quinta-feira, 24 de março de 2022

ORAÇÃO DA FAMÍLIA VICENTINA PELA PAZ NA UCRÂNIA

 


 

Deus e nosso Senhor, Vós chamastes a

Irmã Marta Wiecka à Companhia das Filhas da Caridade para seguir o seu Filho

Jesus e servi-lo nos pobres e nos doentes.

Dócil à vossa chamada, ela seguiu o caminho da vocação vicentina, dedicando-se inteiramente ao serviço do pobre, ao ponto de dar a vida pelo próximo.

Agradecemos por tudo o que o Senhor fez na vida da sua serva.

Senhor, por sua intercessão, pedimos a Vós que nos mostre o poder do vosso amor e conceda-nos a graça para

QUE A GUERRA TERMINE E QUE A PAZ VOLTE A REINAR NA UCRÂNIA, NA RÚSSIA E NO MUNDO INTEIRO.

Pedimos o favor com humildade e confiança,

se for de acordo com a Vossa vontade.

Através de Jesus Cristo nosso Senhor.

Amem.

 

Pai Nosso… Ave Maria… Glória ao Pai…

 

Ó Maria, concebida sem pecado,

Rogai por nós que recorremos a Vós!

 

 

Canção:

A Bênção (The Blessing)

Que Deus te abençoe

Te guarde e brilhe Sua face sobre ti

Levante Seu rosto

E te dê paz

 

Amém, amém, amém

 

Que o favor te Deus seja sobre ti

Sobre toda tua geração

Tua família e teus filhos

E os filhos de teus filhos

 

Sua presença esteja em ti

E te cerque onde fores

Ao entrares, ao saíres

Ele é por ti, Ele é por ti

 

Pelo dia, pela noite

Em tua vinda, em tua ida

Ao chorares, ao sorrires

Ele é por ti, Ele é por ti

 

Ele é por ti, Ele é por ti

CONSAGRAÇÃO À MARIA: RÚSSIA E UCRÂNIA



25/03/2022: Papa Francisco rezará missa com Ato de Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. Acompanhemos as celebrações nos links a seguir e rezemos juntos pela Paz! 


Acompanhe diferentes celebrações com Ato de Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria


7h - CNBB e Nunciatura Apostólica, direto de Brasília

https://www.youtube.com/watch?v=SGyIe9NPxQc


13h - Papa Francisco direto do Vaticano

https://www.youtube.com/watch?v=ObnzPpuC-ac


ATO DE CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA


Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe? » Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho! » (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho! » (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe! » (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. 

Amém.


segunda-feira, 21 de março de 2022

Histórico das Santas Missões Populares Vicentinas da FV Regionais Belo Horizonte e Rio de Janeiro



                Já se falou que as Santas Missões Populares Vicentina (SMPV) são um jeito novo de evangelizar. Brota de uma decisão da Comunidade que deseja fortalecer a fé e a consciência de que todos e todas são chamado(a)s a evangelizar, a produzir frutos e espalhar novas sementes de vida e de fraternidade onde quer que estejam ou forem enviado(a)s.

Também já se afirmou que as SMPV não têm a pretensão de ser e, de fato, não são, uma originalidade na Igreja Católica do Brasil. Elas visam somar forças com o grande número de pessoas e instituições que vem abraçando o projeto eclesial de um novo jeito de ser igreja e de evangelizar.

A ideia das SMPV surgiu no segundo semestre de 1996, sendo concretizada pela primeira vez em janeiro de 1997, por iniciativa da Equipe Missionária da PBCM que atuava na Paróquia Menino Jesus, em Diadema, SP. Desde o início, este projeto, contou com a presença das Filhas da Caridade e a ativa participação dos leigos e dos seminaristas da PBCM, que anualmente participavam das “Missões de férias”. As SMPV foram celebradas pela primeira vez na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Vila Popular, Paróquia Menino Jesus, Diadema, SP.

Como afirmou São Paulo aos Coríntios “não há entre vocês nem muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos da alta sociedade. Deus, no entanto, escolheu o que é loucura no mundo para desacreditar os sábios. E Deus escolheu o que é fraqueza no mundo para desacreditar os fortes. E Deus escolheu o que é insignificante e sem valor no mundo, coisas que nada são, para reduzir a nada as coisas que são” (1Cor 1,26-28). Este é o retrato dos Missionários Vicentinos! Conscientes do chamado e enviados por Deus (Santas), pessoas simples e pobres dão o testemunho alegre da libertação provocada pelo encontro com Jesus Cristo, na solidariedade com os pobres, os excluídos e marginalizados (Popular-Vicentinas), renovando o compromisso com o Reino de Deus, que é vida em plenitude para todos (Missões). Assim acontecem as Santas Missões Populares Vicentinas.

Renovando a nossa fé nas palavras daquele que afirmou que os missionários também participam das bênçãos produzidas pelas Missões, o nosso mais profundo agradecimento a todos aqueles que participaram das Santas Missões Populares Vicentinas, mesmo que a sua oferta tenha sido apenas um copo de água fresca “não ficará sem a sua recompensa” (Mt 10,42).

 

HISTÓRICO: (Locais Missionados de 1997 a 2022)

Regional do Rio de Janeiro

  • 2008 - Nova Sepetiba
  • 2009 - Nova Sepetiba (Paróquia São Pedro e Santa Edwirges)
  • 2010 - Pedra de Guaratiba
  • 2011 - Não houve missões no Rio de Janeiro
  • 2012 - Pedra de Guaratiba – Comunidade Santo André
  • 2013 - Não houve missões no Rio de Janeiro
  • 2014 - Não houve missões no Rio de Janeiro
  • 2015 - Não houve missões no Rio de Janeiro
  • 2016 - Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Japeri _ RJ
  • 2017 - Paróquia N. Sra. da Conceição do Monteiro – Campo Grande - RJ
  • 2018 - Paróquia N. Sra. da Conceição do Monteiro – Campo Grande - RJ

 

Regional de Belo Horizonte

  • 1997 - Vila Popular (Diadema – São Paulo);
  • 1998 - Francisco Badaró e Jenipapo (Vale do Jequitinhonha)
  • 1999 - Bertópolis/SantaHelena/Humburatiba – (Vale do Mucuri);
  • 2000 - Machacalis (Baixo Mucuri);
  • 2001 - Novo Oriente de Minas e Pavão (Vale do Mucuri);
  • 2002 - Serra do Ramalho (Sertão baiano)
  • 2003 - Serra do Ramalho (Sertão baiano) - Pós-Missão.
  • 2003 - Carinhanha (Missão em parte da Paróquia)
  • 2004 -  Carinhanha (Pós-Missão na área missionada)
  • 2004 - Carinhanha (Missão no restante da Paróquia)
  • 2005 - Carinhanha (Pós-Missão na cidade)
  • 2005 - Serra Azul – Região do Serro (Missão)
  • 2005 - Santo Antônio do Itambé (Missão)
  • 2006 - Santo Antônio do Itambé e Serra Azul (Pós-Missão)
  • 2006 - Rio Vermelho (Início do Vale do Jequitinhonha)
  • 2006 - Materlândia (Início do Vale do Jequitinhonha)
  • 2007 - Riacho Fundo II – Brasília (Missa
  • 2008 - Taquaraçú de Minas (5-20 de janeiro/2008);
  • 2008 - Riacho Fundo II - Brasília (Pós-Missão)
  • 2009 - Francisco Badaró (4-25 de janeiro/2009);
  • 2009 - Taquaraçú de Minas (pós-missão 10-25 de janeiro / 2009)
  • 2010 - Jenipapo de Minas (10-24 de janeiro/2010)
  • 2011 - Sete Cdds de Chapada do Norte e cinco Cdds de Janipapo.
  • 2012 - Coronel Murta (8-22 janeiro/2013)
  • 2013 - Furquim (Distrito de Mariana – MG)
  • 2014 - Januária – Conêgo Marinho - MG (12-26 de janeiro/2014)
  • 2015 - Januária (MG) – Paróquia Sagrada Família (11 a 25 de janeiro/2015)
  • 2019 - Itaobim (MG) - Paróquia São Roque
  • 2020 - Itaobim (MG) - Paróquia São Roque (18 de janeiro a 1º de fevereiro de 2020)

 

 

quarta-feira, 9 de março de 2022

Novena Vocacional Vicentina em Honra a São José. "Pai educador"

 


"Estou contente com as orações que fazeis em honra de São José para obter de Deus bons missionários" SV, VII, 2849

 

Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.  Amém.

Vinde Espírito Santo...

Canto a escolher

 

Oração Inicial para todos os dias

Oração Pelas Vocações Vicentinas

"Senhor, mandai bons operários à vossa igreja, mandai missionários e missionárias, como convêm que sejam, para que trabalhem de modo eficaz na vossa vinha; pessoas, meu Deus, desapegadas de si mesmas, das suas comodidades e dos bens terrenos. Não importa se em pequeno número, contanto que sejam bons. Senhor, concedei esta graça à vossa Igreja." - São Vicente de Paulo (cf. Coste, XI, 357).

São José: Rogai por nós! São Vicente de Paulo: Rogai por nós!

 


Primeiro dia: São José, pai educador

Motivação: Com relação à educação formal que Jesus recebeu, há poucas informações, mas o evangelista Lucas, depois de relatar o encontro de Jesus no Templo com os doutores da Lei, afirma que Ele voltou para a Galileia com seus pais e era-lhes submisso (Lc 2,52). Os verbos submeter e crescer denotam um desenvolvimento na educação de Jesus. O evangelista faz notar que sua educação se deu em Nazaré da Galileia (Lc 2,39). Ainda faz menção que Ele costumava frequentar a sinagoga, onde provavelmente aprendeu a ler e escrever (Lc 4,16) (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 145).

Evangelho: Lc 2, 46-52

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Pai de bondade, o seu Filho Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça e era obediente a São José e Nossa Senhora. A convivência com José e Maria contribuiu para que o menino Jesus causasse admiração em todos aqueles que o ouviam. Ajude-nos, a exemplo de São José a sermos bons educadores na vida e na fé. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.


Segundo dia: São José, vocacionado do Pai.

Motivação: Na celebração do Dia de São José durante o segundo ano do seu Pontificado, o Papa Francisco, em sua catequese, nos presenteou com uma bela reflexão em que enfatiza o aspecto educador de São José. Jesus, que é educado no seio da Sagrada Família e por isso cresce em sabedoria e graça, nos convida a apreciar a convivência no ambiente familiar, ouvir e dar atenção aos idosos, escutar as crianças, acompanhar e apoiar os jovens. Em cada etapa da vida habita uma sabedoria (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 277).

Evangelho: Mt 1, 20.24

Momento de meditação, silêncio. Partilha. 

Oração: Senhor, fonte das vocações, o vosso servo São José aceitou o chamado a ser pai adotivo de Jesus. O humilde carpinteiro enfrentou os medos e confiou inteiramente em vossa Palavra e na ação do Espírito. A exemplo de São José, dai-nos essa coragem de dizer sim ao vosso chamado e a nos guiarmos pelo Espírito Santo. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.

 

Terceiro dia: São José, guardião da Sagrada Família

Motivação: Juntamente com Maria, José cuidava de Jesus, antes de tudo, a partir deste ponto de vista, ou seja, criou-o, preocupando-se, a fim de que não lhe faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio. Não esqueçamos que a tutela cheia de esmero da vida do Menino comportou também a fuga para o Egito, a dura experiência de viver como refugiados – José foi um refugiado, juntamente com Maria e Jesus – para fugir da ameaça de Herodes (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 279).

Evangelho: Mt 2, 13-15

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Deus de misericórdia, que protegestes a Sagrada Família da perseguição de Herodes. Dai-nos a prontidão de São José, que ouvindo a vossa Palavra, imediatamente deixou tudo e partiu em segurança para uma terra desconhecida levando Maria e Jesus. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.


Quarto dia: São José, esposo da Virgem Maria

Motivação: O processo educativo faz parte integrante das relações familiares. Na família aprendemos a viver e conviver. Em cada etapa da vida Deus nos dá a oportunidade de aprender e amadurecer como o próprio Cristo assim quis experimentar na vida de família, em Nazaré: “E Jesus ia crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Assim, uma inspiração para os pais, são aqueles que acompanharam a educação de Jesus: a Virgem Maria e São José. Uma mãe dócil, educadora, fiel à Palavra de Deus. Um pai adotivo que guardou a Sagrada Família em honra e dignidade. (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n.178).

Evangelho: Lc 2, 4-7

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Deus amoroso, que unistes São José e Nossa Senhora pelo laço do amor conjugal, num relacionamento onde habitavam os mais puros dons da vossa graça. Dai a todos os casais as virtudes necessárias para um relacionamento saudável e feliz. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.


Quinto dia: São José, atento aos sinais de Deus

Motivação: Escutar a realidade significa o esforço de compreender seus gritos e silêncios, seus excessos e ausências. A escuta, na esteira da pedagogia de Jesus, não orienta os ouvidos somente para os sons que nos interessam. É uma escuta integral, com o ouvido e com o coração, que buscam a inteireza da realidade com tudo o que ela pode trazer. E, a partir dessa escuta, perceber a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher. (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n.29)

Evangelho: Mt 2, 19-23

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Senhor, que sois o dispensador de todas as graças, o vosso servo José soube discernir os sinais dos tempos e perceber os perigos que ainda rondavam a Sagrada Família. Que a exemplo de São José possamos também ter o correto discernimento a fim de colaborarmos mais eficazmente com o vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.


Sexto dia: São José, protetor dos trabalhadores

Motivação: [...] quando voltaram para a pátria, estabelecendo-se em Nazaré, há outro período da vida escondida de Jesus na sua família, no seio da Sagrada Família. Naqueles anos, José ensinou a Jesus também o seu trabalho, e Jesus aprendeu a profissão de carpinteiro, juntamente com o seu pai José. Foi assim que José educou Jesus, a tal ponto que, quando era adulto, lhe chamavam o filho do carpinteiro (Mt 13,55). (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 279)

Evangelho: Mt 13, 54b-57

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Deus fonte e origem de todo trabalho, o vosso Filho Jesus foi educado para o trabalho na humilde carpintaria de São José. Foi ao lado do seu pai adotivo que Ele cresceu e trabalhou para o seu próprio sustento. A exemplo de São José operário, dai-nos a força necessária para o trabalho e a proteção e amparo aos que sofrem com o desemprego. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.

 

Sétimo dia: São José, exemplo de fidelidade

Motivação: José foi para Jesus exemplo e mestre desta sabedoria, que se alimenta da Palavra de Deus. Podemos pensar no modo como José educou o pequeno Jesus a ouvir as Sagradas Escrituras, principalmente acompanhando-o aos sábados à sinagoga de Nazaré. E José acompanhava-o para que Jesus ouvisse a Palavra de Deus na sinagoga. E a prova da escuta profunda de Jesus em relação a Deus, José e Maria tiveram-na – de uma maneira que os surpreendeu – quando ele, com 12 anos, permaneceu no templo de Jerusalém sem que eles o soubessem; e encontraram-no depois de três dias, enquanto dialogava com os doutores da lei, os quais ficaram admirados com a sua sabedoria. (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 280).

Evangelho: Lc 2, 33-35

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Senhor, que nunca nos abandonais em nossas dificuldades, a missão de Jesus será causa de muita dor e apreensão para a Família de Nazaré. A espada de dor que transpassou a alma de Maria também atingiu o coração de pai de São José, que muitas vezes não compreendia a missão do seu Filho. Vos pedimos Senhor, que a exemplo de São José, sejamos fiéis a nossa vocação mesmo nos momentos de incompreensão e sofrimentos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.


Oitavo dia: São José, patrono da Igreja

Motivação: A Igreja, com a iniciação à vida cristã, gera novos filhos e ao mesmo tempo vai se renovando internamente com o surgimento de outros membros. Desde o início, as comunidades cristãs, pelo anúncio entusiasmado e fervoroso da Palavra de Deus, foram contagiando novos membros e ganhando de Deus a confirmação na missão: “Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E, a cada dia, o Senhor acrescentava a seu número mais pessoas que eram salvas” (At 2,47). A comunidade eclesial missionária, à luz do mandato missionário de Jesus Cristo, procura estar sempre aberta à acolhida de novos membros e confia aos catequistas, educadores da fé, a missão de introduzi-los no mistério da vida cristã. (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n. 197)

Evangelho: Mt 1, 21-23

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Pai, que conduzis a Igreja no caminho da salvação, o vosso Filho é o Emanuel, Deus que caminha conosco. Coube a São José dar o nome de Jesus ao seu Filho, que significa Salvador. A Igreja caminha nesse mundo testemunhando a obra salvífica de Jesus. Que as nossas comunidades eclesiais missionárias sejam sinais de salvação para todos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.

 

Nono dia: São José, modelo das vocações

Motivação: Em sua caminhada peregrina no mundo, a Igreja tem sido agraciada por pessoas consagradas capazes de desenvolver uma ação educativa particularmente eficaz, oferecendo uma contribuição específica para as iniciativas de formação.⁵¹ Religiosos e religiosas compreenderam o âmbito educativo como caminho para o crescimento cultural e de fé, e elaboraram pedagogias ao longo de sua história com abordagens inovadoras que influenciaram positivamente as práticas educativas. Esse patrimônio cultural da humanidade oferecido pelas instituições religiosas, em sua maioria filantrópicas, aponta um importante componente de discernimento que é assumir a tarefa educativa como vocação e como parte da obra missionária da Igreja. (Texto Base, Campanha da Fraternidade 2022, n.166)

Evangelho: Lc 2, 15-18

Momento de meditação, silêncio. Partilha.

Oração: Deus, que enviastes o vosso Filho ao mundo para em tudo se identificar com a humanidade, exceto no pecado. O ápice da vocação de São José o nascimento de Jesus. Foi na cidade natal de José que o Filho de Deus se dignou habitar entre nós. Ele nasceu numa família simples e num ambiente humilde, tendo como testemunhas do seu nascimento os pastores. Ajude-nos Senhor, a encontrar o sentido da nossa vocação na simplicidade da vida e na pessoa dos mais pobres. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Pai Nosso. Glória ao Pai.

 

Oração Final para todos os dias

Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal.
Amém.

(Papa Francisco, Patris Corde)


Fonte: SAVV da PBCM

quarta-feira, 2 de março de 2022

Carta da Quaresma 2022 do P. Tomaž Mavrič, CM, à Família Vicentina


 

Roma, Quaresma 2022

A todos os membros da Família Vicentina

MÍSTICO DA CARIDADE PARA ALÉM DO SÉCULO XXI

Meus queridos irmãos e irmãs,

A graça e a paz de Jesus estejam sempre conosco!

Após seis anos, o meu mandato está chegando ao fim. Através desta carta da Quaresma, gostaria de sintetizar as reflexões do Advento e da Quaresma destes últimos seis anos, começando pela primeira mensagem enviada à Família Vicentina, pela ocasião da festa de São Vicente de Paulo, em 2016. Foi nesta carta que, pela primeira vez, refleti de forma detalhada sobre o título: “místico da Caridade” que é atribuído ao nosso Fundador. A partir deste tema, tão precioso ao meu coração, tentei descobrir por mim mesmo, enquanto partilhava-o com cada um, o que desejei ardentemente aprofundar, isto é, o que significa tornar-se um “místico da Caridade”.

A busca realizada nestes seis anos está longe de terminar; de fato, é apenas um começo e um apelo a continuar mergulhando na riqueza e profundidade do que significa tornar-se um “místico da Caridade”. Ela nos convida a buscar sem cessar a união, a mais íntima possível, com Jesus e tornar-se como os “contemplativos em suas Casas e os apóstolos nas ruas,[1] “contemplativo na ação e apóstolo na contemplação”[2].

Ao ler a carta da Quaresma deste ano, e ao estudar as reflexões partilhadas ao longo destes últimos seis anos,  somos convidados a escolher um aspecto ou uma situação na qual percebemos que Jesus nos chama a retornar, de uma forma mais decisiva e radical, onde sentimos uma particular necessidade da sua graça e misericórdia para que Ele possa realizar o seu sonho em nós.

O teólogo Karl Rahner, no final do século XX, tinha pronunciado estas palavras proféticas: “O cristão do século XXI será místico ou não será cristão”. Por que podemos dizer que São Vicente de Paulo era um “místico da Caridade”?

Todos sabemos que Vicente era um homem de ação, também podemos ficar surpresos que possam apresentá-lo igualmente como um místico. Mas na verdade, era sua experiência mística da Trindade e, em particular a Encarnação, que motivava todas as suas ações em favor das pessoas pobres. Giuseppe Toscani, CM, unia mística e ação e ia ao cerne da questão chamando-o de “um místico da Caridade”. Vicente viveu em um século de místicos, mas ele se revelou como o místico da Caridade.

Ser um místico implica uma experiência, a experiência do mistério. Para Vicente, isso significava uma profunda experiência do mistério do amor de Deus. Sabemos que os mistérios da Trindade e da Encarnação estavam no âmago de sua vida. A experiência do amor abrangente da Trindade pelo mundo e a união incondicional do Verbo encarnado com toda pessoa humana modelou, condicionou e inflamou seu amor pelo mundo e por todo mundo, especialmente pelos irmãos e irmãs necessitados. Ele olhava o mundo com os olhos do Pai (Abba) e de Jesus, e acolhia todo mundo com o amor incondicional, o ardor e o dinamismo do Espírito Santo.

A mística de Vicente era a fonte de sua ação apostólica. O mistério do amor de Deus e o mistério dos pobres eram os dois polos do amor dinâmico de Vicente. Mas o caminho de Vicente tinha uma terceira dimensão que consistia na sua maneira de considerar o tempo. O tempo era o meio pelo qual a Providência de Deus se manifestava a ele. Ele agia conforme o tempo de Deus e não conforme seu próprio ritmo. “Façamos todo o bem que se achar para fazer,” aconselhava. “Não passar por cima da Providência”.

Um outro aspecto da temporalidade em Vicente era a presença de Deus aqui e agora -“Deus está presente!” Deus está presente no tempo. Deus está presente nas pessoas, nos acontecimentos, nas circunstâncias, nas pessoas pobres. Deus nos fala agora, neles e através deles.

Para Vicente, as dimensões horizontais e verticais da espiritualidade eram indispensáveis. Ele considerava que o amor de Cristo e o amor dos pobres eram inseparáveis. Exortava continuamente os seus discípulos não somente a agir, mas também a rezar, e não só a rezar, mas igualmente a agir. Diante de uma objeção de seus discípulos: “Mas, senhor Padre, há tanto que fazer, tantos ofícios na casa, tantos trabalhos na cidade, nos campos; trabalho por toda parte. É preciso, porventura, deixar tudo de lado para só pensar em Deus?” E ele respondia com veemência:

“Não, mas devemos santificar essas ocupações, buscando Deus nelas e fazê-las antes com o fim de encontrá-lo nelas do que pelo gosto de vê-las feitas. Quer Nosso Senhor que, antes de tudo, procuremos sua glória, seu reino, sua justiça e, para isso, façamos da vida interior, da fé, da confiança, do amor, dos exercícios de religião, da oração, das confusões, das humilhações, dos trabalhos e dos sofrimentos, o que há de mais importante para nós, visando a Deus, nosso soberano Senhor. Apresentemos-lhe as ofertas contínuas de nossos serviços e de nossas aspirações no sentido de conquistar reinos para sua bondade, graças para sua Igreja e virtudes para a Companhia. Uma vez firmados assim na busca da glória de Deus, estejamos seguros de que tudo mais se seguirá” [3].

De outra perspectiva, poderíamos descrever Vicente como um místico “com duas visões. Em outras palavras, ele (via) fazia a experiência do mesmo Deus através de duas lentes diferentes e isso, simultaneamente. Uma das lentes era a sua própria oração; a outra era o pobre, bem como o mundo em que este vivia. Cada ângulo da visão influenciou o outro, um aprofundando e aperfeiçoando a percepção do outro. Vicente “viu” (e sentiu) o amor de Deus através destes dois prismas ao mesmo tempo e agiu energicamente para responder ao que ele via.

A “Encarnação” é um dos mistérios centrais da espiritualidade de São Vicente de Paulo. Ele nos deixou os seguintes pensamentos sobre a Encarnação:

“Como, segundo a Bula de ereção da nossa Congregação, devemos venerar de maneira particular os inefáveis mistérios da Santíssima Trindade e da Encarnação, procuraremos cumprir isto com o maior cuidado e, se puder ser, de todas as maneiras, mas principalmente executando estas três coisas: 1ª fazendo frequentemente do íntimo do coração atos de fé e religião sobre estes mistérios; 2ª oferecendo todos os dias à sua glória algumas orações e obras pias e principalmente celebrando as suas festas com solenidade e com a maior devoção que pudermos; 3ª trabalhando com toda vigilância para, com instruções e exemplos nossos, infiltrar nos ânimos dos povos o conhecimento, honra e culto deles[4]”.

A Santíssima Trindade é um outro mistério fundamental da Espiritualidade de São Vicente. Nas Constituições da Congregação da Missão, podemos ler: “Como testemunhas e anunciadores do amor de Deus, devemos ter devoção e prestar culto, de modo especial, aos mistérios da Trindade e da Encarnação”[5]. Jesus nos ajuda a compreender a relação que existe entre as três Pessoas, o vínculo íntimo que as une, a influência da Trindade tanto sobre cada pessoa, individualmente, quanto sobre a sociedade como um todo. A Santíssima Trindade é o modelo perfeito das “relações”!

O terceiro pilar da espiritualidade de São Vicente é a Eucaristia. Em um dos seus escritos sobre os fundamentos da nossa espiritualidade, onde ele menciona a Encarnação e a Santíssima Trindade, São Vicente nos faz entender que na Eucaristia encontraremos tudo, assim expressou:

“E porquanto, para venerar perfeitamente estes mistérios, [da Santíssima Trindade e da Encarnação] nenhum meio pode dar-se mais excelente do que o devido culto e bom uso da sagrada Eucaristia, quer a consideremos como sacramento quer como sacrifício, pois contém em si como que a suma dos outros mistérios da fé e por si mesma santifica e, finalmente, glorifica as almas dos que dignamente comungam e devidamente celebram, e daí resulta amplíssima glória a Deus uno e Trino e ao Verbo Encarnado. Por isto nada teremos por mais recomendado do que rendermos a devida honra a este sacramento e sacrifício como também trabalharmos com todo o desvelo para que por todos lhe seja dada a mesma honra e reverência, o que procuraremos cumprir com todo o esforço, impedindo principalmente, quanto puder ser, que acerca dele algo se faça ou diga irreverentemente, e ensinando com diligência aos outros o que devem crer deste tão soberano mistério e de que modo devem venerá-lo” [6].

Com esta intuição de que na Eucaristia podemos encontrar tudo, acrescentam-se outras palavras proféticas e inspiradoras, nascidas da sua mais profunda experiência de vida: “o amor é inventivo até o infinito” [7]. Uma das frases mais conhecidas de Vicente, tendo utilizado estas palavras específicas com referência à Eucaristia, para tentar explicar o que é a Eucaristia, o que a Eucaristia produz, o que encontramos na Eucaristia. A imaginação de Jesus encontrou este meio concreto para estar sempre conosco, nos acompanhar sempre e permanecer conosco todos os dias, até o fim do mundo. Seu amor, inventivo até o infinito, não cessa de nos surpreender, hoje, aqui e agora!

O quarto fundamento é a Santíssima Virgem Maria.

  1. “Com especial devoção, cultuaremos também Maria, Mãe de Cristo e da Igreja. Ela, na expressão de São Vicente, contemplou e traduziu em sua vida a mensagem evangélica, de modo mais profundo que todos os fiéis.
  2. Manifestaremos, de diversas formas, nossa devoção á Imaculada Virgem Maria, celebrando piedosamente suas festas e invocando-a com frequência, sobretudo, por meio do rosário. Divulgaremos a mensagem especial, expressa por sua maternal benevolência na Medalha Milagrosa”[8].

Uma das principais fontes na qual, como místico da Caridade, Vicente bebeu foi a oração diária. Uma das frases mais citadas de São Vicente, tirada de uma conferência dada aos membros da Congregação da Missão, expressa com eloquência a atitude de Vicente:

“Dai-me um homem de oração e ele será apto para tudo. Poderá dizer com o Santo Apóstolo: “Tudo posso naquele que me sustenta e me conforta” (Fl 4, 13). A Congregação da Missão subsistirá enquanto o exercício da oração nela for fielmente praticado, porque a oração é como uma fortaleza inexpugnável que protegerá os missionários contra toda a sorte de ataques”[9].

Vicente falava da oração cotidiana. Ele afirmou aos seus seguidores:

“Ora, avante, demo-nos todos à prática da oração, pois, por meio dela nos vêm todos os bens. Se perseveramos na vocação, será graças à oração. Se tivermos bom êxito em nossos encargos, será graças à oração. Se não cairmos no pecado, será graças à oração. Se permanecermos na caridade, se nos salvarmos, tudo isso será graças a Deus e à oração. Assim como Deus nada recusa à oração, quase nada concede sem a oração”[10].

A direção espiritual: São Vicente costumava falar sobre a necessidade da direção espiritual … a direção espiritual é muito útil. É um espaço para conselhos nas dificuldades, de encorajamento nos desgostos, de refúgio nas tentações, de força nos desalentos. Enfim, é uma fonte de bens e de consolação, quando o diretor é bastante caridoso, prudente e experimentado”[11].

O objetivo de falar com um guia espiritual, expressado claramente desde a época dos Padres e Madres do deserto, é simples: trata-se da pureza do coração. Vicente recomendava a direção espiritual pelo menos várias vezes por ano[12], em particular durante os retiros ou os tempos litúrgicos como a Quaresma.

O Sacramento da Reconciliação: São Vicente também pensava que a misericórdia estava no centro da Boa-Nova. Ele a descreveu como “… esta bela virtude da qual se diz: o próprio Deus é a misericórdia’”[13].

As Constituições da Congregação da Missão nos encorajam a recorrer incessantemente ao Sacramento da Reconciliação “para que possamos realizar nossa conversão contínua e conseguir sinceridade à nossa vocação”[14].

A partilha da fé: As Constituições nos aconselham[15] e insistem que numa atmosfera de oração“no exercício do diálogo fraterno, nos comunicamos uns aos outros os frutos de nossa experiência espiritual e apostólica”. A comunidade, a qual pertencemos, escolhe o critério de como realizá-la. Vicente de Paulo gostava muito quando a partilha era franca e concreta. Ele dizia:

“É uma boa prática entrarmos no pormenor das coisas humilhantes, quando a prudência nos permite declará-las abertamente, por causa do proveito que todos tiram daí, vencendo-nos a nós mesmos na repugnância que sentimos em manifestar o que a soberba quereria conservar escondido. Santo Agostinho publicou os pecados secretos da sua mocidade, compondo um livro sobre eles, para que toda a terra conhecesse as estravagâncias dos seus erros e os excessos do seu desregramento. E esse vaso de eleição, São Paulo, esse grande apóstolo, que foi arrebatado até ao céu, não confessa que perseguira a Igreja? Ele próprio o deixou escrito para que, até à consumação dos séculos, se soubesse que tinha sido um perseguidor”[16].

Um outro fundamento da espiritualidade vicentina é a Providência. São Vicente, tendo total confiança na Providência, tornou-se a própria Providência para os outros, para os pobres. “Entreguemos, entretanto, isso à conduta da sábia Providência de Deus. Tenho uma devoção especial em segui-la, e a experiência me faz ver que ela faz tudo na Companhia e que nossas providências o impedem”[17].

O que fez de São Vicente um místico da Caridade, foi o fato de que a oração estava no cerne da sua vida.  Ela tornou-se uma força transformadora. A oração é um estado de espírito, uma relação contínua com Jesus. Falo, escuto e compartilho com alguém que é o “Amor” da minha vida e que anseio ardentemente me assemelhar.

“Porquanto, crede-me, meus senhores e meus irmãos, crede-me, é uma máxima infalível de Jesus Cristo, que frequentemente vos anunciei de sua parte, a saber: tão logo um coração se esvazie de si próprio, Deus o encherá; Deus nele habitará e agirá em seu íntimo; é o desejo da confusão que nos tornará vazios de nós mesmo, é a humildade, a santa humildade; então não seremos nós a agir mas, sim, Deus em nós, e tudo irá bem”[18].

Os doentes e as pessoas idosas: São Vicente falou várias vezes sobre o papel dos doentes:

“Mas para a Companhia, pobre Companhia! Oh! nunca se permita algo de singular, nem nos alimentos, nem nas vestes. Excetuo sempre os doentes, oh! pobres doentes! para cuja assistência cumpriria vender até os cálices da Igreja. Cumulou-me Deus de ternura para com isso e peço-lhe dê tal espírito à Companhia[19].

“Em qualquer parte em que visitarem algum enfermo, em casa ou fora dela não o considerarão como homem, mas como o próprio Cristo, que afirma ser a Ele que se presta tal obséquio”[20].

Vicente de Paulo ao tornar-se um “místico da Caridade” compreendeu e viveu a relação com os doentes e as pessoas idosas, a exemplo de Jesus.

No início desta carta escrevi que a busca, destes seis anos, sobre o que significa tornar-se um “místico da Caridade” está longe de terminar, continuaremos mergulhando na sua riqueza e na sua profundidade.

Para não desanimarmos, durante o itinerário desta peregrinação, recordamos que foi Jesus quem nos chamou para segui-Lo no caminho da nossa vocação. Ele permanece sempre conosco, assim como Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, São Vicente de Paulo e todos os Santos, Bem-aventurados e Servos de Deus da Família Vicentina. Que eles intercedam por nós!

Seu irmão em São Vicente,

Tomaž Mavrič, CM

Notas:

[1] Louis Abelly, La vie du vénérable Serviteur de Dieu Vincent de Paul, (A vida do venerável servo de Deus, Vicente de Paulo) 1664, Livre I, chapitre 22, p. 100.

[2] Constituições da Congregação da Missão, IV, 42.

[3] Obras Completas, SV XII, p.134; conf. sobre a procura do Reino de Deus, 21 de fevereiro de 1659.

[4] Regras Comuns da Congregação da Missão, X, 2.

[5] Constituições da Congregação da Missão, IV, 48.

[6] Regras Comuns da Congregação da Missão, X, 3.

[7] Obras Completas, SV XI, p. 150; conf. 102, exortação a um Irmão na iminência da morte”, 1645.

[8] Constituições da Congregação da Missão, IV, 49.

[9] Obras Completas, SV XI, p. 85; conf. “sobre a oração”.

[10] Obras Completas, SV XI, p. 417; conf. sobre a partilha de oração, 10 de agosto de 1657.

[11] Obras Completas, SV III, p. 751, carta à Irmã Jeanne Lepeintre, 23 de fevereiro de 1650.

[12] cf. Regras Comuns da Congregação da Missão X, 11.

[13] Obras Completas, SV XI, p. 373; conf. sobre a partilha de oração, 2 e 3 de novembro de 1656.

[14] Constituições da Congregação da Missão, IV, 45, § 2.

[15] Constituições da Congregação da Missão, IV, 46.

[16] Obras Completas, SV XI, p. 55; conf. sobre a humildade.

[17] Obras Completas, SV II, p. 488; carta a Bernardo Codoing.

[18] Obras completas, SV XI, p. 319; conf. “sobre os Padres” [setembro de 1655].

[19] Obras Completas, SV XII, p. 418, sobre a pobreza, 5 de dezembro de 1659.

[20] Regras Comuns da Congregação da Missão, VI, 2.