segunda-feira, 21 de julho de 2025

VENERÁVEL DOM ANTÔNIO FERREIRA VIÇOSO: 7° BISPO DE MARIANA


Natural de Peniche - Portugal, bom e corajoso, de trato afável e simples, de superior inteligência e não menor espirito de humildade, desprendido dos bens materiais e apenas movido pelo desejo de servir, soube construir no Brasil, numa terra que não era sua mas que amou como se o fora e durante perto de sessenta anos, uma vida traçada em rasgos de generosidade, de coragem, de heroísmo e de saber, na defesa dos humildes e oprimidos, na luta pela abolição da escravatura e no combate à corrupção e à promoção do bem comum, sempre com o ardor de uma fé nunca renunciada e de uma esperança renovada todos os dias. E o fulgor da sua palavra soube irradiar relâmpagos de um brilhantismo tão intenso que, embora o Brasil houvesse já escutado Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira, um brasileiro ilustre membro da Academia das Letras, seu confidente, ouvinte e primeiro biógrafo - não se recusou de afirmar que "algumas vezes elevava-se com eloquência tão arrebatadora, que os oradores mais celebres não subiram mais alto".

Dom Viçoso, "modelo luminoso de defensor da Igreja, reformador do Clero e santificador do povo cristão".

 

Alguns Acontecimentos...


1774

3 de agosto: Casamento de seus pais, Jacinto Ferreira Viçoso e Maria Gertrudes.

 

1787

13 de maio: Nasce Antônio José Ferreira Viçoso.

21 de maio: É batizado na Paróquia Igreja Nossa Senhora da Ajuda em Peniche, tendo sido padrinho Frei Frutuoso de Jesus Maria José e madrinha Nossa Senhora da Piedade.

 

1796

Ingressa no convento de Olhalvo, da Ordem dos Carmelitas Descalços, no Conselho de Alenquer.

 

1798

Ingressa no convento de Santa Teresa, da Ordem dos Carmelitas Descalços, em Santarém.

 

1800

Ingressa no Seminário de Santarém.

 

1809

Termina os estudos em Santarém, preparando-se para receber as ordens sacras. Encontrando-se vaga a Sé Patriarcal de Lisboa, fica adiada a respectiva ordenação. Regressa a Peniche.

 

1811

25 de julho: Ingressa no Seminário da Congregação da Missão (de S. Vicente de Paulo, Lazarista), em Lisboa.

 

1813

26 de julho: Faz os votos e inicia um novo ciclo de estudos.

 

1816

9 de março: São-lhe conferidas as Ordens de Subdiácono, por D. João Antônio Binet Pincio, Bispo de Lamego.

14 de fevereiro: São-lhe conferidas as Ordens de Diácono, por D. Frei Marcelino José da Silva, Bispo Resignatário de Macau.

 

1818

7 de março: É ordenado presbítero, na Sé Patriarcal de Lisboa, por D. Frei Marcelino José da Silva.

8 de março: É domingo de Páscoa e celebra a sua Primeira Missa - Passa a lecionar filosofia no Real Colégio de Nossa Senhora da Purificação, em Évora.

Aceita juntamente com o padre Leandro Rabelo de Peixoto e Castro, o convite de D. João VI no sentido de os Padres da Congregação da Missão tomarem a seu cargo a evangelização dos índios brasileiros, no Estado de Mato Grosso.

27 de setembro: Parte para o Brasil, a bordo no Navio "Gran Canoa”.

 

1819

Pelos fins de outubro, por necessidade de a tribulação do navio reabastecimento de provisões, permanece alguns dias em S. Tiago, Cabo Verde.

7 de dezembro: Chega ao Rio de Janeiro. Apresenta-se ao Ministro Tomás Antônio de Vilanova Portugal, a fim de receber as instruções necessárias ao desempenho da missão que havia aceitado e é recebido por D. João VI. Toma conhecimento de que já não irá para Mato Grosso, mas sim para Minas Gerais.

 

1820

Fins de fevereiro: Parte para o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens e S. Francisco das Chagas, na Serra do Caraça, Minas Gerais, a cerca de 600 quilômetros do Rio de Janeiro.

15 de abril: Chega à Serra do Caraça.

 

1821

Princípios de janeiro: Sob a sua orientação pedagógica, é fundado o Colégio no Santuário do Caraça e as aulas iniciam-se, com a frequência não só de alunos de Mariana e arredores, como também do Rio de Janeiro.

Meados de setembro: Poucos dias depois de ter sido

proclamada a Independência do Brasil, chega à Ilha Grande, perto de Angra dos Reis a cerca de 200 quilômetros do Rio de Janeiro, por ter sido nomeado responsável pelo Seminário e Colégio da Santíssima Trindade (ou de Jacuecanga). Ao mesmo tempo que administra o Colégio e ensina, da assistência as povoações de Monsuaba, Prainha do Veado. Tartaruga, Ponta Leste, Angra dos Reis e Ilha Grande.

 

1837

Princípios de julho: Quinze anos depois de chegar a Jacuecanga, regressa ao Santuário e Colégio do Caraça. - É eleito Superior do Colégio.

 

1839

É elevado à dignidade de Superior Geral da Congregação da Missão no Brasil (cargo que exercera até 1844).

 

1840

Publica o opúsculo "Condenação da Escravatura", no qual fustiga a existência aberrante e consentida de homens escravos de outros homens, afirmando que isso era contra toda a justiça e o direito natural (princípios pelos quais se baterá energeticamente durante toda a sua vida).

7 de janeiro: O Imperador D. Pedro Il nomeia-o Bispo da Diocese de Mariana.

 

1843

Julho, princípios do mês: Prestes, por humildade, a não aceitar tal nomeação, mas alertado pelos Irmãos da sua Congregação para os males que adviriam para a Diocese se persistisse na sua negativa, parte finalmente para o Rio de Janeiro, onde se avista com o Imperador.

5 de maio: Com solenidade pouco costumada, é sagrado Bispo de Mariana no Mosteiro de S. Bento, no Rio de Janeiro, por D. Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro, que teve, por ministros consagrantes. D. José Afonso de Moraes Torres, Bispo de Grão-Pará e D. Frei Pedro de Santa Mariana, Bispo titular de Crisópolis.

 

1844 

16 de junho: Por entre multidão que pega as ruas de alegria, a música, os sinos, os estalos de foguetes, os estouros das fogueiras, as descargas da artilharia e o ribombar dos canhoes. entra solene e festivamente, em Mariana onde se celebra um Te-déum de Ação de Graças, arrematando a noite com esplendido fogo de artificio.

Alguns dias depois de sua chegada a Mariana, todos os escravos da cidade e muitos dos arredores se dirigem ao Palácio Episcopal levando cada um deles a oferta, pobre, mas riquíssima de significado de um pequeno feixe de lenha caprichosamente enfeitado de coloridas e perfumadas flores.


1845

Princípios de janeiro: Iniciam-se as aulas no Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, de Mariana, completamente restaurado e ampliado de modo poder albergar cerca de cento e cinquenta alunos.

12 de janeiro: Confere, pela primeira vez, ordens a um sacerdote (João Antônio dos Santos).

 

1846

É adquirida a Cartuxa, pequena chácara no alto da montanha em Mariana (onde vivera, nomeio da maior simplicidade, grande parte de sua vida de Bispo).

 

1849 

Procura dar vida a uma casa de recolhimento de órfãos, trazendo da França as Irmãs Vicentinas da Divina Providência. Funda o Colégio Providência (para meninas) e um hospital para internamento de enfermos e idosos.

Junho: Acolhe no Seminário de Mariana, o ex-escravo. Francisco de Paula Victor, mais tarde o Pe. Victor da Campanha, hoje já reconhecido como Beato pela Santa Sé.


1850

Outubro: Escreve a um amigo condenado a escravatura: ...comprar Africanos para a agricultura, eu digo que não é licita tal compra porquanto enquanto houver quem cá os )à África, compre, haverá quem os vá comprar (ou roubar) à coisa tão oposta a humanidade. Minha razão repugna"

 

1851 (até 1852)

Publica o periódico "O Romano", enquanto prossegue num vasto labor intelectual que favorece o desenvolvimento cultural e religioso do clero e do povo da sua Diocese, traduzindo obras do Latim, do Grego, do Espanhol, do Francês e do Italiano.

 

1861

14 de abril: Ordena D. Luis Antônio dos Santos (que fora seu aluno no Seminário de Jacuecanga) Bispo de Fortaleza.

 

1864

1º de maio: Ordena D. João Antônio dos Santos (que fora o primeiro sacerdote a quem conferira ordens) Bispo de Diamantina.

 

1865

25 de abril: É agraciado pelo Imperador D. Pedro II com o titulo de Conde da Conceição, depois de já ter sido homenageado, pelo mesmo Imperador, com a Comenda da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

1869

10 de janeiro: Ordena D. Pedro Maria de Lacerda (que fora seu aluno no Colégio do Caraça) Bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro.

 

1874

Com 87 anos e discordando da prisão injusta a que o Governo sujeitara os Bispos de Olinda e de Belém, sai em suas defesas e, dirigindo uma enérgica e corajosa carta ao Imperador. diz-lhe: "V. Majestade sabe que não tenho cavalos nem carruagens, e menos os táleres (moeda alemã de então), em que me possam multar, também não me podem prender em calabouços, porque em calabouço estou metido, sendo Bispo há 30 anos, e tendo de idade quase go, por meão em liberdade, se me tirarem desta masmorra do Bispado, ainda que lhes pareça que me mandam para outra pior prisão".

 

1875

3 de maio: Ordena seis novos sacerdotes.

29 de junho: Doente, há vários meses, encontra ainda forças, entre o espanto e a comoção dos presentes, para celebrar a que será a sua última missa.

7 de julho: Com 87 anos, morre, pelas 11 horas da noite, na sua casinha da Cartuxa, sobranceira a Mariana.

11 de julho: É sepultado no piso do Presbitério da Catedral de Mariana.

 

1896

Seu afilhado Pe. Silvério Gomes Pimenta, mais tarde Bispo e primeiro Arcebispo de Mariana, edita o livro "Vida de D. Antônio Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".

Por esta obra, Dom Silvério, torna-se o primeiro prelado brasileiro a alçar uma Cadeira, na Academia Brasileira de Letras.

 

1916 

Convicto da santidade do 7º Bispo, seu afilhado e Primeiro Arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta, constitui o Tribunal Eclesiástico para levar por diante a Causa da sua Beatificação.


1963 

São trasladados os seus restos mortais para a cripta mandada construir, na Catedral de Mariana, pelo Arcebispo Dom Oscar de Oliveira.


1964

Dom Oscar de Oliveira retoma o processo da sua beatificação, interrompido em 1922.

 

1980

Primeiros anos da década de 1980: Mons. Flávio Carneiro Rodrigues dedica-se incansavelmente à Causa de Dom Viçoso. datilografando os seus manuscritos para envio à Santa Sé.

10 de julho: O Papa João Paulo II, Santo João Paulo II, em sua visita Apostólica ao Brasil, em Fortaleza, cita Dom Viçoso, entre outros, como um "homem que deixou marcas de sua passagem na construção do Reino de Deus"

1º de março: O processo é distinguido, por parte da Congregação para as Causas dos Santos, com o rescrito "Nihil Obstat" (Nada Consta), que é a autorização oficial da Santa Sé para o prosseguimento da Causa.

 

1985

Março: O processo, em sua segunda fase, dá entrada em Roma.

9 de março: É proposto, e aprovado por unanimidade em sessão da Assembleia Municipal de Peniche, terra natal de Dom Viçoso, que se erga um Monumento em sua memória, e que se leve por diante o processo de geminação da cidade portuguesa de Peniche com a cidade brasileira de Mariana.

 

1986

Dom Viçoso é declarado "Servo de Deus", pela Santa Sé e o processo para a sua beatificação continua em bom ritmo.

 

1990

Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida atribui a Dom Viçoso, a sua recuperação pelo grave acidente automobilístico sofrido.

 

2014

8 de julho: A Santa Sé reconhece que Dom Antônio Ferreira Viçoso, viveu de modo heroico as suas "Virtudes Cristãs O Servo de Deus passa a ser chamado de "Venerável.

 

2018

Segundo semestre: Tendo chegado à Mariana e assumindo a Sede Arquiepiscopal Marianense, o Arcebispo Metropolitano. Dom Airton José dos Santos, toma conhecimento dos processos dos candidatos à santidade na Arquidiocese e dá sequência ao incremento das causas.

7 de julho: Por esforços da Arquidiocese de Mariana e da Faculdade Dom Luciano Mendes, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, lança a 4ª edição do Livro "Vida de D. Antônio Ferreira Viçoso: Bispo de Mariana e Conde da Conceição".

 

2021

Na mesma solenidade, apresenta o caminho religioso do Caraça à Cartuxa em Mariana, refazendo os passos do Venerável Dom Viçoso, sob o título de "Nos Passos de Dom Viçoso - Uma Caminhada de Fé".

 

2024

8 de dezembro: A Arquidiocese de Mariana celebra os 150 anos de dedicação da Diocese ao Sagrado Coração de Jesus, por ato de Dom Antônio Ferreira Viçoso.

Princípios de janeiro: Dom Airton José dos Santos visita Peniche. Terra Natal de Dom Viçoso e faz conferência sobre as Virtudes Cristas de Dom Viçoso aos conterrâneos do 7º. Bispo de Mariana.

Dom Airton visita o Postulador da Causa de Beatificação de Dom Viçoso, em Roma e traça ações para o incremento do processo.

3 de abril: Dom Airton José dos Santos, nomeia o Pe. Marcelo Moreira Santiago, Pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Mariana, Delegado Arquiepiscopal para acompanhara Causa de Beatificação e Canonização de Dom Viçoso.

 

2025

18 de maio: É lançada em Mariana a obra "Dom Viçosa - Um Santo que andou em Minas", de autoria de Dom Gil Antônio Moreira - Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora.

Na sequência, a Arquidiocese de Mariana se prepara para as cerimônias que irão marcar a passagem dos 150 anos da Morte de Dom Viçoso", em 7 de julho.

 

O que se disse de Dom António Ferreira Viçoso

 

"É o sacerdote mais digno do Brasil".

- Ambrosio Capadócio, Internúncio e Delegado Apostólico, em 1843

 

"Em parte alguma do mundo conheci mais digno Prelado".

- Paulino José Soares, Ministro da Justiça do Brasil, em 1844

 

"É um verdadeiro Bispo Apóstolo (...) não r havendo freguesia por pobre e miserável, onde não fosse e pregasse, nem caminhos por intransitáveis, nem estações ou tempos por ásperos e cruéis, ou perigos por temerosos, a que se acobardasse".

- Monsenhor Bedini, Arcebispo de Thebas, em 1853

 

"É um grande bispo do Brasil".

- Papa Pio IX, em 1864

 

"De tantos e tão eminentes Prelados, reunidos de todos os ângulos da Terra, a nenhum conheço mais santo".

- Dom Pedro de Lacerda, o Bispo do Rio de Janeiro. quando do Concilio Ecumênico, em 1869

 

"O seu modo de pregar era simples, grave, e tão insinuante, que calava no fundo das almas, e executava espantosas mudanças". "Algumas vezes eleva-se com eloquência tão arrebatadora, que os oradores mais célebres não subiram mais alto". "Nunca houve homem mais admirado em vida, nem memória mais celebrada depois da morte". Dos documentos do processo da sua beatificação, enviados para Roma recentemente: "Na história eclesiástica do Brasil, não sabemos de um outro bispo que tivesse prestigio comparável ao seu".

Dom Silvério Gomes Pimenta, 1º Arcebispo de Mariana, em 1876

 

 

Imprimatur

Mariana, 27 de junho de 2025 Dia do Sagrado Coração de Jesus


Dom Airton José dos Santos

Arcebispo Metropolitano de Mariana

 

Oração para pedir a Deus a beatificação de Dom Viçoso e alcançar graças por sua intercessão

Senhor Jesus Cristo, glória dos vossos sacerdotes, Bom Pastor que destes a vida pelas vossas ovelhas, nós vos agradecemos pelas virtudes e dons com que vos dignastes adornar a alma do grande bispo, Dom Antônio Ferreira Viçoso, para fazer dele um modelo luminoso de defensor da Igreja, reformador do clero e santificador do povo cristão.

Vós que prometestes glorificar aqueles que vos servirem, dignai-vos glorificar, com a honra dos altares, se for para maior glória da Santíssima Trindade e honra do vosso sacerdócio, este vosso servo, e concedei-nos, para esse fim, por sua intercessão junto de vós, a graça que confiantemente vos pedimos.

 

Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

 

No dia 13 de cada mês uma missa é celebrada na Cartuxa, às 8h30, pela beatificação de Dom Viçoso.


 Missa no Morro da Cartuxa homenageia os 150 anos do falecimento de Dom Viçoso – JCTV – 09/07/25