco. Em 1994, tornou-se o primeiro prefeito apostólico de Jimma-Bonga.

  • 25 de janeiro de 1998: Consagrado bispo (bispo titular de Bita, auxiliar de Adis Abeba).
  • 7 jul. 1999: Nomeado Arcebispo Metropolitano de Adis Abeba.
  • 15 de fevereiro de 2015: Criado cardeal pelo Papa Francisco (título presbiteral de São Mártir Romano).

Como arcebispo de Adis Abeba, Souraphiel dirige a Igreja Católica Etíope de rito alexandrino (sui iuris). Ele também é chanceler da Universidade Católica da África Oriental e presidente da Conferência Episcopal da Etiópia e da Eritreia. Desde 1999, ele é o representante oficial da Igreja Católica da Etiópia junto ao governo etíope e a organizações internacionais. Ele também preside o Conselho da Igreja Etíope desde 1998 e foi eleito presidente da Associação de Conferências Episcopais da África Oriental (AMECEA) em 2014. Como presidente episcopal, participou de importantes reuniões globais: esteve presente no Terceiro Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família (outubro de 2014) e na XIV Assembleia Ordinária do Sínodo sobre a Família (outubro de 2015). Ele foi criado cardeal sacerdote em 2015 e, desde então, é membro do Dicastério para as Igrejas Orientais, que é responsável pelo cuidado pastoral das Igrejas Católicas Orientais.

Souraphiel enfatizou a reconciliação e a solidariedade em meio aos conflitos da Etiópia. Em sua mensagem de Natal de 2021, ele pediu para evitar “o espírito de orgulho, ódio e raiva” e enfatizou a necessidade de “humildade, gentileza e paciência” para avançar no perdão e na paz. Em uma entrevista à Agência Fides, ele destacou que, apesar dos muitos conflitos internos, “nunca devemos perder a esperança”. Ele lembra o exemplo do Papa Francisco em Lampedusa e pede apoio aos migrantes etíopes e às pessoas deslocadas: de acordo com Souraphiel, a Igreja Católica - embora seja uma minoria na Etiópia - deve ajudar “as crianças que não podem ir à escola, as mães que não podem ir ao hospital e os idosos deslocados”.

 

Cardeal Vicente Bokalic Iglic, CM

Vicente Bokalic Iglic nasceu em 11 de junho de 1952 em Lanús (Buenos Aires, Argentina). Entrou para a Congregação da Missão (Lazaristas) em 1970 e estudou filosofia no Colégio Máximo de San Miguel e teologia no Seminário de Buenos Aires. Emitiu seus votos perpétuos em 1976 e foi ordenado sacerdote em 1º de abril de 1978. Durante a década de 1980, serviu em Buenos Aires como formador e ecônomo de sua congregação (1983-86), reitor do Seminário Lazarista (1987-90) e vigário paroquial de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (1981-83). De 1994 a 1997, foi missionário na Prelazia de Deán Funes (noroeste da Argentina) e, de 1997 a 2000, foi superior do Seminário Lazarista de San Miguel. De 2003 a 2009, foi superior provincial da Congregação da Missão na Argentina.

  • 15 de março de 2010: Nomeado bispo titular de Summa e bispo auxiliar de Buenos Aires, sob o comando do Arcebispo Cardeal Jorge Bergoglio.
  • 23 dez. 2013: Nomeado bispo da Diocese de Santiago del Estero (Argentina).
  • 22 jul. 2024: Elevado a Primaz da Arquidiocese da Argentina; Bokalic torna-se seu primeiro arcebispo.
  • 7 de dezembro de 2024: Criado cardeal pelo Papa Francisco, com o título de Santa Maria Magdalena in Campo Marzio.

O papel episcopal de Bokalic esteve ligado ao serviço pastoral e sinodal. Ele foi auxiliar de Buenos Aires entre 2010 e 2013 durante o período de Jorge Bergoglio como arcebispo, o que marcou sua afinidade com o estilo do Papa Francisco. Como bispo (e depois arcebispo) de Santiago del Estero, ele promoveu iniciativas missionárias em uma das regiões mais pobres da Argentina. Desde sua criação como cardeal, ele se envolveu no governo da Igreja universal. Em 11 de janeiro de 2025, foi nomeado membro da Seção para Questões Fundamentais sobre Evangelização no Mundo do Dicastério para a Evangelização (anunciado pela Sala de Imprensa da Santa Sé), refletindo seu compromisso com a missão.

Em seu cargo, Bokalic enfatizou a importância histórica de Santiago del Estero como a primeira sede episcopal da Argentina e a designação “Primada de Argentina” como um sinal de esperança. Em palestras e entrevistas, ele defendeu uma Igreja descentralizada, sinodal e missionária. Por exemplo, ele destacou o “espírito missionário” de Francisco, uma Igreja que vai para as periferias, acolhedora e renovada, próxima aos que sofrem. De acordo com essa visão, ele enfatizou a prioridade da evangelização dos pobres, a promoção dos leigos e a valorização das mulheres. Em declarações recentes, ele destaca a necessidade de “aprofundar essa linha de uma Igreja aberta, em estado de missão”, que revê suas estruturas e se concentra na evangelização. Suas prioridades pastorais incluem o combate à pobreza, à marginalização e às “novas pobrezas” - vícios, tráfico humano, desemprego juvenil - em sua diocese. Ele disse ao Vatican News que o novo título de Primaz despertou “um espírito evangelizador renovado” e um novo zelo missionário em sua região.

 

Perspectivas para o próximo conclave

Após a morte do Papa Francisco em 21 de abril de 2025, será aberto o próximo conclave para eleger seu sucessor. Ambos os cardeais são eleitores válidos de acordo com as regras (com menos de 80 anos: Souraphiel tem 76 e Bokalic 72). Embora eles não tenham sido mencionados entre os candidatos mais comentados para o pontificado, seu perfil destaca traços que coincidem com a linha do falecido papa: abertura missionária, atenção aos pobres e promoção da sinodalidade. Souraphiel representa a voz dos cristãos de rito oriental na África (Igreja Etíope, apenas 2% da população de seu país) e sua experiência de conflito. Bokalic traz a perspectiva da Igreja argentina para além de Buenos Aires, perto das periferias. Em um possível processo eletivo, esses cardeais poderiam ser considerados candidatos de consenso para dar continuidade ao impulso pastoral de Francisco ou, pelo menos, seus votos seriam significativos em coalizões geográficas (África, América Latina) e carismáticas.


Importância da Congregação da Missão (Vicentinos)

Os cardeais Souraphiel e Bokalic são atualmente os únicos cardeais da Congregação da Missão (os Missionários Lazaristas ou Vicentinos). Ambos ingressaram nessa ordem fundada por São Vicente de Paulo no século XVII (Souraphiel em 1963, Bokalic em 1970) e levaram sua espiritualidade para seus ministérios. O lema episcopal de Bokalic, “Ele me enviou para evangelizar os pobres”, é uma referência direta ao espírito vicentino. é uma alusão direta ao espírito vicentino. Sua nomeação cardinalícia destaca a importância do carisma vicentino em nível universal: missão aos pobres, humildade e caridade. Como os únicos purpurados dessa congregação, eles representam a presença dos lazaristas nos níveis mais altos da Igreja e sublinham a “opção preferencial pelos pobres”, característica de São Vicente de Paulo.



Referências:

  1. Vatican News. (2024). Perfil biográfico do Cardeal Berhaneyesus Demerew Souraphiel. Cidade do Vaticano: Vatican Media.
  2. Hierarquia Católica (2024). Archbishop Berhaneyesus Souraphiel, C.M. Retrieved from catholic-hierarchy.org.
  3. Agência Fides (2022). Cardeal Souraphiel: “Nunca devemos perder a esperança”. Roma: Agência de Notícias Fides.
  4. Conferência Episcopal Argentina (2024). Biografia do Bispo Vicente Bokalic Iglic. Buenos Aires: CEA.
  5. Sala Stampa della Santa Sede. (2024). Anúncio dos novos cardeais 2024. Vaticano: Sala Stampa della Santa Sede.
  6. Notícias do Vaticano. (2025). Entrevista com o Cardeal Bokalic sobre missão e sinodalidade na Argentina. Cidade do Vaticano: Vatican Media.
  7. La Civiltà Cattolica (2025). Panorama dos cardeais eleitores antes do próximo conclave. Roma: La Civiltà Cattolica.
  8. Congregação da Missão (2023). Espiritualidade vicentina na Igreja contemporânea. Madri: Editorial Vicenciana.

 

Fonte: Corazón de Paúl