Lindalva em família
Lindalva Justo de Oliveira nasceu a
20 de outubro de 1953, num pequeno povoado do município de Açu (Rio Grande do
Norte). Tendo ficado viúvo, seu pai, o lavrador João Justo da Fé, casara-se com
Maria Lúcia de Oliveira e dessas núpcia nasceram 13 filhos, Lindalva era a
sexta" filha do casal. O pai zelava pela educação dos filhos e insistia
para que frequentassem regularmente a escola.
Junto aos pais, as crianças iam descobrindo
o valor fundamental da fé, eram iniciados na vida cristã e aprendiam a
balbuciar as primeiras preces. Lindalva recebeu o Batismo no dia 07 de janeiro
de 1954 e, desde criança, mostrava -se inclinada à vida de oração e sensível
diante das diferentes facetas do sofrimento humano, especialmente dos pobres.
Tendo concluído o ensino médio, com habilitação em Assistente de Administração,
começou a trabalhar para manter-se e para ajudar sua família. Seu cotidiano era
o de uma jovem como as outras, marcado pela alegria, pela retidão e pela
transparência em tudo o que fazia. Seu pai, já bastante idoso e debilitado pela
enfermidade, precisou contar com os cuidados de Lindalva que, sem hesitar, se
dedicou exemplarmente a essa tarefa de filial amor.
Sua vocação vicentina
A partir de 1986, nutrindo o desejo
de consagrar-se inteiramente a Deus, começou a participar de encontros
vocacionais para discernir, com maior clareza, sua própria vocação. Aqueles que
a conheceram de perto falam" da convicção profunda que habitava o seu ser
e que transparecia em seu semblante jovial: sentia-se amorosamente escolhida
por Deus para empenhar toda a sua vida no serviço aos pobres. "Estou feliz
de ter recebido a graça de ser chamada por Dei/s", Foi assim que, em 1987,
ano em que recebeu o sacramento da Crisma, pediu para iniciar o seu percurso
formativo na Companhia das Filhas da Caridade. íí Quero ter uma felicidade
celestial, transbordar de alegria e ajudar o próximo, ser incansável em fazer o
bem/\ Pouco a pouco, ia capacitando-se para a vida fraterna em comunidade e
para o serviço aos mais abandonados, edificando a todos com o seu testemunho de
autenticidade vocacional.
“O que mais impressionava suas companheiras e todos que se relacionavam com ela era a sua firmeza na vocação e o seu dom no serviço aos pobres"...
***
“Que alegria poder seguir Jesus! Que privilégio, que amor, é impossível
resistir a tanto bem" Beata
Lindalva
A 16 de julho de 1989, Lindalva,
juntamente com cinco companheiras, ingressa no Seminário (Noviciado), coração
da formação da Companhia e tempo privilegiado da intensidade espiritual. Foi o
dia mais feliz da sua vida, de acordo com o relato que fez à sua mãe.
"Vale a pena esforçar-se na procura de sua realização, consagrando a
própria vida, tornando-se Filha da Caridade. Custe o que custar, a felicidade
do Encontro com Deus será triunfante!”
Desde o dia 06 de abril de 2014, a Urna Relicária da Bem-Aventurada Lindalva encontra-se na capela a ela dedicada na rua do Salete, 47 Barris - Salvador BA
Sua missão
No dia 26 de janeiro de 1991, foi
enviada ao Abrigo Dom Pedro II, em Salvador (Bahia), assumindo a responsabilidade
de uma enfermaria no pavilhão masculino com aproximadamente 40 idosos. Todos se
sentiam iluminados pela contagiante alegria que brotava do seu coração e
reconfortados pelo bálsamo de sua caridade que se derramava, de um modo
especial, sobre os mais vulneráveis e esquecidos. Sua ternura no cuidado dos
idosos aliviava-lhes as dores e os consolava. Onde havia necessidade, lá estava
Irmã Lindalva com as mangas arregaçadas.
Era muito simples com todas as
pessoas; e, sobretudo, procurava o melhor para os seus pacientes.
A serenidade e a alegria que Irmã
Lindalva sentia nos seus afazeres em prol dos outros eram tamanhas que não
passavam despercebidas pelas outras Irmãs que estavam ao seu lado. Aqueles que
com ela conviveram falam da sua criatividade e do seu zelo no serviço aos
pobres, sempre à procura de caminhos novos para ajudar as pessoas a superarem a
dor, recobrarem a esperança e reencontrarem a alegria de viver
Seu cotidiano, fecundo por um visceral
amor ao carisma vicentino, era, para Lindalva, o lugar privilegiado do encontro
com Cristo.
Ela O encontrava no silêncio da
capela, na oração pessoal e comunitária, em sua meditação diária e,
particularmente, na Eucaristia; ela o encontrava nas idas e vindas do seu
serviço de amor, por entro os leitos de sua enfermaria, nos rostos sofridos dos
seus idosos. Foi ai, em seu ambiente de doação diária, que, naquela Sexta-feira
Santa, 09 de abril de 1993, sua vida foi impiedosamente ceifada e sua liberdade
amorosamente entregue nas mãos do seu Senhor.
Seu martírio
Naquela manhã, Lindalva sobe as
escadas como se fosse para o Calvário que havia contemplado na via-sacra que
acabara de celebrar. Cinge-se com o avental do seu serviço, como se estivesse
pronta para lavar os pés dos seus idosos, seguindo o exemplo do Mestre Jesus,
"que veio para servir" (Mt 20, 28). Poucos minutos depois, recebe o
terrível golpe que a prostra banhada em seu próprio sangue inocente, 44 fundas
chagas. Suas últimas palavras foram "Deus me proteja". E Deus a
protegeu, confirmando a oferta que fizera da sua própria vida para manter
ilibada a integridade da sua vocação, da sua consciência e do seu corpo.
Dom Lucas recolhendo as inspirações
que o nome de Lindalva encerra, prosseguiu: "Linda alva é a branca veste
que ela, como cada cristão, recebeu no seu batismo; Linda alva é o seu hábito
azul de Irmã de Caridade, agora alvejado no Sangue do Cordeiro (Ap 7, 14), ao
qual se misturou o seu sangue; Linda alva é a límpida aurora da Páscoa de
Jesus, que raiou para ela três dias depois da sua trágica Sexta-feira Santa.
Límpida aurora - linda alva - da sua própria Páscoa!" (Dom Lucas
Moreira Neves)
"À Irmã Lindalva, bastaram-lhe poucos anos de vida religiosa para coroá-la com o martírio, pois de martírio se trata, uma vez que ela simplesmente deu a vida, se não in odium fidei (por causa da fé), certamente como prova de grande amor a Deus e aos irmãos" (Dom Lucas M. Neves).
Oração para pedir graças e a Canonização
Bem-Aventurada Lindalva
Ó Deus, que infundistes no coração
de Lindalva a chama da caridade e da fidelidade à vocação junto aos mais
abandonados, concedei-nos a graça que vos pedimos (..) para que em breve seja
reconhecida oficialmente entre os santos do céu. Sua vida ganhou, numa sexta-feira
santa a coroa do martírio. Sua morte é a do justo e do inocente como a de
Cristo. Na hora do holocausto, doloroso, mas fecundo, ela se apresenta a servir
tal qual o Mestre que disse: "Não vim para ser servido, mas para
servir." Concedei-nos, Senhor, por intercessão da Bem-aventurada Lindalva,
novas e santas vocações para o serviço de Cristo nos pobres. Isto vos pedimos,
pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria e Gloria ao
Pai.
Informações e graças alcançadas por
intermédio da Beata Lindalva comunicar a Província das Filhas da Caridade do
Recife. Rua Henrique Dias,208, B. Boa Vista, Recife-PE. CEP.: 50070-140 ou a
qualquer Filha da Caridade no Brasil.